Saúde

Duas crianças indígenas entre 0 e 5 anos morrem todos os dias no Brasil

Agência Brasil
13% das vítimas cometeram suicídio e 11% foram assassinadas  |   Bnews - Divulgação Agência Brasil

Publicado em 15/10/2019, às 08h55   Yasmin Garrido


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No Brasil, existem cerca de 890 mil indígenas, de acordo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Destes, quase 2% morreram nos últimos cinco anos. Entre as vítimas, no entanto, 28% eram crianças entre 0 e 5 anos de idade, número que corresponde a 3.019 mortes no período - 4% do total de nascidos vivos entre 2015 e 2018.

O que mais chama a atenção entre as mortes de crianças indígenas é o fato de que 13% das vítimas se suicidaram, enquanto 11% foram assassinadas. Desta forma, é possível dizer que quase um quarto das crianças mortas sofreram algum tipo de violência.

Os dados foram coletados do Sistema de Informação da Atenção à Saúde Indígena (Siasi), combinados com outros obtidos por meio de Lei de Acesso à Informação junto à Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) e ao Ministério da Saúde.

O povo indígena Yanomami do Amazonas e de Roraima tiveram 425 crianças mortas no período. No Amazonas, o pico ocorreu em 2017, quando 55 crianças entre 0 e 5 anos perderam a vida. Já em Roraima, a alta foi em 2016, com 70. As principais causas, de acordo com o levantamento, são agressões, desnutrição e distúrbios metabólicos.

Os Xavantes tiveram menor quantidade de óbitos, com 300 vítimas até cinco anos de idade. O ano de 2016 mais uma vez aparece como o que mais teve registros (86). As causas, no entanto, foram mal definidas ou dadas como desconhecidas. O único apontamento concreto foi “problemas no sistema respiratório ou circulatório”.

Por meio de nota, o Ministério da Saúde explicou que tem intensificado, com a atuação da Sesai, a vigilância do óbito em todos os Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI).

“O objetivo é promover a redução da mortalidade materno-infantil. Assim, a partir do reforço das ações de investigação de óbitos em áreas indígenas, em especial de crianças menores de cinco anos, da sistematização dos registros relacionados aos óbitos, entre outras estratégias, as informações relativas à mortalidade materno-infantil estão cada vez mais qualificadas”, escreveu.

Por fim, o Ministério da Saúde afirmou que “o treinamento faz parte da estratégia de Atenção Integrada às Doenças Prevalentes na Infância (Aidpi), elaborada pela organização Mundial de Saúde (OMS) com o objetivo de reduzir a mortalidade em menores de cinco anos”.

A situação de morte de crianças indígenas se repete em todo o território nacional, com casos registrados no Acre, Amazonas, Alagoas, Amapá, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraíba, Pernambuco, Paraná, Rio de Janeiro, Roraima, Rondônia, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Sergipe, São Paulo e Tocantins.

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