Salvador

Inacreditável: descubra quanto custava andar de ônibus em Salvador na década de 1990

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O BNews revela qual era o valor da tarifa de ônibus em Salvador em 1994, primeiro ano de vigência do Plano Real, e nos anos seguintes da década  |   Bnews - Divulgação Reprodução/Arquivo SMTU
Daniel Brito

por Daniel Brito

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Publicado em 15/12/2022, às 06h00


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Uma das reclamações mais comuns de quem anda de ônibus em Salvador, sem dúvida nenhuma, é o valor da passagem. Custando R$ 4,90 desde o dia 1° de junho deste ano, o preço é o maior de toda a região Nordeste e também um dos maiores de todo o Brasil, mais alto até mesmo do que a cidade de São Paulo, onde custa R$ 4,40.

A qualidade do serviço é o principal motivo das queixas dos passageiros. Muita gente anda insatisfeita com o valor, no mínimo incompatível com a frota de ônibus que roda na cidade e as condições do sistema, que, há menos de um ano, teve uma empresa tirada de circulação: a Concessionária Salvador Norte (CSN), por diversos problemas administrativos, que refletiam no dia a dia da operação.

Tantos problemas que colocam o sistema de Salvador como um dos mais complicados do país levam as pessoas a questionarem porque pagam tão caro. Mas o que muita gente não sabe é que esse valor já foi barato para os padrões atuais, especialmente durante boa parte da década de 1990. O BNews volta mais uma vez no tempo e mostra quanto andar de "buzu" na capital baiana custava naquele tempo.

Já foi mais barato

Em julho de 1994, o Brasil, após uma grande crise econômica de anos que gerou a chamada hiperinflação, adotava o real como moeda. Naquele tempo, a medida foi um alívio para o bolso da população, que precisava lidar com preços exorbitantes, que subiam de um dia para o outro, além de várias mudanças da moeda que circulava no país.

Mas e o preço do "buzu" em Salvador? Também foi afetado com a troca da moeda - da anterior, o cruzeiro real, para o real. Antes da mudança, em junho, andar de ônibus na capital custava CR$ 650,00 (cruzeiros reais). Um mês depois, o serviço, já com a nova moeda em vigor, custava R$ 0,35. Exatamente: 35 centavos, o preço que, hoje, talvez dê para comprar três queimados de maçã - e olhe lá.

O valor é completamente inimaginável nos tempos atuais, com certeza. No entanto, vale lembrar que, naquele mês de julho de 1994, o salário mínimo, hoje em R$ 1.212,00 e que deverá ser de R$ 1.302,00 a partir de 2023, era de apenas R$ 64,79. Um novo aumento ocorreu em setembro, quando passou para R$ 70,00. Outro reajuste do piso só seria concedido no ano seguinte, em maio de 1995, para R$ 100,00.

Apesar do leve aumento no salário mínimo, a tarifa de ônibus em Salvador continuou custando R$ 0,35 durante os demais meses de 1994. Um novo reajuste só foi acontecer no dia 3 de junho de 1995, quando o valor subiu para R$ 0,50, um reajuste de 42,86%. Exatamente um ano depois, na mesma data, só que em 1996, novo aumento: R$ 0,60.

Nos demais anos da década de 1990, a passagem do "buzu" seguiu o mesmo padrão, aumentando para R$ 0,70 em 21 de julho de 1997. Entretanto, um novo reajuste demorou para acontecer e só foi aplicado quase dois anos depois, em 11 de março de 1999, para R$ 0,80.

A cidade entrou no novo milênio com seu principal meio de transporte custando abaixo de 1 real e isso se refletiu até mesmo no aumento seguinte, ocorrido em 6 de janeiro de 2001, ainda para R$ 0,90. Porém, a "farra" do ônibus abaixo do que, hoje, é considerado um valor simbólico, acabaria quase sete meses depois, em 2 de setembro, quando ele passou a custar exatamente R$ 1.

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