Política

Vereador baiano toma medidas após ser vítima de racismo

Mário Neto/Câmara Municipal de Feira de Santana
Jhonatas Monteiro, vereador do PSOL em Feira de Santana, já havia tomado medidas de proteção após ser agredido  |   Bnews - Divulgação Mário Neto/Câmara Municipal de Feira de Santana

Publicado em 01/08/2022, às 19h14   Yuri Abreu


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O vereador de Feira de Santana, Jhonatas Monteiro (PSOL), vai acionar a Câmara Municipal do município, localizado na região centro-norte da Bahia, após ter sido novamente vítima de ataques racistas por meio virtual.

A primeira vez ocorreu no final do mês de março, quando ele denunciou um episódio de violência sofrida por professores da rede municipal que foram agredidos por guardas municipais, durante protesto na Prefeitura de  Santana. Na ocasião, segundo ele, até mesmo vereadores foram agredidos pelos agentes - o psolista teve um dente parcialmente quebrado, além lesões no pé e nas costas.

"As primeiras ameaças foram feitas por telefone, através de um número desconhecido. E a pessoa fez questão de fazer referência ao episódio de violência dentro da Prefeitura. Nós registramos boletim de ocorrência, tem uma investigação em curso", disse ele, em entrevista ao BNews, nesta segunda-feira (1º).

Diante disso, em maio, ele foi colocado em um programa de proteção a defensores de direitos humanos, comunicadores e ambientalistas. Porém, no mês de julho, novos ataques começaram ser feitos contra o edil.

"Recebemos, através do e-mail institucional do mandato, novas ameaças até de modo mais agressivo. De que iriam me queimar vivo, jogar gasolina na minha família... e, de modo escancarado, com ameaças racistas", completou ele, ao ressaltar os ataques.

"(...) seu apelido não devia ser Rasta, devia ser BOSTA por que você é um bosta e fede igual bosta, seu preto fedido [...]", diz o e-mail no qual a autoria é assinada como se fosse a Secretaria Municipal de Direitos Humanos da cidade de Feira de Santana e o qual o BNews teve acesso.

Após essas ofensivas, Jhonatas Monteiro decidiu que vai acionar, já nesta terça-feira (1º), quando serão retomadas as atividades parlamentares, a presidência da Câmara de Vereadores de Feira de Santana, sobre esse cenário.

"Na mensagem de agora, eles simulam um e-mail institucional da secretaria de Prevenção à Violência. Trata-se de violência associada ao exercício do meu mandato parlamentar. Então a Casa, enquanto Poder Legislativo, precisa responder a isso de modo institucional", cobrou.

Mudanças

Diante das ameaças, o vereador teve de mudar a rotina, desde as ações nas redes sociais, até modificações nas rotas de deslocamento até Câmara Municipal. Segundo ele, a decisão foi tomada após consultas a equipes de segurança.

"Mudamos de horário, de exposição em locais... É aquela história: de fato pode ser simplesmente alguém que tenta fazer isso como uma forma de intimidação sem maiores consequências. É como a própria Polícia Civil me disse, não se deve cair no alarmismo, mas também não se deve subestimar", afirmou.

Críticas

Na conversa com a equipe de reportagem, o edil também criticou o prefeito da cidade, Colbert Martins (MDB), por ter endossado a ação dos guardas municipais, ao invés de ter tomado medidas para apurar o comportamento de alguns dos agentes.

"Ao invés do governo municipal repudiar a violência e indicar que instauraria algum tipo de apuração, pelo contrário. Todas as declarações endossaram a violência que ocorreu não apenas no nosso mandato, mas também contra o professorado. Além disso, ao contrário de repúdio, a questão foi tratada como uso proporcional da força. Nem sequer uma sindicância foi instaurada", reclamou.

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