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Mulheres ganham 17,3% a menos que os homens na Bahia; secretárias reagem a dados do governo federal

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Documento reúne informações de 2 mil empresas baianas e mostra que mulheres ganham menos que os homens  |   Bnews - Divulgação Divulgação
Rafael Albuquerque

por Rafael Albuquerque

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Publicado em 26/03/2024, às 14h54


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O 1º Relatório de Transparência Salarial com recorte de gênero aponta que as mulheres ganham 17,3% a menos do que os homens no estado da Bahia. No Brasil, as mulheres ganham 19,4% a menos do que os homens. Apresentado nesta segunda-feira (25) pelos ministérios das Mulheres e do Trabalho e Emprego (MTE), o documento contém os principais dados extraídos das informações enviadas pelas empresas com 100 ou mais funcionários – perfil exigido por lei para apresentar os dados para o Governo Federal.

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Na total, 2 mil empresas baianas responderam ao questionário. Juntas, elas somam 743,6 mil empregados. A exigência do envio de dados atende à Lei nº 14.611, que dispõe sobre a Igualdade Salarial e Critérios Remuneratórios entre Mulheres e Homens, sancionada pelo presidente Lula em julho de 2023.

A diferença de remuneração entre homens e mulheres varia de acordo com o grande grupo ocupacional. No estado da Bahia, em cargos de dirigentes e gerentes, por exemplo, chega a 25,2%. No recorte por raça, o relatório aponta que o número de mulheres negras é maior que o de mulheres não negras nas empresas do levantamento, com registro de 195,3 mil e 82,4 mil, respectivamente.

No entanto, a remuneração média da mulher negra é de R$ 2.890,51, enquanto a da não negra é de R$ 3.300,43. No caso dos homens, os negros, também maioria nas empresas, recebem em média R$ 3.425,47 e os não negros, R$ 4.131,58.

O relatório também contém informações que indicam se as empresas têm políticas efetivas de incentivo à contratação de mulheres, como flexibilização do regime de trabalho para apoio à parentalidade, entre outros critérios vistos como de incentivo à entrada, permanência e ascensão profissional das mulheres.

No caso da Bahia, o relatório registrou que 44,8% das empresas possuem planos de cargos e salários; 36,2% adotam políticas para promoção de mulheres a cargos de direção e gerência; 30,4% têm políticas de apoio à contratação de mulheres; e 25,4% adotam incentivos para contratação de mulheres negras.

Apenas 16,9% possuem políticas de incentivo à contratação de mulheres LGBTQIAP+, 21,6% incentivam o ingresso de mulheres com deficiência, e apenas 3,7% têm programas específicos de incentivo à contratação de mulheres vítimas de violência. Poucas empresas ainda adotam políticas como licença maternidade/paternidade estendida (12,4%) e auxílio-creche (20,1%).

Em entrevista ao BNews, a secretária de Políticas para Mulheres (SPM) do estado, Elisangela Araújo, afirmou que tal situação é "inaceitável" e que as empresas devem adotar práticas de equidade: "Essa disparidade salarial entre homens e mulheres na Bahia é inaceitável e reflete a persistência da desigualdade de gênero em nossa sociedade. Precisamos, urgentemente, tomar medidas para garantir a igualdade de oportunidades e remuneração para as mulheres, promovendo políticas públicas que combatam a discriminação e valorizem o trabalho feminino. É fundamental que as empresas se comprometam com a transparência salarial e adotem práticas de equidade de gênero em seus ambientes de trabalho”.

Já Fernanda Lordêlo, secretária de Política para Mulheres Infância e Juventude de Salvador, pontuou que esse é um problema grave e ressaltou que a situação fica pior quando é feito o recorte de raça.

"A gente viu que tem mulheres que ganham 17,3% a menos que homens na Bahia, uma das manifestações mais evidentes da desigualdade de gênerno no mercado de trabalho. A gente sabe que embora haja variação de um estado para outro, em todos os estados o relatório aponta que as mulheres continuam recebendo salários inferiores em relação aos homens, mesmo exercendo e desempenhando funções idênticas. O primeiro relatório de transparência salarial evidencia o que a gente já discute há muito tempo, que se fizermos um recorte de gênero e raça vai ficar muito evidente que a mulher negra tem uma diferença muito maior", afirmou.

Lordêlo também salientou ao BNews as outras dificuldades enfrentadas pelas mulheres: "A gente tem que saber que as mulheres enfrentam outros obstáculos adicionais na progressão das carreiras, que são barreiras invisíveis, como preconceito de gênero, estereótipos, expectativas sociais que são vinculadas a conceitos estruturalmente mechistas, que dificultam o avanço das mulheres nas posições de poder e liderança".

A secretária ressaltou que, no município de Salvador, há o programa "Selo Pacto Pela Mulher", "que premia instituições que trabalham e comprovam através de políticas de trabalho dentro da organização, ações para o combate à violação e desigualdade de gênero, garantido a progressão idêntica, salários equânimes, além da questão dos assédios moral e sexual, demonstrando controle efetivo sobre isso".

Classificação Indicativa: Livre

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