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Deputado a peso de ouro

Imagem Deputado a peso de ouro
O desembarque do PP na oposição, por mais que Rui Costa negue, causa impacto legislativo  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 21/03/2022, às 06h34   Victor Pinto


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Se antes o governo Rui Costa (PT) possuía um verdadeiro rolo compressor na Assembleia Legislativa da Bahia, resultado de uma vitória acachapante da eleição de 2018, e a manutenção, até semana passada, de uma base unida e coesa, agora vai passar por maus bocados. Com a saída do PP do teodolito e ingresso oficial na bancada da oposição, o número de folga possuído pelo petista passa a ser no limite da faca no pescoço.

O governo, hoje, só consegue, fácil, a maioria simples de 32 dos 63 deputados para aprovação de projetos, mas o quórum qualificado de 38 vai penar para conseguir. A preocupação segue estampada nos corredores da Secretaria das Relações Institucionais e da Liderança do Governo com reuniões individuais com alguns parlamentares estaduais e, algumas delas, até tarde da noite.

Um cenário é você governar com 40 ou 42 deputados, outro é saírem 10 de vez, pois além de alguns pepistas, outros de siglas diferentes demonstravam descontentamento com a gestão e forma do tratamento dado.

Os que estão na base já sentem a pressão violenta para a marcação de presença e votação. Ligações constantes. Sinal de preocupação. E se tem algo que deputado tem é o faro para crise política: e aí que se tornam peso de ouro no processo.

O pescoço engrossa e a pedida na mesa fica mais cara. Por exemplo: é sabido nos bastidores que os deputados Vitor Bonfim, Marquinhos Viana, Jurandy Oliveira e Junior Muniz estão se unindo para formar uma espécie de bancada independente. Querem unir forças para tentar abocanhar uma das secretarias que vagaram com a saída do PP.

Por mais que o governador Rui negue preocupação, minimize e ironize o fator legislativo, como fez quando o questionei sobre a celeuma na AL-BA, se presta a argumentar ser algo mais político do que do próprio parlamento. Mas, convenhamos, Rui não assumiria eventual dificuldade, ou a terceirizaria - é um expert no assunto -, ou negaria o fato, o que tem feito. Seja porque ninguém apontou que o rei está nu, seja pela negação por si só para não dar o braço a torcer.

O próprio Adolfo Menzes, presidente da AL-BA, não escondeu essa dificuldade futura que pode atrapalhar encaminhamentos do Executivo até meados de outubro. Depois da eleição, o negócio funciona diferente.

O chefe da Serin, Luiz Caetano, começa a ser alvo de críticas por ter se debruçado na campanha da sua atual esposa, Ivoneide. Dorme e pensa nessa eleição. Os deputados estaduais e também os federais acenderam o sinal de alerta quanto a isso e começam a pressionar. Um grupo de deputados tem receio de que ele utilize as informações e proximidade com prefeitos, vices, vereadores e lideranças para angariar ainda mais votos para sua amada.

Os que saem perdem as benesses do poder e tentam fazer arranjos por debaixo do pano para gozarem delas ainda em um ano eleitoral. Os que ficam sentem o peso da responsabilidade da base na beira do abismo e por isso querem mais, até mesmo para descontarem eventuais tratamentos antes dispensados. Rui não pode se dar ao luxo de perder mais dois ou três votos na AL-BA e nem pode bater demais na mesa. Fim de gestão. A história agora é outra.

Victor Pintoé editor do BNews e âncora do programa BNews Agora na rádio Piatã FM. É jornalista formado pela Ufba, especialista em gestão de empresas em radiodifusão e estudante de Direito da Ucsal. É colunista do jornal Tribuna da Bahia, da rádio Câmara e apresentador na rádio Excelsior da Bahia. Twitter: @victordojornal

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