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"O impacto maior será no segundo semestre", diz secretário da agricultura sobre guerra na Ucrânia

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De acordo com o secretário João Carlos Oliveira, 25% dos fertilizantes utilizados na Bahia vem da Rússia  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 06/03/2022, às 07h00   Victor Pinto e Juliana Barbosa


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Durante encontro do Partido Socialista Brasileiro (PSB), na manhã desta sábado (5), em Salvador, o secretário da Agricultura, Pecuária, Irrigação, Pesca e Aquicultura da Bahia, João Carlos Oliveira da Silva, comentou sobre os impactos da Guerra na Ucrânia no setor agrícola. O titular da Seagri avalia que não terá impacto imediato na produção:
"Olha, eu acho que o impacto maior será o segundo semestre. Porque os agricultores já se prepararam para esse primeiro momento. Mas, realmente é preocupante. Vinte e cinco por cento dos fertilizantes usados na Bahia vem da Rússia e, isso é preocupante. Nós trabalhamos com um solo altamente dependente de fertilizantes. "
Ainda de acordo com João Carlos Oliveira, há uma demanda muito forte por adubos químicos, principalmente, a base de nitrogênio, fósforo e potássio. E a preocupação com o agronegócio deve começar no segundo semestre:

“Nós da Seagri estamos fazendo um webinário dia onze para discutirmos esse assunto, envolvendo todos os segmentos, mas entendemos que nesse primeiro momento agora agricultores já compraram os fertilizantes. Problema maior passa a ser o segundo semestre. A ministra numa declaração disse a disse que o Brasil tem reservas de fertilizantes até outubro, a gente espera que isso seja verdadeiro. ”

O secretário fez críticas ao Governo Federal pela falta de políticas voltadas para o setor e ressaltou que a saída seria buscar importação em outros países para além da Rússia. "Nós estamos também recomendando que repensem o manejo. Você pode incorporar nutrientes através de culturas, você pode incorporar nutriente ao solo usando algumas plantas leguminosas, portanto, é o momento de buscar outras alternativas de importação em outros países, e é o momento também de intensificar a cultura de precisão."

Importação

Atualmente, o Brasil é o quarto consumidor global de fertilizantes, responsável por cerca de 8% deste volume e é o maior importador mundial. O Brasil importa cerca de 80% de todo o fertilizante usado na produção agrícola nacional. No caso do potássio, o percentual importado é de cerca de 95%. A Rússia é responsável por fornecer cerca de 25% dos fertilizantes para o Brasil.

A Rússia é a maior exportadora mundial de fertilizantes, com praticamente US$ 7,0 bilhões exportados em 2020. É também a maior fornecedora do Brasil, com US$ 1,79 bilhão dos US$ 8,03 bilhões que importamos (2020).

Em relação aos fertilizantes potássicos, a Rússia é responsável por cerca de 20% da produção global e é origem de 28% das importações brasileiras. Já para os nitrogenados, o país é o segundo maior produtor global. Como fornecedor para o Brasil a Rússia participa com 21% dos nitrogenados e, no caso específico do nitrato de amônio, o país é praticamente o único fornecedor para o Brasil, segundo dados da Conab.

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Diferentemente do que afirmou a ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, dados da Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda) apontam que o estoque de fertilizantes no país só deve durar até junho. O prazo indicado pela ministra era até o início da próxima safra, em outubro, no caso de escassez provocada pelo conflito entre Rússia e Ucrânia.

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