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Volta de Kiki à Câmara é um recado para Geraldo Júnior

O ainda secretário de Bruno Reis deve retornar em breve à CMS para reassumir o mandato de olho na sucessão da presidência  |  

Publicado em 18/04/2022, às 06h00      Victor Pinto

Um dos vereadores atingidos com a manobra da antecipação da eleição da Câmara de Salvador promovida por Geraldo Júnior (MDB) foi Kiki Bispo (UB), sem sobra de dúvidas. O ainda secretário da área de Assistência Social da gestão Bruno Reis (UB) era uma das pedras cantadas para disputar a sucessão do emedebista e já tinha, indiretamente, entrado em campo para se articular nesse sentido.

A reeleição de Geraldo Júnior com o encaixe de Carlos Muniz (PTB) na vice-presidência, até então, fechou esse percurso. Caso seja eleito vice-governador na chapa de Jerônimo Rodrigues (PT) na disputa pelo governo da Bahia, renunciará o mandato e vai entregar a chave do Paço Municipal ao petebista, contudo, caso não logre êxito nesse sentido, continuaria no comando do legislativo exercendo poder e influência sem retornar à planície.

Mas no meio do caminho existe uma ADPF, existe uma APDF no meio do caminho. A arguição provida pelo União Brasil, sob a batuta de Duda Sanches (UB) - outro que sonha com a presidência - no Supremo Tribunal Federal (STF) requer a derrubada de toda a eleição e assim prover um novo escrutínio entre os pares. Uma semana se passou e nada foi efetivado ainda. E é aí onde entra Kiki Bispo na história.

O retorno de Kiki à Câmara, antes prevista para acontecer alguns meses antes do fim do ano, quando seria o período “normal” de eleição do comando do legislativo para o próximo biênio, é entendido como um recado direto a Geraldo. Bispo deve ganhar fôlego e preparar o terreno caso consiga um entendimento favorável do Supremo por um novo pleito. Viu o cavalo selado passar por duas vezes: abriu mão de uma por atropelo dos rivais e outra por um cenário não favorável.

Com Reis sentado na cadeira do Executivo, na visão de muitos, haveria uma tendência de Bispo ter um padrinho ou patrocinador oculto que o levaria ao comando da CMS. Os dois foram atropelados, anotaram a placa do caminhão e agora buscam a “indenização”.

Outro que deve ficar alerta com o movimento é o atual líder do governo, vereador Paulo Magalhães Júnior (UB). O edil foi duramente criticado nos bastidores por ter deixado correr solto o pleito eleitoral do dia 29 de março. Contudo, conforme apurado pelo BNews, PM cumpriu aquilo que lhe fora orientado pelo Palácio Thomé de Souza. Se tivesse enfrentado um bate-chapa, pelo voto secreto, a fotografia da derrota daquele dia seria pior.

Kiki terá a missão de melhorar a interlocução da Casa com a gestão e muito se comenta que deve ser promovido a Líder do Governo. O prefeito já se movimenta para tentar neutralizar Geraldo. O emedebista, inclusive, recentemente, afirmou que ainda conversa com Bruno Reis, mas sobre ACM Neto (UB) nega veementemente o contato e diz não preferir render o assunto.

Se há diálogo, há esperança. Ou não? Tudo vai depender do desenrolar dos próximos meses. Agora o que mexe na Câmara, mexe na disputa do governo e o que mexe na disputa do governo, mexe na Câmara. O famoso “lá e lô”. O Palácio de Ondina e aliados devem entrar em campo por GJ, mas Clistenes e BR estão bem ligados pra entrar em campo no momento certo.

 

Victor Pinto é editor do BNews e âncora do programa BNews Agora na rádio Piatã FM. É jornalista formado pela Ufba, especialista em gestão de empresas em radiodifusão e estudante de Direito da Ucsal. É colunista do jornal Tribuna da Bahia, da rádio Câmara e apresentador na rádio Excelsior da Bahia. Twitter: @victordojornal

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