Política

AL-BA: Leão ignora acordo e quer PP na presidência para manter equilíbrio na base de Rui: "Não queremos outra secretaria"

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O desejo quebra um acordo selado entre o próprio partido - na figura de Leal - com o governador Rui Costa (PT) e o deputado Adolfo Menezes (PSD), a quem foi prometida a cadeira no próximo biênio  |   Bnews - Divulgação Arquivo BNews

Publicado em 27/08/2020, às 20h07   Redação BNews


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O vice-governador da Bahia, João Leão (PP), foi enfático sobre imbróglio envolvendo a presidência da Assembleia Legislativa (AL-BA): "o partido tem o interesse de manter a Assembleia Legislativa", disse, em entrevista à rádio Metrópole nesta quinta-feira (27).

A polêmica ocorre após o atual presidente da Casa, deputado estadual Nelson Leal (PP), afirmar, em entrevista ao jornalista José Eduardo, também na Metrópole, que quer continuar na cadeira de presidente. O desejo quebra um acordo selado entre o próprio partido - na figura de Leal - com o governador Rui Costa (PT) e o deputado Adolfo Menezes (PSD), a quem foi prometida a cadeira no próximo biênio.

"Eu não participei desse acordo. O nosso partido, nós não participamos. O senador Otto Alencar (PSD) também não participou. Então, nós não tínhamos acordo nenhum. Nós poderíamos ter agora um novo acordo. O PP quer realmente manter Nelson Leal ou outro companheiro à frente da Assembleia Legislativa", disse Leão.

Foi especulado na imprensa a possibilidade de Rui entregar a Secretaria de Relações Institucionais (Serin) ao PP - desocupada desde a saída de Cibele Carvalho para concorrer à prefeitura de Rafael Jambeiro -, mas Leão recusou o possível convite. 

"Nós não queremos outra secretaria [o vice-governador também é secretário de Desenvolvimento Econômico]. O partido não tá trocando absolutamente nada, não temos interesse nenhum em uma nova secretaria. O partido tem o interesse de manter a Assembleia Legislativa", afirmou o pepista.

Leão ainda fez uma analogia entre a base de Rui Costa e um tripé. Segundo ele, para manter a harmonia entre os partidos desse tripé -PP,PSD e PT-, é preciso que a cadeira da presidência da AL-BA continue com o partido.

"Pra nós mantermos o equilíbrio desse tripé, o PP tem que ficar com a AL-BA. Se quiserem continuar com Nelson Leal, pro partido seria o ideal, aí teria que votar uma [Proposta de Emenda à Constituição]PEC. Senão, vai ser no 'toma lá, dá cá. Vamos numa disputa aí, talvez. Precisamos chegar a um acordo, um denominador comum, como esse grupo sempre chegou.

Articulação discreta

Em julho, o BNews revelou uma articulação discreta, mas acelerada, tentando viabilizar condição para derrubar a PEC que impede a reeleição à presidência da AL-BA. Fontes internas revelaram à reportagem que a ideia do pequeno grupo que defende a tese e do próprio presidente Nelson Leal (PP) é tentar aprovar o texto ainda durante a pandemia do novo coronavírus, quando as atenções da imprensa e da sociedade estão majoritariamente dedicadas às questões de saúde.

Assim como fez em 2018, Leal tem cortejado a bancada de oposição para acrescer 18 votos às contas que tem feito com interlocutores. Entre os governistas, ele já adiantou conversas para ter apoio da bancada do PCdoB. Em troca, o PP apoia a pré-candidatura de Olívia Santana à prefeitura de Salvador.

Como não tem votos para decidir sozinha o jogo eleitoral da Casa, a oposição só deve se manifestar no final do ano, quando terá um horizonte mais claro sobre o futuro presidente. A minoria conseguiu negociar com Angelo Coronel em 2017, e renovou com Nelson Leal, o passe para gerenciar os cargos da Fundação Paulo Jackson, que cuida da TV AL-BA, e vai se mover para não perder a fatia.  

No início deste mês, o BNews também revelou que o governador Rui Costa sinalizou internamente a auxiliares a intenção de manter o acordo chancelado por ele em 2018 que prevê rodízio de aliados na presidência da AL-BA, começando por Nelson Leal (PP) no biênio 2019-2020, seguido por Adolfo Menezes (PSD), no período 2021-2022. 

"Acordo é acordo. Para se quebrar um acordo, só com um novo e esse novo não existe", disse a interlocutores.

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