Arrogância do PT e desistência de Trindade recolocam Geraldo Júnior no jogo em Salvador

A desistência "irreversível", segundo palavras do próprio, de José Trindade (PSB) da corrida eleitoral pela Prefeitura de Salvador em 2024 pode representar uma reviravolta na base aliada de Jerônimo Rodrigues (PT). Já se fala nos bastidores que a decisão recoloca Geraldo Júnior (MDB) com força no game, já que a pré-candidatura Robinson Almeida imposta pelo PT de Salvador não está empolgando.

Com o aval (quase imposição) de Rui Costa (PT), Trindade vinha tentando "cavar" uma unidade na base desde o início do ano, quando contratou uma equipe de comunicação robusta e passou a aparecer como papagaio de pirata em todos os eventos do PT. Contudo, o investimento foi em vão.

O presidente da Conder não só não conseguiu o apoio do PT, como enfrentou a ciumeira de dentro do próprio PSB. Lídice da Mata, presidente estadual do partido e vaidosa por sempre aparecer como principal pré-candidata da sigla nas últimas campanhas, por exemplo, estava irritada com o movimento verticalizado de Rui por Trindade e com a decisão do PT. O vereador Silvio Humberto, que há anos está na fila para ser candidato a prefeito de Salvador, idem.

Apesar da alegação de problemas de saúde, a decisão de Trindade coincide também com a decisão do PT de tentar forçar, mais uma vez, um candidato próprio sem peso político em Salvador. Em 2020, por exemplo, a sigla tirou da cartola a então "Major" Denice. Apesar de uma boa imagem junto ao eleitorado, ela lamentavelmente se mostrou inábil politicamente. 

Agora, surge o deputado estadual Robinson Almeida que, apesar do bom trato nos bastidores, não é um dos quadros mais expressivos da legenda.

Outros nomes ventilados de partidos satélites ao PT também parecem não vingar. A deputada estadual Olívia Santana (PCdoB), por exemplo, já teve dias melhores na base petista. Recentemente, inclusive, chegou a ser vaiada por professores na Assembleia Legislativa... Já Antonio Brito (PSD), que é bem relacionado, está com os olhos voltados para a presidência da Câmara Federal. O Avante, por sua vez, agora vai tentar forçar Pablo Barrozo.

Por ora, sobra Geraldo. O vice-governador, aliás, tem mantido o otimismo em declarações públicas sobre ser o candidato da base em Salvador. O maior desafio do "líder", contudo, tem sido mesmo conquistar a confiança da militância mais à esquerda. Se ele vai conseguir, só o tempo dirá.

O Conselho Político de Jerônimo, contudo, tem esquecido de um detalhe no meio dessas confusões: escolher um nome que seja capaz de realmente ameaçar a reeleição do prefeito Bruno Reis (União Brasil).

*Henrique Brinco é editor de política do BNews

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