Política

Conjuntura Atual: da urgência do "fecha tudo" às dificuldades estatísticas da pandemia

Divulgação
Análise e bastidores da política  |   Bnews - Divulgação Divulgação

Publicado em 02/03/2021, às 19h55   Luiz Fernando Lima


FacebookTwitterWhatsApp

Fecha tudo

Muito se discute sobre a decisão do governador Rui Costa e dos prefeitos baianos de estabelecerem o fechamento das atividades não essenciais primeiramente por dois dias, depois mais dois, em seguida pelo resto da semana. Em verdade, como bem define um estudioso das políticas públicas no Brasil: temos uma dificuldade de levantar dados estatísticos com precisão, nas diversas áreas, portanto, toda, ou quase toda a política pública, é feita na tentativa e erro. Este método além de não assegurar os resultados esperados, desgasta em muito as diretrizes políticas. O que deixa a população cada vez mais desconfiada sobre a competência dos gestores.


Não vem ao caso

Obviamente, não é o caso do controle da pandemia. De fato, o que se sabe é que o isolamento social é preponderante para o controle da disseminação. Contudo, não se pode ignorar o fato de que desde o início das medidas restritivas, há quase um ano, em nenhum momento se compilou dados e se estabeleceu políticas assertivas na área, por exemplo, dos modais de transporte público, que transitam abarrotados de trabalhadores todos os dias. Tampouco o crédito foi facilitado e bem orientado. Ao contrário, a impressão é que os bancos fizeram render para si o recurso destinado a quem mais precisa.


Emocionado

O governador Rui Costa chorou em entrevista ao jornal da Rede Bahia. Nenhum dos principais adversários políticos questionou a manifestação de tristeza do gestor baiano. Já o deputado Carlos Geilson (PSDB) tentou ironizar dizendo que não sabia se era impotência ou mea-culpa. Perdeu a oportunidade de silenciar em um momento grave. Vele lembrar que Geilson foi oposição ao petista, perdeu a eleição e virou aliado e quando viu a oportunidade de voltar para o mandato, aceitou retornar para a oposição. Meio confuso e um tanto quanto inoportuno.


Aula

Sobre o que deve ser feito: “na segunda guerra mundial quando o exército alemão invadiu algum país europeu, você acha que o governante do país não chegou para o general dele e falou, olha, você que é das forças armadas, o que eu faço agora? É a mesma coisa, a ciência são as forças armadas da pandemia, da guerra da pandemia. Então, não é a questão de a ciência querer se sobrepujar a democracia, passar por cima, tomar conta, nada disso. É que neste instante só tem um lugar para correr, para ouvir que fazer”.

As aspas são de Miguel Nicolelis, em entrevista à CNN. Ele é neurocientista, apaixonado pelo Brasil! Em seu perfil do Twitter ainda se diz palmeirense, mas este detalhe a gente deixa de fora!


Aula dois:

“É uma questão de bom senso, o dinheiro tem que ser orientado para onde é mais útil. Quando se repassa para as famílias, por exemplo. O ponto de orientação é o seguinte: o que que melhora o bem-estar das famílias. Coincide o bem-estar das famílias com a dinamização da economia, porque justamente a base da população consome e gera os recursos públicos correspondentes. Este ciclo não é muito complexo. Agora, no Brasil se vendeu às pessoas que economia só economista que entende. É o nosso dinheiro. Deixar estes economistas, dos seus grupos financeiros, explicar para a gente porque que é bom eles se entupirem de dinheiro, francamente, é acreditar em conto de fada”.

A declaração é de Ladislau Dowbor. Ele é economista e professor titular de pós-graduação da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Foi consultor de diversas agências das Nações Unidas, governos e municípios, além de várias organizações do sistema “S”. Autor e co-autor de cerca de 40 livros.


Junção

Quatro entidades do comércio estão alinhadas em busca de articular junto aos governos federal, estadual e prefeituras medidas que possam mitigar os efeitos da pandemia e das restrições impostas pelo poder público. Fecomercio, CDL, Associação comercial e FCDL estão nesta empreitada. De acordo com Carlos Andrade, presidente da Fecomercio, há uma compreensão de que a prioridade é a vida humana, depois é preciso cuidar dos empregos e também das empresas. “É preciso acelerar a distribuição do auxílio e mudar a política dos bancos. O dinheiro não chega às micros e pequenas empresas. Banco não tem coração, tem cofre”, afirma Andrade.

Política partidária

Depois que ACM Neto, presidente do Democratas, não descartou marchar com Bolsonaro em 2022, tem partido aliado do ex-prefeito aberto ao retorno à base, ou agrupamento, petista. Nas teleconferências do plenário Cosme de Farias o assunto é corrente. E do líder, Geraldinho, não se ouve nenhuma negativa. Bem da verdade, não se ouve também afirmativa.


Política administrativa

Nos bastidores e grupos do WhatsApp corre a informação que dois representantes de setores construtivos próximos ao prefeito Bruno Reis podem entrar em rota de colisão. O conflito está sendo adiado pelo avanço do covid-19. Quando a máquina começar a rodar sem o foco na pandemia é que as coisas tendem a ruir. Ao menos, é o que dizem, ou melhor, escrevem, os observadores.


Fazendo aposta

Só para deixar o registro para depois escrever “Como antecipado pelo Conjuntura Atual”: quem apostar na briga do consórcio Jaques Wagner, Rui Costa, Otto Alencar e João Leão vai perder. Os quatro estarão juntos onde cabe três.


Minha casa, sua vida

Rachando o bico está o filho do presidente Jair Bolsonaro, o senador Flávio Bolsonaro. Segundo ele, o dinheiro da venda da fantástica fábrica de chocolate (uma loja da Kopenhagen comprada com dinheiro sem comprovação) e de imóvel no Rio de Janeiro (que continua no nome dele e da esposa) serviu para comprar a mansão de R$ 6 milhões em Brasília. Pode até não ser uma operação financeira desonesta, mas que cheira mal, isso cheira!

Luiz Fernando Lima é jornalista, especialista em cobertura política. Foi editor do BNews, colunista do jornal A Tarde, além de trabalhar em assessorias de comunicação no setor público e privado. Escreve a coluna Conjuntura Atual toda terça-feira no BNews.

Classificação Indicativa: Livre

FacebookTwitterWhatsApp