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“O principal desafio é implementar a lei”, afirma presidente do Comitê Brasileiro de Barragens

Paulo Macedo / BNews
Situação das barragens de água na Bahia, avanços e desafios da legislação, foram abordados durante debate técnico, em Salvador  |   Bnews - Divulgação Paulo Macedo / BNews

Publicado em 29/01/2019, às 12h22   Adelia Felix


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A situação das barragens de água na Bahia foi tema de debate técnico na Escola Politécnica da UFBA, em Salvador, nesta terça-feira (29). Na oportunidade, foram analisados os dados do Relatório de Segurança de Barragens de 2017 (RSB), produzido pela Agência Nacional de Águas (ANA). Segundo o estudo, o estado baiano foi o que mais apresentou problemas, como fissuras, infiltrações e erosões. As questões foram apontadas pelo Instituto Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema), que se baseou nos relatórios feitos por empresas responsáveis pelos equipamentos. 

Das 335 barragens cadastradas, 10 apresentaram problemas. Elas estão localizadas em São Gonçalo dos Campos (Barragem dos Aflitos), Mucugê (Barragem do Apertado), Araci (Barragem Araci), Mirante (Barragem Cipó), Rio de Contas (Barragem Luiz Vieira), Camaçari (RS1 e RS2), Ibiassucê (Barragem Tábua), Paramirim (Barragem do Zabumbão) e em Juazeiro e Curuçá (Barragem Pinhões). 

O relatório apontou também que, nas 24 barragens de rejeitos, espalhadas em 12 cidades, não foram apontados riscos de rompimento.

“Quando nós tomamos conhecimento desse relatório, no ano passado, providenciamos fazer um debate público sobre essa situação. A função do Crea vai ser de catalisadora, de informar a sociedade o que está acontecendo, apresentar a parte técnica. Ou acalmando ou alertando sobre problemas maiores”, disse ao BNews o presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia da Bahia (Crea-BA), Luís Edmundo Prado de Campos. Ainda segundo o presidente do órgão, em cerca de 30 dias, será abordada a situação das barragens de rejeitos.

Também em entrevista à reportagem, o presidente do Comitê Brasileiro de Barragens (CBDB), Carlos Henrique Medeiros, defendeu que a segurança começa ainda no projeto dela, na fase de licitação, visando a escolha de um projeto qualificado.

“A segurança começa por aí. Se você começa desse jeito, você vai ter como resultado uma barragem com qualidade, uma barragem com segurança. A legislação veio para organizar isso, que os profissionais tenham qualificação técnica para poder lidar com isso, não é para qualquer um sair dizendo que vai cair ou não vai, tem que ter qualificação porque o negócio é sério. A situação vai ficar mais acirrada por causa do efeito Mariana, e agora efeito Brumadinho. É bom que tudo isso aconteça, porque o que nós queremos são barragens seguras”, diz.

Medeiros também defendeu uma efetiva implementação das leis.  “Por conta da legislação, nós temos um aparato muito grande de informações e segurança, tudo está disponível, e isso não existia antes. Se você desmerece a lei, todo o esforço pode regredir muito. Hoje, vejo profissionais de empresas de barragens como pessoas sérias. O principal desafio é implementar a lei. Fazer com que a lei que está aí de fato seja implementada”, explica. 

O evento foi promovido pelo Crea-BA, Comitê Brasileiro de Barragens (CBDB), Associação Brasileira de Mecânica dos Solos e Engenharia e Geotécnica (ABMS), Instituto Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema), Associação Brasileira dos Engenheiros Civis (ABENC) e Clube de Engenharia da Bahia.

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