Política

CPI da Covid: Em bloco, senadores aprovam convocação de assessor sobre Covaxin

Agência Senado
Somente o requerimento para quebra de sigilo da Assessora Especial da Secretaria de Assuntos Parlamentares da Presidência  |   Bnews - Divulgação Agência Senado

Publicado em 23/06/2021, às 11h45   Luiz Felipe Fernandez


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Em sessão novamente marcada por muito bate-boca entre os senadores governistas e de oposição, 57 requerimentos para convocação, convites e quebras de sigilo foram aprovados pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid nesta quarta-feira (23). O depoimento do sócio da empresa Precisa Medicamentos, Francisco Maximiano, foi adiado. A sua defesa informou que ele voltou da Índia no último dia 15 e está de quarentena.

Somente o requerimento do vice-líder da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que pedia a quebra de sigilo de Thaís Amaral Souza, Assessora Especial da Secretaria de Assuntos Parlamentares da Presidência da República, foi rejeitado.

O senador Marcos Rogério (DEM-RO) pediu que somente após o depoimento de Thaís, seja votado uma possível quebra de sigilo contra ela. Outros senadores governistas tentaram que a condição fosse imposta para outros membros da CPI, mas foi rechaçada pelo presidente Omar Aziz (PSD-AM).

Entre os pontos aprovados estão a convocação do tenente-coronel Alex Lial Marinho, requisitada pelo senador baiano Otto Alencar (PSD). Assessor de Eduardo Pazuello no Ministério da Saúde, ele foi citado em um depoimento de um servidor que diz ter sido pressionado para acelerar a liberação da vacina Covaxin, adquirida pelo governo Bolsonaro por um sobrepreço de 1000%.

Os itens 9 e 10 da pauta da reunião desta quarta-feira também foi motivo de discussão entre os parlamentares. Um deles pedia a auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU) pela realização das "motociatas" capitaneadas pelo presidente Jair Bolsonaro, que promove aglomeração e aparece publicamente sem máscara de proteção essencial contra a Covid-19. 

O item 10, também aprovado, requer a diligência para que o ex-governador Wilson Witzel (PSC) possa ser ouvido pela CPI em uma sessão reservada. O requerimento foi alvo da contestação dos senadores apoiadores do Planalto. Luís Carlos Heinze (PP-RS) foi um deles, que chamou o ex-governador de "criminoso" e disse ser um absurdo que a CPI se mobilize para ouvir o seu depoimento que veio em um momento conveniente para ele.

Randolfe Rodrigues e o presidente Omar Aziz responderam que Witzel alegou que sofre constantes ameaças e por isso precisava do direito de depor em segredo. O vice-líder da Oposição no governo ironizou e disse que o depoimento de Witzel pode ser uma "colaboração premiada" e negou que os senadores tenham que viajar até o Rio de Janeiro para colher o seu depoimento.

"Quem disse que alguém vai para o Rio de Janeiro? Primeiro vota o requerimento, depois vê onde vai ser", retrucou Aziz, que depois brincou dizendo que se continuasse a polêmica, levaria a oitiva para o seu estado, o Amazonas.

Eliziane Gama, senadora do Cidadania-MA, provocou os senadores bolsonaristas. Ela lembrou que os mesmos que condenavam o depoimento de Witzel são os que tentam a todo custo pedir a convocação dos governadores.

A CPI também decidiu pelo convite a representantes de Facebook, Twitter e Google, para explicar as políticas de regulação de notícias e as sanções impostas a autoridades públicas pelo compartilhamento de notícias falsas relacionadas à pandemia, como ocorreu com o próprio presidente do Brasil, Jair Bolsonaro.

ADIAMENTO

Após as manifestações dos governistas, principalmente de Eduardo Girão (Podemos-CE), que como de praxe usou o seu direito de fala para pedir a convocação de nomes envolvidos nas negociações fracassadas por respiradores no Nordeste, como o ex-titular da Casa Civil da Bahia, Bruno Dauster, e o secretário-executivo do Consórcio do Nordeste, Carlos Gabas, o senador Randolfe Rodrigues anunciou que vai pedir o adiamento da CPI.

O vice-presidente da CPI afirmou que vai protocolar o requerimento nesta quinta-feira (24).

Com dois meses de andamento e somente mais um mês previsto no prazo determinado de 90 dias, a Comissão pode votar ainda nesta semana a sua prorrogação.

Randolfe argumentou que para atender o pedido dos senadores que querem ampliar o espectro da CPI para supostos desvios nos estados e municípios, seria fundamental conseguir o adiamento.

O senador Marcos Rogério rebateu e disse que a justificativa "não era honesta", o que causou desconforto no ex-governador do Amazonas, Omar Aziz.

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