Política
Publicado em 28/10/2022, às 17h10 - Atualizado às 17h20 Cadastrado por Lorena Abreu
Ao longo do mês foram registrados 28 alertas sobre ataques a jornalistas, quase um por dia, de acordo com informações da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (ABRAJI). Esses dados representam um novo recorde para ataques a mulheres jornalistas. O número representa um terço do total de casos contra comunicadoras registrados em todo o ano e um aumento de 47,7% em comparação com setembro de 2021. Os dados resultam dos monitoramentos de ataques gerais e de violência de gênero contra jornalistas, ambos realizados pela Abraji.
Entre agosto e setembro do corrente ano a violência contra as profissionais de imprensa cresceu 250%. Não à toa, 64,3% dos casos estavam diretamente conectados à cobertura eleitoral e 50% das agressões tiveram a participação de agentes políticos e estatais. A maioria dos ataques está relacionada à turbulência no cenário político brasileiro, que se acentuou durante o período eleitoral.
O presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro teve um comportamento machista com Amanda Klein durante sabatina no Jornal da Manhã, da Jovem Pan, em setembro, por exemplo. Ele mencionou a vida pessoal da jornalista ao ser questionado sobre os imóveis adquiridos por seus familiares com dinheiro vivo. Depois do episódio, Klein passou a sofrer ataques de apoiadores de Bolsonaro nas redes sociais.
Após a publicação da reportagem investigativa sobre o patrimônio imobiliário da família Bolsonaro, a profissional Juliana Dal Piva do UOL, que é uma das autoras da matéria, foi alvo de comentários misóginos na internet. Em uma dessas publicações, feita no Twitter, o agressor sugeriu que o trabalho jornalístico de Dal Piva era resultado da “falta de sexo” em sua vida.
A violência verbal foi um recurso bastante utilizado para desmoralizar e descredibilizar comunicadoras ao longo do mês. Em 67,9% dos episódios identificados em setembro, as vítimas sofreram com discursos estigmatizantes. O papel das redes sociais nesse quadro de violências fica claro com este dado: 64,3% do total de casos teve origem ou repercussão no ambiente on-line. Ou seja, o que aconteceu com Amanda Klein e Juliana Dal Piva se repetiu com outras jornalistas.
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