Política

Abin se torna alvo da Polícia Federal; entenda

Carolina Antunes / PR
A Abin teria produzido dossiês sobre adversários políticos do ex-presidente Jair Bolsonaro  |   Bnews - Divulgação Carolina Antunes / PR

Publicado em 03/11/2023, às 08h33   Cadastrado por Edvaldo Sales



A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) se tornou alvo da Polícia Federal por suspeita de produzir durante o governo de Jair Bolsonaro (PL) dossiês sobre adversários políticos do ex-presidente. A investigação ocorre no âmbito do inquérito que apura a suspeita de uso ilegal do software de espionagem First Mile por servidores da Abin.

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A PF apura se os supostos dossiês foram produzidos a partir de dados obtidos por meio do First Mile em combinação com outras ferramentas da agência. De acordo com a coluna de Juliana Dal Piva, do UOL, dois agentes da Abin relataram que tiveram conhecimento da produção de relatórios cujos alvos eram integrantes do PT e do PCdoB. O foco de um dos documentos foi um dos atuais ministros do presidente Lula (PT).

O UOL teve acesso a dois desses documentos. Um deles possui quatro páginas e o outro, cinco.  Nenhum deles está timbrado. Segundo os agentes, isso foi proposital porque eles foram feitos sem justificativa, com desvio de finalidade e em meio a outros solicitados legalmente pela Casa Civil do governo Bolsonaro durante a gestão do general Braga Netto. Conforme a reportagem, o alvo é inicialmente qualificado com seus dados pessoais, como CPF e a data de nascimento.

Além disso, é relatado se o alvo tem dívida ativa com a União, um resumo dos processos na Justiça Eleitoral, Tribunal de Contas da União (TCU) e Supremo Tribunal Federal (STF). Tem também uma análise sobre doações de campanha e escândalos na imprensa.

A coluna informa ainda que, de acordo com agentes da Abin, esse primeiro documento seria produzido com ferramentas internas para rastreio em fontes abertas e, posteriormente, repassado ao Palácio do Planalto.

Uma das linhas da PF investiga uma possível combinação de ferramentas na Abin para a produção de dossiês utilizando tanto dados abertos como os obtidos por meio do First Mile, por exemplo. A PF disse que o software da empresa Cognyte foi usado sem aval da Justiça para espionar integrantes do Judiciário, jornalistas e adversários de Bolsonaro entre 2019 e 2021.

Alexandre Ramagem, ex-diretor da Abin, disse, em nota, que promoveu apuração interna para sanar irregularidades.

Essas ferramentas eram de uso e gestão exclusiva do departamento de operações. Nossas correições é que demonstraram e impuseram, inclusive com corregedoria, aprimoramento de controle para não haver irregularidades. Fizemos controle de conformidade com servidores da CGU [Controladoria-Geral da União], exoneramos o chefe do departamento e encaminhamos a análise do contrato e procedimentos à corregedoria”.

Classificação Indicativa: Livre

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