Política

Senadores avaliam que "não há clima" para a troca do presidente do Banco Central

Foto: Divulgação / Banco Central
Conversas com os senadores indicam que, no momento, não haveria disposição para troca do presidente do BC  |   Bnews - Divulgação Foto: Divulgação / Banco Central

Publicado em 07/02/2023, às 21h26   Camila Vieira


FacebookTwitterWhatsApp

A troca do presidente do Banco Central não está sendo muito bem vista por alguns senadores que avaliam que “não há clima para a mudança”. Conversas com os senadores indicam que, no momento, não haveria disposição nem da troca do presidente do BC como de mudar a regra de autonomia da autoridade monetária. A avaliação entre os congressistas ocorre depois de o presidente ter dito nesta terça-feira, em meio a críticas a Roberto Campos Neto, que cabe ao Senado destituir o economista da autoridade monetária.

Uma troca de presidente de BC não é uma manobra não é tão simples: uma eventual destituição precisa ser iniciada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), formado por Campos Neto, Fernando Haddad (Fazenda) e Simone Tebet (Planejamento), após ao menos dois anos de inflação fora da meta, para então ser encaminhada a uma votação no Senado. O senador Nelsinho Trad (PSD-MS) defende que Campos Neto precisa ser respeitado pelo Congresso.

“A indicação feita ainda no governo anterior foi aprovada pelo Congresso Nacional, devido ao notório saber e comprovada experiência de Campos Neto. Jamais, pela formação técnica que detém, iria se deixar levar por qualquer viés político”, diz.

O senador Fabiano Contarato (PT-ES), líder do partido, interpretou a fala de Lula como uma constatação de que não possui competência legal para destituir Campos Neto. “É preciso desarmar essa bomba (juros alto) e isso passa pela harmonização das políticas fiscal e monetária, e não por choques institucionais que só trariam solavancos e mais incertezas a esse cenário desafiador. Creio que o Senado não embarcaria nessa hostilidade por uma razão muito simples: o presidente Lula é um homem de diálogo e jamais requisitará esse gesto à sua coalizão ― defendeu em entrevista ao Globo.

Já o líder do PSB, senador Kajuru (GO), diz que embora legalmente exista espaço para questionar a permanência ou não de Campos Neto à frente do BC na Casa — acredita que esta é uma possibilidade remota. No entanto, ele defende a convidar Campos Neto para se explicar sobre os juros altos:

Tensão também na Câmara - Deputados também se articulam nas discussões sobre o BC. Enquanto PT e Psol querem que Campos Neto vá se explicar sobre juros altos e inflação, parlamentares de outras siglas atuam para acalmar os ânimos. O deputado Silvio Costa Filho (Republicanos-PE), que relatou o projeto de autonomia do BC, se posicionou.

“As falas de Lula contra o Banco Central não ajudam o país nesse momento. Isso tensiona o mercado, gera efeitos contrários na economia e termina atrapalhando o país, aumentando a taxa de juros e correndo risco de aumento na inflação. Isso prejudica o ambiente que construímos. Precisamos de muita prudência e tratar esse tema descontaminado de ideologias”, disse o deputado.

Parlamentares da base governista já se articulam para aumentar a pressão contra Campos Neto. O deputado Lindbergh Farias (PT-RJ) protocolou ontem um requerimento de convocação de Campos Neto para que ele preste esclarecimentos sobre a condução da política monetária e o erro contábil no fluxo cambial apresentado pelo BC no ano passado. O deputado Guilherme Boulos (Psol-SP) afirma que Campos Neto é um infiltrado no governo Lula. “É um infiltrado do Paulo Guedes, do Bolsonaro. É um cara que não deixa a taxa de juros baixar. Na minha opinião, tem um interesse de boicote à economia, à geração de emprego, à retomada do crescimento econômico — afirmou o deputado Guilherme Boulos (Psol-SP)”, disse.

Classificação Indicativa: Livre

FacebookTwitterWhatsApp