Política

Rui Costa desabafa sobre Segurança Pública e revela meta para legislação penal

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Rui Costa utilizou dados falsos para justificar letalidade policial contra pessoas negras  |   Bnews - Divulgação Foto: Paulo M. Azevedo/BNews

Publicado em 17/11/2022, às 10h37   Daniela Pereira e Vinícius Dias


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Governador da Bahia, Rui Costa (PT) comentou a pesquisa da Rede de Observatórios da Segurança Pública na última quarta-feira (16), apontando que 98% das vítimas de mortes violentas em operações da Polícia Militar do Estado da Bahia são pessoas negras: o maior percentual de todo o Brasil. A Rede utiliza, como critério, as definições do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que considera a população negra a soma das pessoas pretas e pardas.

Rui Costa utilizou um dado falso para justificar o número. "O número de mortos representa o percentual da população. A Bahia tem mais de 90% de pessoas que verdadeiramente são pardas e são negras. E, evidente, você tem um cruzamento positivo, entre pobreza, origem social e raça", afirmou na manhã desta quinta-feira (17).

Na realidade, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) apontou que 81,1% da população da Bahia é negra, sendo 58,2% autodeclarada parda e 22,9% preta. 

O levantamento da Rede foi realizado com dados de 2021 e apurou que, das 616 pessoas mortas no período e que tinhas registro de raça ou cor, 603 eram negras. É o Estado com maior letalidade policial em todo o Nordeste e, em números absolutos, só fica atrás do Rio de Janeiro, que registrou 1060 mortes de negros no mesmo período.

"A maioria, quase a totalidade dos pobres e excluídos, são negros ou pardos no país e estão submetidos a fome, condição de vulnerabilidade e isso acaba se expressando em óbitos violentos também. Isso só vai ser revertido com investimentos fortes como a escola de Paripe, Lobato, Jardim Cajazeiras, São Cristóvão, ajudarão a mudar esses dados estatísticos porque vão alimentar os sonhos de crianças, adolescentes, que vão colocar sua adrenalina na natação, escola, basquete, vôlei, judô, caratê e serão menos vulneráveis ao uso daqulees que ganham dinheiro colocando nossos jovens em condições de risco com o tráfico de drogas, consumo de drogas", disse Rui Costa.

Logo depois, ele revelou que tem planos de batalhar por mudanças na legislação penal do país. O governador defende que o sistema judiciário é um dos principais responsáveis pelos níveis de violência no Estado e é um crítico de ferramentas como a audiência de custódia.

"Eu vejo a necessidade urgente, vou trabalhar pra isso onde estiver a partir de janeiro para que a legislação do brasil seja atualizada. Não é possível que presos possam escolher onde vão ficar. Tivemos dias seguidos de morte em Paulo Afonso, Jequié, quando a gente olha o que mudou nos dois lugares foram presos que estavam em outro presídio e, por decisão judicial, voltaram. Ao chegarem, as mortes começam imediatamente", iniciou.

E completou: "Parente que visita leva mensagem, advogado, e as mortes começam a acontecer. Esse é o ABC mais simples que tem. Boa parte dos homicídios e mortes são comandadas de dentro dos presídios e quando você afasta esse criminoso do lugar de influência, as mortes despencam. Quando ele volta, as mortes começam a acontecer de novo".

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