Salvador

Pai acusa escola de rejeitar filho autista; diretor nega

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Garoto teria sido impedido de entrar no segundo dia de aula; escola diz que não tem turma para a sua faixa etária e que nem chegou a ser feita a matrícula  |   Bnews - Divulgação Reprodução/Google Maps

Publicado em 19/02/2020, às 16h49   Luiz Felipe Fernandez


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O pai de um garoto de três anos que foi diagnosticado com um grau leve de transtorno do espectro autista, acusa a escola Darcy Ribeiro, em Matatu de Brotas, de negar a inclusão do seu filho de três anos na instituição. 

Em denúncia feita ao BNews, Nei Pereira afirma que a matrícula foi feita normalmente e, já no primeiro dia que levaram ele para a aula (17), foram chamados pela coordenação para relatarem o comportamento inquieto do menino. No dia seguinte, Nei diz que a criança foi impedida de entrar na escola junto com os irmãos. 

O pai é professor da rede estadual de ensino e decidiu matricular os três filhos no dia 7 de fevereiro. Ele diz que um carro de som circulou pelo bairro fazendo a propaganda com oferta de descontos para moradores da região e para aqueles que têm mais de um filho. Segundo o professor, no ato da matrícula, ligaram para o diretor identificado como Martins, que teria sugerido matricular os filhos mais velhos no valor normal e dar uma bolsa integral para o caçula.

Em contato com o BNews, o diretor Martins negou que a criança tenha sido rejeitada. Segundo ele, a escola Darcy Ribeiro só tem turmas a partir do Grupo 5, para aqueles que normalmente tem cinco anos. Martins alegou ainda que o pai não tinha nenhum documento que prove a matrícula do garoto e que ele participou do primeiro dia de aula pois estaria em processo de adaptação. Só depois, confirmada a idade do garoto, os pais teriam sido informados que ele não poderia ser aceito.

No entanto, um áudio enviado por Nei à reportagem de uma suposta reunião com a Coordenadora Geral, Naira, e a Coordenadora Infantil, identificada como Isa, não comprova que a criança não foi matriculada pela idade. Na conversa, as funcionárias da escola demonstram preocupação com a inquietude do menino, que no seu primeiro dia teria subido em um muro alto, mas em nenhum momento citam a idade nem a ausência da matrícula.

"Nossa escola não está adaptada a criança, mesmo com grau leve de autismo, a gente fica com receio e a preocupação de não atender às necessidades", diz uma das coordenadoras na gravação.

O pai contesta a profissional com base na Lei Brasileira de Inclusão, que prevê a obrigatoriedade das escolas, sejam públicas ou privadas, de disponibilizar um professor capacitado para auxiliar o aluno. Até o fim da gravação, não há nenhuma afirmativa da impossibilidade da criança continuar a estudar no local. Nei informa também que tem disponibilidade para ir à escola em caso de necessidade do filho, principalmente neste período de adaptação. 

Nei também enviou à reportagem uma lista de materiais e livros que teria sido entregue pelo colégio, no ato da matrícula. No documento, logo abaixo da "Relação de Materiais - Educação Infantil - 2020", consta em parêntes: "Grupos 03, 04 e 05".

O OUTRO LADO

O BNews solicitou ao pai do garoto algum documento que comprovasse a matrícula, mas ele diz que apenas o contrato final do caçula ficou retido na escola, o que seria ilegal. Ele enviou o recibo de pagamento das matrículas dos outros dois filhos, que totalizou R$ 670,00. A filha mais velha está no 2°Ano do Fundamental, enquanto o filho do meio foi matriculado no grupo 05.

A reportagem entrou em contato com a escola e recebeu respostas arredias de ao menos duas funcionárias, que alegaram que a escola estava fechada nesta quarta-feira (19) e desligaram o telefone antes de responderem aos questionamentos. Uma delas se negou a dar o telefone do diretor e sugeriu que a reportagem, "que conseguia tudo", buscasse de outra forma. 

Após conseguir o contato direto de Martins, diretor do Darcy Ribeiro, o BNews ouviu a sua versão. Ele garante que a escola jamais negaria a inserção de qualquer aluno com deficiência. De acordo com o diretor, o único motivo para o impedimento da matrícula do garoto de 3 anos é que não existe um grupo para a sua faixa etária, e que o menino nem chegou a ser matriculado. 

Nei Pereira confirmou que no próximo dia 2 de março irá participar de uma reunião na Assembleia Legislativa da Bahia (Alba), quando, segundo ele, será emitida uma nota. O pai prometeu ainda levar o caso à Câmara Municipal de Salvador.

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