O clima tenso marcou o início da tarde desta terça-feira (8), na Assembleia Legislativa da Bahia (Alba), após haver o embate entre o presidente da Casa, Marcelo Nilo e o deputado Estadual Capitão Tadeu (PSB). Hoje, os parlamentares trouxeram à tona as acusações e defesas sobre a
denúncia de desvio de funções na Alba, revelada com exclusividade pelo site
Bocão News no mês passado.
Após sete anos, Nilo subiu à Tribuna e discursou como deputado. Segundo ele, uma CPI não será instaurada conforme pedido feito por Tadeu, já que "quem instaura são só os deputados. Pegaremos as denúncias e iremos montar uma comissão com três parlamentares", afirmou o presidente, reforçando ainda que Tadeu pode escolher um desses parlamentares.
Em contrapartida, Capitão Tadeu reafirmou todas as denúncias e ressaltou ter recebido o apoio de outros parlamentares. Porém, Nilo o desafiou, querendo saber quem são estes deputados e cobrou nomes, que não foram expostos pelo 'rival'. Nilo apresentou
as mesmas fotos já entregues ao Bocão newsnas quais, segundo o presidente, há a relação entre o subtenente que fez as denúncias e Capitão Tadeu. Já o deputado, rebateu Nilo e disse que sofreu represália ao ser afastado da Comissão de modernização da PM na Bahia.
Na manhã de hoje, durante entrevista a uma rádio local, Tadeu afirmou que "se na CPI ficar comprovado que tenho alguma responsabilidade sobre desvio de função, eu renuncio. Se ficar comprovado que Marcelo Nilo é o responsável, proponho que ele renuncie ao mandato”.
Nilo x TadeuDesde que o site Bocão News divulgou, com exclusividade, a denúncia sobre um suposto desvio de funções que ocorre na Assembleia Legislativa da Bahia (Alba), a origem das discussões que trouxeram à tona as acusações fica ainda mais evidente. Isso porque, a denúncia foi feita pelo sub-tenente Evaldo Silva, que no último dia 26, trouxe à redação do Bocão News documentos que revelam uma ação praticada por polciiais militares que deveriam prestar serviços à Alba, mas que exercem outra função, cujo custo da atividade é pago com dinheiro público. Entre estas funções exercidas pelos PMs estão as de secretários de gabinetes, motoristas e seguranças particulares. 
Indo mais além, o oficial - que foi devolvido ao Comando há dez 10 pelo presidente da Alba, Marcelo Nilo - afirma ainda que parlamentares estão envolvidos na prática, além de apontar Nilo e um coronel como principais representantes da ação.
Policiais e áreas ditas como desvio de função>>
1 na área Financeira
1 na Presidência
1 na área da Saúde
1 fantasma
1 no setor de Transparência
3 capitães
1 com deputado Coronel Gilberto Santana - TRABALHA NO GABINETE
1 com deputado Carlos Gaban - TRABALHA COMO SEGURANÇA PARTICULAR
1 com deputado Ângelo Coronel - TRABALHA NO GABINETE
1 com deputado Elmar Nascimento - TRABALHA COMO MOTORISTA
1 com deputado José de Arimateia - TRABALHA NO GABINETE
1 com deputado Reinaldo Braga - TRABALHA COMO SEGURANÇA PARTICULAR
1 com Maria Luiza - TRABALHA COMO MOTORISTA
O sub-tenente que fez as denúncias é o coordenador da Ong Observatório de Cidadania, instituição idealizada pelo deputado estadual Capital Tadeu (PSB).
Por ser um representante da categoria, quando foi formada a Comissão de modernização da PM na Bahia, em junho deste ano, o próprio presidente indicou Tadeu para representar a Alba. A comissão é um grupo de trabalho que realiza estudos e apresenta propostas para a reestruturação da Polícia Militar. Os membros foram empossados por Jaques Wagner, governador do estado, em cerimônia realizada na Governadoria. O coordenador do grupo é Secretário de Segurança Pública, Maurício Barbosa, que tem o apoio do coronel Carlos Sebastião Eleutério, da Polícia Militar; de Clarissa Costa de Almeida, da Casa Civil; de Adriano Tadeu Oliveira, da Secretaria de Administração; além da procuradora Maria do Carmo Freaza, da Procuradoria Geral do Estado; e representantes da Assembleia Legislativa da Bahia. Formam a comissão representantes da Associação dos Oficias da Polícia Militar da Bahia (AOPMBA), da Associação dos Oficiais Auxiliares da Polícia Militar (AOAPM), da Associação de Policiais e Bombeiros e de seus Familiares do Estado da Bahia (Aspra), da Sociedade Beneficente dos Sargentos da Polícia Militar (SBSPM) e da Associação de Praças da Polícia Militar do Estado da Bahia (APPMBA). O projeto está previsto no decreto de número 14.460, de maio de 2013, alterado em 29 de maio do mesmo ano pelo decreto de número 14.502.
Porém, após o Bocão News estourar as denúncias, Capitão Tadeu foi afastado do grupo de trabalho da comissão. O deputado confessou ao jornal Tribuna da Bahia surpresa com a suposta reação do pedetista, contudo destacou que o distanciamento do GT não irá atrapalhar o seu trabalho. “Estamos unidos desde maio discutindo vírgula por vírgula a atuação da PM. Vou continuar participando dos debates, apenas não vou assinar as atas”, afirmou. Diante da represália, as associações reunidas ameaçaram sair do grupo até que o parlamentar seja reabsolvido ao posto. O socialista, pré-candidato a uma vaga para a Câmara Federal, e o vereador Prisco (PSDB), com postulação para a Assembleia, estariam unidos às bandeiras dessas entidades para evitar incorreções na atividade dos policiais.
Já Marcelo Nilo, negou que o afastamento de Capitão Tadeu tenha sido em revanche às denúncias, mas deixou claro o clima de desavença. “Não foi retaliação, mas pedi sua saída (fui eu quem o indiquei) porque perdi a confiança nele”, justificou. Questionado mais sobre o assunto, o pedetista disse que não havia outra saída, pois “Tadeu joga contra a Assembleia. Eu não posso permitir que ele seja o dono da Polícia na Assembleia”. Ele também acusou o socialista de se aproveitar das relações mais próximas com os policiais. “Estavam viajando com ele, indo para Brasília, deixando de trabalhar e sem comunicar. Tenho provas de policiais a serviço dele”, disse à Tribuna da Bahia, se referindo também ao subtenente Euvaldo Silva. Conforme Nilo, todas as denúncias foram “erradas”.
A secretaria de Segurança Pública do Estado da Bahia (SSP), por meio da assessoria, informou ao Bocão News que o secretário Maurício Teles Barbosa, que coordena a Comissão, "não têm gerência sobre isso (referindo-se ao afastamento do Capitão Tadeu do grupo)". Conforme a SSP, as organizações são que indicam e escolhem seus representantes.
