Política

Homem de Romeu Zema em Brasília trata de propina em mensagem, revela colunista

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Troca de mensagem aconteceu em 2022  |   Bnews - Divulgação Divulgação / Podemos

Publicado em 11/03/2024, às 16h25   Cadastrado por Edvaldo Sales


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Um esquema de venda de cargos no Departamento Estadual de Trânsito (Detran) de Goiás foi revelado em uma conversa de WhatsApp, de maio de 2022, entre um empresário de Brasília e o advogado Bruno Ornelas, atual representante do governo de Minas Gerais na capital federal. As informações são da coluna de Guilherme Amado, do Metrópoles. 

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Na conversa, Ornelas pede dinheiro para nomear um indicado do empresário para a gerência do Departamento de Tecnologia da Informação do órgão de trânsito. O preço do possível tráfico de influência é de R$ 900 mil.

O advogado era responsável, à época, pela coordenação política nacional do Podemos, partido ao qual, em março de 2022, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, entregou a administração do Detran em troca de apoio à reeleição. Na ocasião, Eduardo Machado, ex-presidente do PHS, partido incorporado pelo Podemos em 2019, assumiu a presidência da instituição.

Na troca de mensagens que a coluna teve acesso, Ornelas diz agir a pedido de Felipe Cortês, então colega de partido e candidato derrotado a deputado estadual em Goiás em 2022, ao pedir pagamentos ao empresário. “O Detran lá é nosso, mas o jogo é dele [Cortês]”, afirmou o advogado. 

Em outras mensagens, é possível ver a pressão exercida pelo advogado: “Faz o Pix aí”; “Lindão, faz logo de 100”; “Manda mais 100k”; “Lindão, só trabalho com comprovante”; “Ou tem capim ou não tem”; “Irmão, 17 horas é o prazo final pra TED”; “Manda os 100 que garanto irmão”, entre outras. 

Além disso, em uma das mensagens, Ornelas pede o adiantamento de R$ 100 mil para Cortês, e menciona o governador Ronaldo Caiado. “Faz o Pix do Felipe aí, carai. 100k”; “[Cortês] Disse que vai rodar sim. Esteve com o governador [Ronaldo Caiado]. Mas é a gerência de Tecnologia. Não será a diretoria”. 

Ainda segundo a coluna, em um vídeo enviado por Ornelas ao empresário, Cortês também citou o governador de Goiás ao prometer nomear o indicado do empresário para o cargo no Detran: “O governador já fez o compromisso. Até sexta-feira, graças a Deus, vamos publicar a po… da TI”, disse Cortês.

A reportagem também teve acesso a comprovantes que mostram o depósito de R$ 150 mil à dupla do Podemos – sendo R$ 100 mil destinados à conta da esposa de Cortês, Fabiola Prado, que chegou a ser nomeada neste ano para um cargo de assessora especial no governo de Caiado, mas a nomeação foi anulada e ela não tomou posse. 

Outros R$ 50 mil foram destinados pelo empresário a uma conta indicada por Ornelas, em nome da empresa Hiperpay Serviço de Pagamentos Ltda.. Apesar dos pagamentos, a nomeação também não foi consumada.

Em outra ocasião, diante de mais pedidos de dinheiro, o empresário reclamou: “Só pede, só pede, aff”. “Tem um mês que mandamos lá pra ele [Cortês] os 150 mil. Ele fez nada”, escreveu. “Tem que dar saída lá papai. São 900 mil. Bb. Né 90 mil não”; e “Manda ele mostrar q tá andando”. Ornelas respondeu: “Deixa rolar primeiro. Aí vamos lá sentar na cadeira do presidente [Eduardo Machado]”.

Por meio de sua assessoria de imprensa, Bruno Ornelas afirmou que “desconhece qualquer negociação de cargo ou qualquer outra ação que tenha usado seu nome de forma indevida e criminosa” e que “não mantém nenhum vínculo com o Governo do Estado de Goiás, sendo, dessa forma, impossível qualquer ingerência sua sobre qualquer assunto ou processo de contratação”.

A nota diz ainda que “a verdade é que não há nem nunca houve qualquer negociação referente ao assunto tratado”. 

Também procurada pelo Metrópoles, a assessoria do governador Romeu Zema enviou nota. “Assessoria de comunicação da Casa Civil informa que todos os contratados pela pasta passam por processo seletivo. Assim ocorreu com o referido servidor [Bruno Ornelas] e somente ele pode responder por qualquer fato anterior à sua nomeação”, diz o texto.

Classificação Indicativa: Livre

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