Política

Viagem de Mario Frias a NY é extravagante, diz procurador que pede investigação

Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
A viagem custou R$ 39 mil para os cofres públicos, segundo dados do Portal da Transparência  |   Bnews - Divulgação Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

Publicado em 11/02/2022, às 19h51   Folhapress


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O subprocurador-geral Lucas Rocha Furtado entrou nesta sexta com um pedido para que o Tribunal de Contas da União, o TCU, investigue os gastos da recente viagem do secretário especial da Cultura, Mario Frias, para Nova York para tratar de um projeto audiovisual com o lutador de jiu-jítsu Renzo Gracie.

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A informação foi antecipada pelo jornal O Globo e confirmada pela Folha.

Frias esteve por cinco dias em dezembro na cidade americana para um encontro com Gracie. A viagem custou R$ 39 mil para os cofres públicos, segundo dados do Portal da Transparência, que cita ainda que o deslocamento de Brasília para Nova York foi pedido com urgência –ou seja, com menos de 15 dias de antecedência.

O procurador menciona no documento que há indícios de que os interesses pessoais de Frias e de seu secretário adjunto, Hélio Ferraz de Oliveira –que o acompanhou na viagem– vieram antes do interesse público.

Se o TCU constatar irregularidade no uso do dinheiro público, o subprocurador pede que o valor seja descontado da folha de pagamento dos secretários. Ele chama a viagem de "extravagância".
"Questiono-me sobre a necessidade do vultuoso valor das passagens e da urgência na aquisição delas", escreve Furtado, afirmando que mesmo viagens de valor baixo devem vir acompanhadas de justificativas.

"Entendo que para todos que utilizam recursos públicos, o momento e de redução de gastos, contenção de excessos, simplificação de procedimentos e aumento de produtividade. É preciso, mais do que nunca, superação, fazer mais com menos", acrescenta.

O deputado federal Túlio Gadêlha (PDT-PE) também acionou o TCU nesta sexta pedindo uma investigação dos gastos.

Em ofício à presidente do TCU, Ana Arraes, o deputado do PDT afirma que o episódio evidencia descaso com o erário e violação de princípios da administração pública.

"Essa viagem ilustra bem o quanto os membros do governo pouco se importam com as dificuldades que os brasileiros vêm passando diariamente. Evidentemente que todo esse valor sai dos cofres públicos e, claro, que grande parte desta quantia está sendo e será utilizada para o conforto, diversão e entretenimento do secretário, disfarçada de 'projeto cultural'", afirma Gadêlha.

Frias afirmou em seu Twitter que não pagou essa quantia pela viagem e que a finalidade da viagem "não foi da forma como colocaram nas inverídicas manchetes [de imprensa]". Ele não disse, contudo, qual valor gastou nem o motivo de ter ido para Nova York.

A reportagem questionou a Secretaria de Cultura sobre o que é o projeto audiovisual que o portal cita, mas não obteve resposta.

Renzo Gracie, estrela da luta internacional da família de mesmo nome, tem uma escola de jiu-jítsu em Nova York onde já treinaram celebridades como o ator Keanu Reeves e o cineasta Guy Ritchie, ex-marido de Madonna.

Gracie acaba de ser biografado pelo ex-secretário federal da Cultura, Roberto Alvim, demitido por fazer um vídeo com em que faz apologia do nazismo. "Renzo Gracie: Uma Vida Heróica" será lançado no próximo dia 14 pela editora Auster.

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