Política

João Leão confirma que PP continuará com PT na Bahia e cobra espaço para partidos aliados

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Vice-governador afirmou desconhecer filiação de Bolsonaro ao partido   |   Bnews - Divulgação João Brandão/BNews

Publicado em 23/07/2021, às 14h02   João Brandão* e Marcio Smith


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João Leão, vice-governador da Bahia e vice-presidente nacional do PP, reafirmou que o partido continuará a integrar o arco de alianças do PT na Bahia, mesmo após o senador Ciro Nogueira (PP-PI), presidente nacional da legenda, aceitar a assumir a Casa Civil no governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Virtual pré-candidato ao Palácio de Ondina, Leão cobrou que os partidos aliados ao PT tenham espaço no arranjo da base para o pleito de 2022.

"Nós temos responsabilidade estamos juntos com o PT, PSD, PCdoB, PSB e todos os partidos que compõem a base, e não pretendemos sair. Nós pretendemos que esses partidos se juntem, não pode ser tudo PT, né? Nós vamos discutir, conversar e dar uma vez para um dos partidos aliados para estar na cabeça de chapa", afirmou o vice-governador.

A construção da chapa para 2022 é um processo que está sendo trabalhado na base do governador Rui Costa (PT). O senador Jaques Wagner (PT) é o nome petista para integrar a cabeça de chapa, o PP almeja lançar João Leão como candidato do grupo, e o PSD tem o senador Otto Alencar como virtual pré-candidato, contudo o pessedista deve concorrer a reeleição no Senado Federal.

"Eu fico muito feliz, quero complementar todas as obras que fiz como deputado, vice. Eu quero complementar tudo isso como governador, para que a Bahia possa ir para um lugar de destaque no Brasi", declarou Leão ao ser questionado sobre ser o indicado do PP para o pleito.

Além das virtuais pré-candidaturas da base aliada, ainda há o ex-prefeito de Salvador ACM Neto (DEM) e João Roma (Republicanos), ministro da Cidadania que busca emplacar como candidato de Bolsonaro na Bahia. Rompidos publicamente desde que Roma assumiu o ministério, os antigos aliados buscam representar a oposição na disputa pelo governo do Estado. 

A pesquisa do instituto Real Time Big Data, encomendada pela Record TV Itapoan, mostrou o demista na liderança com 41%, o senador Jaques Wagner com 27% e Roma na terceira posição com 4%. O ministro também está em terceiro quando o apoio presidencial é levado em consideração. Roma, com apoio do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) pontua 15%; Neto, ao lado de Ciro Gomes (PDT) tem 35%; enquanto Wagner, com apoio do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), tem 29%. 

Alianças do PP

O vice-presidente nacional da legenda voltou a negar que ocorram conversas para filiação de Bolsonaro. Sem partido desde que deixou o PSL, o presidente ainda não decidiu a qual partido irá se filiar para  disputar o pleito em 2022 e o PP é apontado como possível destino.

Ao ser questionado pela imprensa sobre o assunto, Leão garantiu não ter conhecimento de conversas sobre o ingresso do presidente no partido. Ainda relacionado ao PP e o governo Bolsonaro, o pepista destacou que o senador Ciro Nogueira o ligou para discutir sobre o convite para Casa Civil.

"O senador Ciro Nogueira me ligou, perguntando minha opinião sobre assumir a Casa Civil, eu disse que isso era uma coisa íntima dele. Ele decidiu por assumir, vamos tocar o barco para ver o que acontece", complementou. 

Filho de João Leão, o deputado federal Cacá Leão (PP-BA) reafirmou que uma eventual filiação do presidente não foi discutida na legenda. "Primeiro que não trabalho ainda com essa hipótese, possibilidade de o presidente Bolsonaro se filiar ao PP, isso ainda não foi cogitado, não foi discutido", declarou o parlamentar. 

O deputado estadual Niltinho (PP) avaliou que o partido assumir um ministério na gestão Bolsonaro não implica em mudança na relação da legenda com o PT baiano. "O histórico do PP mostra que o partido dá liberdade para que cada Estado seja definido à conjuntura - ou que já está ou, é lógico, se remodelar. Não vejo sentido nessa preocupação neste momento [...] Acho prematuro imaginar que nesse momento o PP irá fazer qualquer mudança, ainda mais quando você está em um ambiente onde há harmonia, em ambiente no qual o grupo sempre marchou unido nos últimos anos conquistando diversas vitórias", afirmou Niltinho.

O senador Jaques Wagner avaliou que a costura nacional do PP não interfere na relação do partido na Bahia. Wagner destacou que a perspectiva é de que o PT consiga manter a sua base de apoio, e reforça que é preciso aguardar até 2022 para ver como o PP vai se comportar: se vai fechar o apoio a Bolsonaro ou dar "liberdade" aos correligionários.

Aliado do PT baiano, o deputado federal Marcelo Nilo (PSB) afirmou acreditar que Bolsonaro deve se filiar ao PP para disputar a reeleição em 2022. Experiente na vida política, Nilo avaliou que o jogo eleitoral na Bahia só terá início de fato quando o PP definir o que fazer.

"Acho que nosso candidato ao Senado será Otto [Alencar, do PSD] e nosso governador Jaques Wagner (PT). A vice vai depender do PP. Bolsonaro, Ciro Nogueira, permitiriam que o PP apoiasse Lula?", indagou o pessebista. 

Questionado sobre a possibilidade de pleitear a vice na chapa pelo governo Estadual, Nilo ponderou que, em caso de desembarque do PP, o PSB teria preferência. Nesse contexto, o nome dele ou da também deputada Lídice da Mata, presidente estadual da legenda, seriam cotados.

A deputado federal indicou que o caminho mais justo para acomodar todos da base seria resguardar a candidatura à presidência da Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA) ao partido que não compor a chapa majoritária.

"Acho que o PSB pode significar um acréscimo de valor à chapa, sim, mas não estamos preocupados nem discutindo isso, não acho que devemos fazer campanha para ser vice. Nossa estratégia está sendo montada para reeleger deputados e crescer [...] se o PSB não está na chapa majoritária, defendemos que na primeira eleição o partido seja proritariamente a ser apoiado", afirmou.

*O repórter viajou para Itaberaba a convite do Governo do Estado

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