Saiba como evitar desconfortos após ingerir comidas de azeite

Quem não abre mão de uma boa moqueca, caruru, ou vatapá, durante a ceia da Sexta-feira Santa, sabe bem o que é ter que lidar com os desconfortos causados pelo consumo das chamadas comidas de azeite. De acordo com o médico gastroenterologista e endoscopista, Eugênio Bacelar Viana, alimentos que contêm azeite de dendê possuem um alto teor de gordura, e acabam retardando o processo de digestão. Em razão disso, é necessário estar atento às dicas sobre como evitar desconfortos após a ingestão dos pratos típicos desta época do ano.

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Conforme aponta o especialista, o problema não está especificamente no azeite de dendê, mas sim na forma como os alimentos são consumidos. “Qualquer alimento com maior teor de gordura tem uma digestão mais lenta”, explica.

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“Se você ingere uma comida que tem grandes teores de gordura, a digestão é mais lenta porque leva mais tempo no estômago e necessita de uma quantidade de enzimas maior do que um alimento que tem uma menor quantidade de gordura”, contextualizou o médico. “Não é que faça mal, nem provoque indigestão. Mas causa uma digestão mais lenta”, pontuou.

“Comidas de azeite retardam a digestão normalmente, mas não fazem mal absolutamente, contanto que ingeridas com moderação”, ressaltou o profissional da saúde.

Em entrevista ao BNews, Viana informou quais desconfortos uma digestão retardada pode causar. Confira:

Sensação de empachamento

Segundo o especialista, o principal desconforto provocado por uma digestão retardada é o empachamento pós-prandial, que é o empachamento que fica depois da alimentação e demora mais tempo após a ingestão de muita gordura.

“O desconforto principal é você ficar com a sensação de estômago cheio mais do que o normal”, relata o médico. “Se uma pessoa ingere uma quantidade grande de gorduras, esse alimento vai ficar mais tempo no estômago, então você vai aumentar o tempo de digestão”, conta.

Azia

Outro desconforto que um problema com a digestão pode provocar é o que as pessoas chamam comumente de azia. “É a sensação de queimor que sobe pelo peito. Isso acontece porque o alimento que está dentro do estômago, por alguma situação, fisiológica, ou não, retorna para o esôfago. Se esse alimento fica muito tempo em contato com a mucosa do esôfago, provoca uma sensação de queimor e pode causar até uma queimação no esôfago, que é o que a gente chama de esofagite”, orienta Viana.

Diarreia

Além de ser um desconforto fisiológico, a diarreia acaba sendo um desconforto social para muitas pessoas, sobretudo durante o momento das reuniões familiares que costumam ocorrer neste período. O médico explica como o consumo de comidas de azeite pode provocar o chamado “piriri”.

“Quando você ingere uma quantidade muito grande de gordura, sua capacidade de digerir essa gordura é menor. O intestino continua funcionando tranquilamente, ele não fica parado, esperando por você, mas aí quando chega no intestino grosso, há uma quantidade de gordura que ainda não foi digerida. Quando essa gordura chega no intestino grosso, ela provoca uma irritação na mucosa e o intestino tende a aumentar a movimentação dele, causando a diarreia”, detalha.

Como evitar desconfortos

Para não tornar o momento pós-refeição desgastante e poder aproveitar o restante da Sexta-feira Santa sem passar nenhum perrengue, confira as dicas sugeridas pelo gastroenterologista sobre como evitar desconfortos após ingerir comidas de azeite.

1. Moderação

De acordo com o médico, o ideal é evitar consumir um grande volume desses alimentos. “Comer com moderação, sem deixar de comer tudo o que gosta”, orienta.

2. Evitar bebida alcoólica

Outra dica sugerida pelo médico é evitar associar o consumo de bebida alcoólica à ingestão desses alimentos, ou simplesmente também reduzir a quantidade de álcool.
“A bebida alcoólica junto a essas comidas é uma coisa que sempre piora, porque a bebida alcoólica, por si só, retarda o esvaziamento do estômago, faz o estômago ficar mais lento, então, já piora o sintoma de empachamento, e piora a sensação de voltar à queimação”, afirma.

“Não é que não possa misturar álcool com comida de azeite, é se preocupar com o excesso”, acrescentou Viana.

3. Mastigar lentamente

Eugênio Bacelar Viana informa que uma mastigação adequada também pode auxiliar na digestão dos alimentos. Vale lembrar que, segundo o Ministério da Saúde, é necessário mastigar, em média, 30 vezes cada porção antes de engolir. Também é importante usar os dois lados da boca, prática que costuma ser negligenciada.

4. Não deitar após as refeições

Quem tem costume de tirar o famoso cochilo após o almoço deve repensar essa ideia. Segundo o gastroenterologista, o ato de deitar após o consumo de comidas também costuma provocar os desconfortos.

5. Caminhar

A prática de caminhar após as refeições pode ser uma aliada da digestão e está entre umas sugestões do médico para quem não quer enfrentar nenhum perrengue após a ceia. “Depois de ter ingerido esses alimentos todos, levar um tempo, fazer uma caminhada. Não que a caminhada faça a digestão ser apressada, mas quando você caminha, você está dando um tempinho”, finalizou o gastroenterologista.

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