Política

Ex-vice-líder de Bolsonaro flagrado com dinheiro na cueca negocia filiação ao PSB de Alckmin

Jane de Araújo/Agência Senado
Integrantes do PT dão como certa a mudança de partido do parlamentar  |   Bnews - Divulgação Jane de Araújo/Agência Senado

Publicado em 19/01/2023, às 19h45   Thaísa Oliveira/ Folhapress


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Ex-vice líder do governo de Jair Bolsonaro (PL) no Senado, o senador Chico Rodrigues (União Brasil-RR) virou alvo de disputa entre partidos e negocia a ida para o PSB, sigla do vice-presidente da República, Geraldo Alckmin (PSB).

Hoje na União Brasil, Rodrigues chegou a participar em dezembro da reunião da bancada do PL que bateu o martelo sobre o nome do senador eleito Rogério Marinho (PL-RN) para disputar a presidência do Senado.

Durante o anúncio da candidatura de Marinho, integrantes do PL afirmaram que o senador havia assinado a ficha de filiação ao partido e que a bancada na próxima legislatura passaria de 14 para 15 membros.

Além de ter sido vice-líder do governo Bolsonaro, Chico Rodrigues empregou no Senado Leonardo Rodrigues de Jesus, conhecido como Leo Índio, primo dos filhos do ex-presidente da República e homem de confiança do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ).

Agora, integrantes do PT dão como certa a ida de Chico Rodrigues para o PSB e brincam que ele já está sendo chamado de "companheiro Chico Rodrigues" --em referência a expressão que é marca do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O senador deixou a vice-liderança do governo Bolsonaro no Senado em 2020 depois de ter sido flagrado com dinheiro na cueca em uma operação da PF (Polícia Federal) contra o desvio de recursos de combate à Covid-19.

Rodrigues chegou a ser afastado do cargo por decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) e só retornou ao mandato em fevereiro de 2021.

Na época, o parlamentar afirmou em carta aos colegas que nunca cometeu nenhum ilícito e que não conseguiu "manter o comportamento de equilíbrio mais adequado" porque entrou em pânico com a chegada da PF.

Chico Rodrigues tem dito a aliados que é grato ao presidente do PL, Valdemar Costa Neto, pelo convite para se filiar ao partido. Mas ele alega a interlocutores que estar na base do governo Lula pode ser mais vantajoso para o estado de Roraima neste momento.

O senador se encontrou pessoalmente com Alckmin e tem conversado com diferentes ministros do novo governo. Rodrigues esteve na cerimônia de posse do vice-presidente no Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio.

Pessoas próximas ao senador também reclamam do tratamento dado a ele por dirigentes da União Brasil. No Senado, a sigla é controlada pelo ex-presidente da Casa, senador Davi Alcolumbre (AP).

Chico Rodrigues publicou um vídeo em suas redes sociais em que afirma que vai se manter "vigilante", mas exalta o novo governo. "Governo do presidente Lula, que tem todo o compromisso e responsabilidade em tornar a vida dos brasileiros melhor."

Procurada, a assessoria do senador afirmou que ele ainda está conversando com diferentes partidos.

O PT quer fortalecer o PSB para ampliar o apoio a Lula no Senado. O partido tem um único representante na Casa, o senador Dário Berger (SC) --que não conseguiu se reeleger. Em outubro, a sigla elegeu apenas o atual ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino (PSB-MA).

Outro nome que pode se juntar ao de Chico Rodrigues no PSB é o do senador Jorge Kajuru (Podemos-GO). Aliados do senador afirmam que ele deve se filiar ao PSB nos próximos dias e assumir a liderança da bancada.

Kajuru foi convidado para voltar ao PSB pelo presidente da sigla, Carlos Siqueira, por Alckmin e pelo secretário de Assuntos Legislativos do Ministério da Justiça e Segurança Pública, deputado federal Elias Vaz (PSB-GO).

Primeira suplente na chapa de Dino, a vice-prefeita de Pinheiro (MA), Ana Paula Lobato (PSB-MA), já decidiu que vai continuar no PSB. Com a filiação de ao menos outros dois senadores, o PSB conseguiria atingir o número mínimo para que um dos parlamentares seja alçado a líder.

A representação garante ao parlamentar e ao partido uma série de vantagens, como participação no colégio de líderes do Senado, possibilidade de orientar votações, e preferência em discursos no plenário e comissões.

Quem também estuda mudar de partido é a senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA). Aliados da senadora afirmam que ela pode se filiar ao PSD --sigla do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG)-- ou ao MDB --legenda da ministra do Planejamento, Simone Tebet (MS).

Eliziane não esconde a insatisfação com a decisão da bancada do Cidadania na Câmara de ficar independente em relação ao governo Lula. O anúncio foi feito no sábado (14), em nota assinada pelo deputado federal Alex Manente (Cidadania-SP).

A senadora participou ativamente da campanha de Lula no segundo turno e foi uma das articuladoras da carta que o petista endereçou a evangélicos. Amiga de Tebet, ela também estava no palco durante a cerimônia de posse da ministra do Planejamento.

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