Política

CPI da Covid: Lobista diz não conhecer "nenhum senador" e se cala sobre conversa com Roberto Dias

Pedro França/Agência Senado
Bnews - Divulgação Pedro França/Agência Senado

Publicado em 15/09/2021, às 12h39   Redação BNews


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Apontado pelas investigações como lobista da Precisa Medicamentos que atuou junto ao Ministério da Saúde, Marconny Nunes de Faria disse não conhecer "nenhum senador", após ser confrontado pelos titulares da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid.

Mensagens reveladas pela Comissão e obtidas por meio de quebra de sigilo mostram uma conversa de Marconny com Roberto Ferreira Dias, ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde acusado de pedir propina para negociar vacinas contra a Covid-19. 

“Não conheço nenhum senador. Não sei quem é”, respondeu o depoente ao ser questionado pelo senador Fábio Contarato (Rede-ES).

Marconny também exerceu o direito de permanecer em silêncio quando o vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rde-AP), perguntou dos detalhes da conversa em que ele diz que iria procurar um senador para "desatar os nós".

“É em uma conversa do senhor com Ricardo Santana. O senhor diz que ‘Bob [Roberto Dias] estaria naquele dia às 20h com um senador pra desatar os nós’ E agora o senhor não lembra?”, indagou Randolfe.

A senadora Leila do Vôlei (Cidadania) interveio e disse que irá pedir ao Senado Federal o registro de visitas do gabinete de todos os parlamentares, para tentar encontrar algum registro que ligue a Marconny.

No seu discurso inicial, o depoente negou que seja um "lobista" e disse "constrangido" com as investigações contra ele abertas pela CPI. Ele lamentou as conversas vazadas após ter seu celular apreendido pela Polícia Federal e que a acusou a apreensão de ter sido "ilegal", segundo informações da CNN Brasil. 

Marconny garantiu que não intermediuo a compra de vacinas pela Precisa, mas que foi "sondado" para prestar assessoria jurídica e técnica para a empresa na "licitação de testes rápidos" de detecção do coronavírus. No fim das contas, disse, o Ministério cancelou a aquisição dos testes e nenhum valor foi gasto pelo governo.

"“Nunca me envolvi em compra de vacinas. No inicio da pandemia, fui sondado pra assessorar juridicamente e tecnicamente a Precisa em uma licitação de testes rápidos [...] Não houve pagamento de valores a mim ou qualquer outra pessoa, e eu não fui contatado para prestar nenhum outro serviço à Precisa”, alegou.

ATESTADO MÉDICO

O presidente da CPI, Omar Aziz, confrontou Marconny sobre o atestado médico que apresentou para não comparecer ao depoimento marcado inicialmente. No mesmo dia, o médico do hospital em que foi atendido entrou em contato com os senadores e admitiu a desconfiança de que tivesse sido enganado pelo lobista.

Segundo Marconny, ele teve um "colapso nervoso e físico" pela situação atípica que está vivendo nos últimos meses.

“Para uma pessoa que não está acostumado a viver algo assim eu tive um colapso nervoso e físico. Tive que me preparar muito fisicamente e psicologicamente pra estar aqui. Sobretudo por não ter feito nada de errado”, justificou.

Mesmo após suspenso o atestado, Marconny não compareceu ao depoimento que havia sido remarcado para o dia 2 de setembro, o que fez com que Aziz pedisse ao STF a condução coercitiva do depoente.

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