Comandante de ferry envolvido em incidente não deveria pilotar embarcação

Após o incidente envolvendo duas embarcações no Terminal de Bom Despacho, os desdobramentos mostram que parece ter mais nuances do que o imaginado. Isso porque o comandante de um dos ferries não poderia exercer aquela atividade. De acordo com o jornal Correio, ele não foi contratado para atuar nesta função. O inquérito da Marinha que apura o caso deve ficar pronto em três meses.

A batida aconteceu no final da manhã da última segunda-feira (6), quando o ferryboat Pinheiro se preparava para atracar em Bom Despacho. O Maria Bethânia, por sua vez, estava prestes a deixar a ilha rumo a Salvador.

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CONFUSÃO

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De acordo com a Internacional Travessias Salvador (ITS), responsável por administrar o modal, houve um "erro de aproximação na manobra do Pinheiro". Trabalhadores do ferryboat rebatem a empresa e denunciam uma rotina que inclui pedidos por "manobras de risco" em navios "precários", turnos "excessivos", assédio moral e desvio de função.

O comandante Pinheiro viveu esta situação no acidente: ele é contratado como contramestre, não mestre de cabotagem, título exigido para comandar aquele navio. O paulista até é habilitado pela Marinha do Brasil como mestre de cabotagem, mas foi admitido pela ITS para comandar dois ferries menores que o Pinheiro (Ana Nery e Ivete Sangalo). Um dia depois do acidente, o Ministério Público do Trabalho (MPT) abriu inquérito para apurar como eles trabalham e se há segurança no serviço.

Para fazer o percurso Salvador a Itaparica, navegam os fast ferries (menores) e ferries convencionais (maiores). O ferry Pinheiro é um ferry convencional. Para comandar os “fast”, é necessária a habilitação de contramestre. Para guiar os convencionais, é preciso ser mestre de cabotagem, um nível acima.

A diferença de salário entre comandantes contramestres e mestres de cabotagem é de quase R$ 2 mil - o mestre de cabotagem ganha, em média, R$ 8 mil.