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Missão 44 e o saudosismo do 25

Joilson César/BNews
Repórter de Política do BNews analisa desempenho de ACM Neto na disputa pelo governo da Bahia  |   Bnews - Divulgação Joilson César/BNews

Publicado em 19/10/2022, às 16h42   Eduardo Dias*


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Ao longo de sua história na política, ACM Neto (UB) acumula mais eleições "fáceis" do que "difíceis", somando suas êxitosas eleições para deputado federal, como o mais votado da Bahia por duas vezes seguidas, com 400,275 mil votos, em 2002, e 436.966 mil votos, em 2006, pelo PFL, e as eleições para prefeito de Salvador, em 2012, quando venceu Nelson Pelegrino (PT) no segundo turno, mas largando à frente no primeiro turno, e em 2016, com a vitória acachapante em primeiro turno. 

A ressalva fica para a sua primera tentativa ao Palácio Thomé de Souza, em 2008, quando ficou em terceiro lugar na disputa, atrás de Walter Pinheiro (PT) e João Henerique (MDB), respectivamente. As três disputas foram pelo antigo DEM.

Atualmente, o ex-prefeito de Salvador enfrenta uma dura missão até o dia 30 de outubro, data do segundo turno das eleições: reverter a vantagem de Jerônimo Rodrgues (PT), que largou na frente na disputa pelo Palácio de Ondina: 49,45% contra 40,80%, e também tentar se desapegar, ou não, da sombra saudosista de seus antigos partidos para massificar cada vez mais seu novo número de urna pela Bahia. 

Bom, não que a herança política do ARENA, PFL e, consequentemente, do Democratas, seja maléfica a Neto. Pelo contrário. Ele, assertivamente, tem explorado esse saudosismo na sua primeira disputa pelo governo baiano, ainda mais por uma nova sigla, o União Brasil, desconhecida por muitos baianos. 

Uma das armas utilizadas pelo herdeiro carlista foi a reutilização repaginada do jingle marcante “ACM, meu amor”, que marcou campanhas de seu avô Antônio Carlos Magalhães. 

No entanto, ele tem reforçado a aliados a necessidade da massificação do número 44 na campanha de segundo turno, feito esse que, segundo ele, apresentou falhas no primeiro turno. Talvez por isso, mesmo que ainda não muito significativo, ainda há quem ache que o apertar o 25 na urna estará votando no ex-prefeito.

Uma estimativa desse movimento foi apontada no mês de setembro, quando o Instituto Datafolha trouxe um recorte de que, naquele momento, apenas 31% dos eleitores entrevistados acertaram qual era o número que deveriam digitar na urna eletrônica para votar no candidato, que é o 44. 

O resultado disso, como mostra um recente levantamento do BNews, junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e o Tribunal Regional Eleitoral da Bahia (TRE-BA), após análise das urnas em toda a Bahia, é de que em todo o estado foram constatados 3.573 votos anulados por eleitores que digitaram o 25 na urna para governador. 

Como ACM Neto disputa agora a eleição pelo União Brasil, que tem o número 44 na urna, os votos são anulados. No geral, isso dá menos de 0,04% do total de votos válidos, que foi de 8.129.042 e não chegou a tirar 0,2% dos votos do ex-prefeito de Salvador.

No primeiro turno, Neto teve 3.316.711 votos, 1.814.445 a mais que Zé Ronaldo (UB) teve quando disputou com Rui Costa (PT), e foi o último candidato ao governo que estampou o 25 do extinto DEM.

A conclusão que se tira é de que ACM Neto tem investido, e muito bem, em alavancar o novo número e partido. Ele casou o peso de seu sobrenome e força política adquirida a uma expectativa de mudança e alcançou uma votação expressiva. Se conseguir o feito e virar o jogo no próximo dia 30, entrará para a história. 

*Eduardo Dias é repórter de política do BNews

Classificação Indicativa: Livre

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