Política

Réu em processo por agressão à mulher, aliado de Alberto Pimentel atua na Semtel sem ser nomeado

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Jorge Bruno Guimarães de Souza já participa de atos da secretaria e inclusive tem assinado documentos oficiais  |   Bnews - Divulgação Reprodução

Publicado em 15/02/2019, às 17h45   Aparecido Silva e Bruno Luiz


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Desde que assumiu a Secretaria do Trabalho, Esporte e Lazer de Salvador (Semtel), Alberto Pimentel vem montando sua equipe com pessoas próximas ao seu grupo político, que é capitaneado na Bahia pela esposa e deputada federal Dayane Pimentel, presidente do PSL.

Um dos nomes alinhados com o secretário é o policial militar Jorge Bruno Guimarães de Souza, formado em direito pela Faculdade Anísio Teixeira de Feira de Santana, base política de Dayane e Alberto. Guimarães aguarda ser nomeado para o cargo de diretor do Trabalho da Semtel, mas já participa de atos da secretaria e inclusive tem assinado documentos oficiais.

O BNews teve acesso a uma ata feita por ele e que leva sua rubrica já como diretor do setor. No entanto, quem se encontra nomeado para o cargo atualmente é Vinícius Teles, nome cotado para ocupar o posto de subsecretário.

Bruno Guimarães, segundo apurado pela reportagem, solicitou uma licença não remunerada à Polícia Militar. Como ainda não obteve retorno, tem frequentado a Semtel para se inteirar dos processos da pasta.

Procurado pelo BNews, o titular da Semtel, Alberto Pimentel, confirmou que Bruno Guimarães é um "pretendente" do cargo, mas negou que o aliado já esteja atuando como diretor. "Ele esteve aqui para conhecer o funcionamento. O diretor atual é Vinícius Teles", disse o secretário.

Embora Pimentel negue que Guimarães esteja assinando documentos como preposto da Semtel, uma fonte ouvida pela reportagem assegura que, ao menos em uma reunião da qual participou, ele foi o escrivão da ata, que levou sua rubrica já como diretor de Trabalho.

A reportagem entrou em contato no telefone institucional da Central Integrada de Licenciamento de Eventos (CLE), na tarde desta sexta-feira (15). A secretária informou que “Bruno Guimarães estava em reunião” e que a reportagem retornasse em 40 minutos. Questionada se o Guimarães era o diretor do setor, a funcionária informou que o mesmo era um “aprendiz e ainda não tinha disso nomeado para o cargo”. Após o contato inicial, a reportagem retornou as ligações durante toda a tarde e não mais foi atendida. Às 17h10 foi informada de que Bruno Guimarães e toda sua equipe já tinha ido embora do local.

A Polícia Militar da Bahia informou que Bruno Guimarães ainda está trabalhando na companhia em que é lotado e prometeu apurar se há o exercício de outra função em paralelo à de policial: "A Polícia Militar da Bahia informa que o referido policial militar se encontra atualmente trabalhando na unidade onde é lotado e a corporação desconhece a atividade realizada pelo soldado fora do expediente. Diante da referida denúncia, a PM informa que direcionou o caso para devida apuração interna".

Histórico - Jorge Bruno Guimarães de Souza tem em sua trajetória uma acusação de agressão a uma ex-namorada em Feira de Santana. Réu em um processo movido pela Justiça no município, ele foi alvo de uma denúncia feita em 2014 pela Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam), que apontou que a vítima relatou agressões e ameaças feitas pelo ex-namorado policial militar.

A mulher afirmou que: “foi namorada de Jorge Bruno Guimarães de Souza durante dois anos e dois meses, estando há dois meses separados. Que o motivo da separação foi devido às discussões diversas entre o casal”. De acordo com o boletim de ocorrência, no dia 2 de agosto de 2014, às 4h30 da manhã, o acusado invadiu a casa da ex-namorada, que estava acompanhada do atual namorado. Ele também teria sido agredido por Bruno Guimarães.


Trecho do Boletim de Ocorrência

Em um despacho assinado em 13 de agosto de 2014, o juiz de direito Leonardo Fonseca Rocha acolheu um pedido de medida protetiva e proibiu Guimarães de se aproximar da vítima, dos familiares e de testemunhas, mantendo uma distância mínima de 300 metros. O magistrado também proibiu o policial de manter contato com a ex-namorada por qualquer meio de comunicação. O caso ainda tramita na Justiça.

Ele também foi alvo de um inquérito em 2015, pelo mesmo motivo. A investigação foi aberta pelo Ministério Público da Bahia, para investigar agressões contra a mesma ex-namorada. A apuração, no entanto, foi arquivada em agosto de 2016, a pedido do próprio MP, por falta de provas. "A investigação policial não logrou êxito em colher elementos informativos idôneos a subsidiar a deflagração da ação penal, não contou sequer com a colaboração da vítima que, tendo inicialmente representado o suposto agressor, voltou atrás, tempestivamente, para retratar-se e não mais representou contra ele", diz a decisão pelo arquivamento.

A reportagem não conseguiu contato com o diretor para esclarecimentos sobre as acusações.

Classificação Indicativa: Livre

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