Política

Battisti chama Lula de cínico e culpado por eleição de Bolsonaro; leia trechos

Foto Lula: Ricardo Stuckert/Divulgação | Foto Battisti: Arquivo/Agência Brasil
Ex-terrorista Cesare Battisti deu entrevista pela primeira vez desde que voltou à Itália, há três anos e meio  |   Bnews - Divulgação Foto Lula: Ricardo Stuckert/Divulgação | Foto Battisti: Arquivo/Agência Brasil

Publicado em 22/06/2022, às 07h19   Lucas Ferraz/Folhapress ​


FacebookTwitterWhatsApp

Da prisão calabresa de Corigliano Rossano, pouco antes de iniciar uma segunda greve de fome desde que está detido, o ex-terrorista Cesare Battisti mandou uma carta à mão: "Há muita coisa para esclarecer, outras a desmentir. Inclusive algumas declarações falsas do Lula".

Era abril de 2021 e o preso do sistema carcerário italiano que por mais tempo driblou o Judiciário do país concordava em se corresponder para falar sobre o final de sua longa epopeia, encerrada naquela ocasião havia mais de dois anos devido à mudança de vento no Brasil, antes com Michel Temer (MDB), depois com Jair Bolsonaro (PL).

O Brasil foi sua casa por 14 anos graças principalmente ao empenho de Lula e do PT, que compraram uma briga internacional para dar abrigo ao ex-integrante de um grupo terrorista de esquerda condenado por quatro homicídios ocorridos no chamado anos de chumbo da Itália, entre o final dos anos 60 e o início dos 80 do século passado.

Battisti reconhece que o partido e seu líder-maior fizeram muito por ele, mas se sente descartado. Seu incômodo e a disposição para falar a respeito surgiram após o pedido de desculpas do ex-presidente em rede nacional na Itália, no ano passado, quando reconheceu o erro de tê-lo mantido no Brasil.

"Todos sabemos que Lula é capaz de tudo para colocar de novo a faixa de presidente. O animal político que nunca se contradiz. Aconteceu também comigo de admirar seu cinismo político (no sentido vulgar do termo) e o extraordinário jogo de cintura", disse.

Aos 67 anos e com poucas chances de aliviar –no curto prazo– a pena de prisão perpétua, Cesare Battisti concede uma entrevista pela primeira vez desde que voltou à Itália, há três anos e meio. A Folha a publica com exclusividade.

O ex-presidente Lula, por meio da assessoria, reafirmou o dito na entrevista: a partir da confissão dos crimes, o entendimento sobre seu refúgio passa a ser outro.

Battisti culpou o "extremismo idiota que impede o bom senso" e a "guinada desonesta" da esquerda como um dos fatores para a vitória de Bolsonaro.

"Se Lula e o PT não tivessem comido tudo, se não tivessem feito acordo com todo o lixo do centrão, o povo brasileiro não teria desistido para correr atrás de Bolsonaro".

Leia mais

Cesare Battisti contou que ainda sonha em português e se mostrou preocupado com as notícias brasileiras.

Na correspondência, ele perguntou em alguns momentos sobre as recentes pesquisas eleitorais, as chances de Lula voltar novamente ao Palácio do Planalto e expressou temor com a possibilidade de atos de violência nas eleições por parte de milícias bolsonaristas, em especial ao ler sobre a proliferação de armas no Brasil e sobre o crescente apoio dos militares aos projetos antidemocráticos de Bolsonaro.

"Me dói ler e ouvir o que acontece nesse grande país. Por raiva, alguém pode dizer: ‘vocês votaram no fascista, agora aguentem’. Mas sabemos que isso é uma idiotice. No desespero, o povo torna-se manipulável e cego. Temo que para colocar fora do jogo essa canalha ocorrerá uma desgraça".

Siga o Tiktok do BNews e fique por dentro das novidades.

Classificação Indicativa: Livre

FacebookTwitterWhatsApp