Política
Publicado em 23/03/2023, às 07h36 Letycia Bond/Agência Brasil
Dois dos principais ministros do primeiro escalão do governo Federal soltaram o verbo contra o comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC). Primeiro, Rui Costa (PT), titular da Casa Civil classificou que o resultado da reunião do Copom é uma insensibilidade que 'só aumenta o desemprego e aumenta o sofrimento do povo brasileiro'.
Apesar de falar em um tom mais comedido, Fernando Haddad (PT), ministro da Fazenda, também não poupou críticas à decisão de manter a taxa básica de juros (Selic) em 13,75%. O Copom ainda apontou a possibilidade de novas altas dos juros em caso de necessidade.
“No momento em que economia está retraindo, o Copom chega a sinalizar uma subida da taxa de juros. Lemos com muita atenção, mas achamos que realmente o comunicado preocupa bastante”, declarou Haddad ao deixar o Ministério da Fazenda.
Haddad ainda se disse surpreso com a decisão do Banco Central porque aconteceu no mesmo dia em que o Governo divulgou estimativas prevendo aumento nas receitas e diminuição no déficit primário em relação ao valor sancionado no Orçamento.
Para Haddad, a divulgação do relatório demonstra o compromisso do governo em reequilibrar as contas públicas. Segundo ele, essa seria uma razão para o BC começar a flexibilizar a política monetária, em vez de endurecer o tom no comunicado.
“Eu considerei o comunicado preocupante, muito preocupante, porque hoje divulgamos relatório bimestral mostrando que nossas projeções de janeiro estão se confirmando sobre as contas públicas”, comentou Haddad.
É preciso planejar uma mudança na cesta de tributos que não puna os investidores, os exportadores, os industriais e nem as famílias de baixa renda. Veja a entrevista completahttps://t.co/PDX2ngLag2
— Fernando Haddad (@Haddad_Fernando) March 13, 2023
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Haddad ainda afirmou que vai repassar seus pensamentos sobre o comunicado do Copom ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, com quem tem reuniões institucionais. Campos Neto foi alvo de Rui Costa em suas declarações sobre o caso.
O ex-governador da Bahia afirmou que a autonomia do Banco Central precisa ser discutida pelo Congresso, classificando o presidente do BC como teimoso.
Um Banco Central independente não pode ser independente do povo e aliado dos que cobram os juros nas alturas. Acho que o Congresso precisa refletir. É insustentável essa teimosia e esse desserviço que o presidente do Banco Central está fazendo com o povo brasileiro”.
Rui Costa diz que Lula já escolheu os dois novos diretores do Banco Central e que vai encaminhar os nomes ao Senado quando retornar da China. #Estúdioi
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A autonomia do Banco Central entrou em vigor em fevereiro de 2021, após ser aprovado pelo Congresso Nacional e sancionado pelo governo. A lei de independência do Banco Central tem como principal mudança a adoção de mandatos de 4 anos para o presidente e diretores da autarquia federal.
Esses mandatos ocorrerão em ciclos não coincidentes com a gestão do presidente da República.
Rui Costa: “[Campos Neto] participava, já como presidente do Banco Central, de grupos de ‘zap’ da campanha de Bolsonaro. Isso é absolutamente inadequado para a posição que ele ocupa”. #Estúdioi
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