Política

Randolfe toma celular de youtuber que se envolveu em confusão com Bolsonaro

Pedro França/Agência Senado
"Está tudo gravado, as câmeras estão gravando. Ele danificou a cordinha do meu celular", disse o youtuber, contido por seguranças  |   Bnews - Divulgação Pedro França/Agência Senado

Publicado em 02/02/2023, às 21h35   Danielle Brant e Renato Machado/ FolhaPress


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O líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), tomou o celular da mão do youtuber Wilker Leão --que ficou conhecido por chamar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) de "tchutchuca do centrão"--durante uma discussão dos dois no Congresso Nacional.

Leão estava nesta quinta-feira (2) no Congresso com adesivo de visitante. Pouco antes, o senador havia participado da abertura do ano legislativo, realizada no plenário da Câmara dos Deputados.

Com uma câmera de celular na mão, o youtuber perguntava insistentemente a opinião do senador sobre terrorismo e assédio político. Em determinado momento, a reportagem presenciou Randolfe agarrando a mão do influencer para tomar o celular.

Enquanto os dois disputavam a posse do aparelho, seguranças terceirizados do Senado intervieram para afastar o influencer do líder do governo, de forma que o celular do youtuber ficou com o senador. Ele depois entrou em um elevador e subiu com o aparelho.

"Ele tomou meu celular, cara. Você está doido? Devolve meu celular aí", gritou o youtuber enquanto o senador era encaminhado por sua assessoria para um elevador. Randolfe seguiu para seu gabinete.
Momentos depois, uma assessora do Senado desceu novamente e entregou o telefone a Leão.

"Está tudo gravado, as câmeras estão gravando. Ele danificou a cordinha do meu celular", disse o youtuber, contido por seguranças. "O senhor está certinho, hein, senador. Vai sair com meu celular daqui? Cadê a polícia legislativa?"

Uma funcionária do Senado, em seguida, disse que ele não respeitou o senador. "Ah, não respeitei? O que eu fiz? Questionamento político sobre assédio político e o cara comete um crime de dano, vocês não fazem nada", criticou.

A Folha de S.Paulo também presenciou quando Leão foi detido pela polícia legislativa e levado para prestar esclarecimento.

Inicialmente, a Polícia Legislativa sugeriu ao influencer ir até a delegacia do Senado para registrar a ocorrência, se ele se sentisse lesado. No entanto, já no pátio, ele voltou a gravar, ignorando pedidos dos policiais para parar.

Em determinado momento, fugiu dos policiais gritando que eles queriam novamente tomar o seu telefone. Um agente chegou a cair no chão na perseguição. Na sequência, se entregou quando foi cercado pelos policiais que apontavam armas taser em sua direção. Foi algemado e levado para a Delegacia da Polícia Legislativa.

O gabinete de Randolfe Rodrigues foi procurado, mas não se pronunciou.

Wilker Leão ficou conhecido por se envolver em uma confusão com o ex-presidente na saída do Palácio da Alvorada, em Brasília.

As imagens foram registradas pela TV Globo. Gravando com o celular em meio a apoiadores do presidente, o youtuber questionou Bolsonaro sobre a sanção ao projeto que delimitou a delação premiada. Na sequência, foi jogado ao chão, e seguranças tentaram afastá-lo.

Leão, então, chamou Bolsonaro de "tchutchuca do centrão" e o xingou de "safado", "covarde" e "vagabundo". O ex-presidente agarrou o youtuber pela camisa e pelo braço e tentou tirar o celular de sua mão.

Neste momento, integrantes da segurança do presidente afastaram Wilker de Bolsonaro e de seus apoiadores. O chefe do Executivo pediu para que eles não filmassem o momento. "Filma não, filma não."

O youtuber costumava ficar no Palácio da Alvorada aguardando Bolsonaro sair para gravar vídeos com provocações ao ex-presidente e a seus apoiadores.

Na época da confusão, Randolfe criticou o episódio em uma rede social. "Bolsonaro tentou tomar o celular de uma pessoa que o questionava sobre a sua covardia e corrupção no governo. Em 1983, em plena ditadura militar, o general Newton Cruz agredia um jornalista durante uma entrevista coletiva. Não é coincidência! Coisa típica do autoritarismo!", escreveu.

Classificação Indicativa: Livre

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