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Não sou malvadão e não quero aumentar preço de nada, diz Bolsonaro

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Publicado em 25/10/2021, às 17h48   Folhapress


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Diante do avanço da inflação, principalmente dos combustíveis, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou nesta segunda-feira (25) que não é "malvadão" e que não quer "aumentar o preço de nada". Apesar disso, o mandatário reconheceu, em entrevista a uma rádio do Mato Grosso do Sul, que devem ocorrer novos reajustes nos preços dos combustíveis.

"Alguns me criticam, o preço do combustível, o preço do gás. Eu não sou malvadão, eu não quero aumentar o preço de nada. Mas não posso interferir no mercado. Se pudesse, iriam dizer que eu queria interferir no preço da carne que vocês produzem no Mato Grosso do Sul", afirmou Bolsonaro.

Em outro trecho da mesma entrevista, Bolsonaro afirmou que não é preciso ter "bola de cristal" para saber que haverá novos aumentos dos combustíveis no país.

"Está para ocorrer outro aumento do combustível. Porque isso daí não tem que ter bola de cristal, é só ver o preço do dólar aqui dentro e o preço do barril lá fora. A legislação garante à Petrobras esse reajuste imediato. E não há interferência minha nesse caso", declarou.

O aumento dos preços é avaliado por auxiliares palacianos como um dos principais obstáculos para a campanha de reeleição de Bolsonaro.

O presidente também responsabilizou o relatório da CPI da Pandemia por, segundo ele, "prejudicar o ambiente de negócios" e ser um fator da alta do dólar.

O relatório final da CPI, apresentado pelo senador Renan Calheiros (MDB-AL), sugere que Bolsonaro seja indiciado sob as acusações, dentre outras, de prevaricação, charlatanismo, crimes contra a humanidade e de responsabilidade.

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"Há uma repercussão negativa forte fora do Brasil, sabemos disso. Me rotulam como genocida, curandeiro, falsificador de documentos, exterminador de índios. É um absurdo o que esses caras [senadores] fizeram, tem repercussão fora do Brasil. Prejudica nosso ambiente de negócios, não ajuda a cair o preço do dólar, leva uma desconfiança para o mundo lá fora", disse Bolsonaro.

"Há um estrago feito por parte da CPI, que atrapalha todos nós. Isso reflete quando você fala em dólar, aumento de combustíveis", complementou.

Na entrevista, o presidente reafirmou que o governo deve lançar um programa social para pessoas de baixa renda que garanta ao menos R$ 400 por família.

O Auxílio Brasil deve substituir o Bolsa Família.

Referindo-se a apelos pela extensão do Auxílio Emergencial, Bolsonaro disse que o país atingiu o limite da sua capacidade de endividamento.

"A nossa capacidade de endividamento ultrapassou do limite, estamos no limite do limite. Vamos atender sim o pessoal do Bolsa Família -que agora se chama Auxílio Brasil, mudou de nome- com R$ 400 por mês e ponto final. É onde pudemos chegar. A média do Bolsa Família ainda é R$ 192, estamos dobrando este valor, fazendo o possível", disse.

Para acomodar o aumento das despesas no próximo ano com o programa social turbinado, o governo propôs uma manobra que dribla o teto de gastos.

O objetivo da proposta é abrir um espaço orçamentário por meio de uma mudança na forma de corrigir anualmente a regra fiscal. A partir da alteração, será criado espaço nas contas do governo em 2022, com uma elevação de R$ 30 bilhões no teto.

O dinheiro será usado para turbinar temporariamente, até o fim do ano que vem, o Auxílio Brasil.

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A medida, associada à limitação de precatórios, deve criar uma margem total de R$ 83 bilhões nas contas no ano das eleições. Parte do dinheiro deve ser deslocado para pagar emendas parlamentares -recursos direcionados pelos deputados e senadores a obras e projetos em suas bases.

A decisão, que teve o aval do governo e do ministro Paulo Guedes (Economia), levou a um pedido coletivo de demissão de quatro secretários responsáveis por comandar a área que controla o cofre do governo, a Secretaria Especial do Tesouro e Orçamento.

Na entrevista desta segunda, Bolsonaro queixou-se ainda da decisão da China de não aceitar a entrada de carne brasileira em seu mercado por causa de dois casos atípicos da doença da "vaca louca".

"[O preço da carne] que caiu agora pouco mais de 10% o preço da arroba, tendo em vista que a China está há três, quatro semanas sem receber carne de nós. Por conta de uma notícia, no meu entender fraudulenta, mentirosa, de uma vaca louca em Minas Gerais", disse.

"Temos sim muita carne presa em frigoríficos, navios, até em portos chineses, que não vem para o mercado interno. Até pela questão de corte e congelamento, que não é aceita pelo mercado interno".

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