BNews Agro

Tecnologia praticada na Bahia pode ser a solução para crise dos fertilizantes

Pesquisadores criaram uma empresa na Bahia de arbolina; um estimulante para a planta que a deixa mais resistente a períodos de seca e pode ser solução  |  Adapec/Governo do Tocantins

Publicado em 15/03/2022, às 21h34   Adapec/Governo do Tocantins   Redação

Com o conflito entre Ucrânia x Rússia, muito se tem falado sobre como o Brasil pode ser afetado, já quase todo fertilizante usado no agronegócio é importado do mercado russo. Uma solução para isso pode ser o resultado de uma pesquisa feita na Universidade de Brasília (UnB), onde foi desenvolvida uma substância que ajuda as plantas a produzir mais e a resistir à seca: a arbolina.

Segundo os pesquisadores, que estudam há 7 anos em laboratórios de nanotecnologia, essa substância orgânica é uma partícula minúscula, invisível a olho nu, que, diluída em água, forma um estimulante para a planta. Inicialmente extraída de uma planta, ela já é reproduzida em laboratório.

“A gente já consegue um produto comercial mantendo as mesmas propriedades. É um produto biodegradável, não acumula no ecossistema e é totalmente compatível com os seres vivos”, explica o estudante de doutorado da UnB Rogério Gomes Faria, mesmo sem dar detalhes e mantendo todo o processo da arbolina em sigilo.

 

Ainda de acordo com os pesquisadores, após aplicada na planta, a substância entra rapidamente dentro das células e age de duas maneiras: converte raios ultravioletas do sol – que são nocivos às plantas – em luz azul, que melhora fotossíntese e, por consequência, o desenvolvimento de diversas culturas.

“Ela ajuda a ter um consumo eficiente da água, ela reduz a transpiração e isso faz com que necessite de menos água para manter seus processos metabólicos”, disse Rogério ao explicar como a arbolina deixa a planta mais tolerante à falta de água.

Para provar que a arbolina pode ser realmente eficaz, após os testes em laboratórios no milho, alface, tomate e cacau, UnB fez uma parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e no campo experimental da Embrapa Hortaliças, o bioestimulante está sendo usado no cultivo de tomate.

Essa nova fase da pesquisa, deve mostrar quais são os efeitos do produto na lavoura que sofreu estresse hídrico. São comparadas duas áreas com diferentes níveis de irrigação; uma lavoura recebeu água dia sim e dia não, e a outra ficou 10 dias seguidos na seca.

Leia também:

Agronegócio brasileiro teme alta de fertilizantes para a próxima safra devido ao impacto da guerra da Ucrânia

Brasileiros já sentem no bolso alta nos preços de produtos agrícolas por causa da guerra

"O impacto maior será no segundo semestre", diz secretário da agricultura sobre guerra na Ucrânia

Com esse estudo, foi possível perceber que na comparação entre os tomateiros que sofreram com falta de água, aqueles que receberam a nanopartícula tiveram uma produtividade 17% maior, de modo que os tomateiros que enfrentaram a seca e receberam o bioestimulante tiveram produção semelhante dos irrigados, que estavam sem arbolina.

No mesmo experimento foram comparadas plantas que receberam irrigação normal com e sem arbolina. Resultado: ganho de produtividade de 21% com o uso do bioestimulante. Já a produtividade da soja, teve aumento em 20% na comparação com a média nacional e 33% maior no cultivo de feijão.

Após os resultados, a equipe da UnB abriu uma empresa na Bahia para produzir e vender o bioestimulante: a biofábrica, que fica localizada no município de Dias Dávila e tem capacidade para produzir 200 mil litros de arbolina por mês, o suficiente para 100 mil hectares de lavoura.

Siga o BNews no Google Notícias e receba os principais destaques do dia em primeira mão.

Classificação Indicativa: Livre


Tags Guerra aumento ucrânia Rússia agricultura fertilizantes arbolina bioestimulante

Leia também


Pães e macarrão devem começar a ficar mais caros nas próximas semanas por causa da guerra


Debate sobre drones no agronegócio avança nos próximos dias