BNews Pet

Zoológicos: Contribuição para a educação e conservação ou confinamento abusivo?

Reprodução/Instagram @zoosalvador
Especialistas falam sobre funcionamento dos zoológicos e sobre as polêmicas a respeito desse tema  |   Bnews - Divulgação Reprodução/Instagram @zoosalvador

Publicado em 14/03/2022, às 09h26   Milena Ribeiro


FacebookTwitterWhatsApp

Uma grande polêmica gira em torno das instituições de zoológicos no Brasil acerca do seu papel na vida do animal. No Zoológico de Salvador, há mais de 1.400 animais, entre mamíferos, aves e répteis, em seus plantéis. No Dia Nacional dos Animais, o BNews levanta um debate sobre o tema ouvindo especialistas que divergem sobre o assunto. Será que é saudável para os animais ficarem à disposição de uma grande plateia?

O coordenador do zoológico da capital baiana, Vinicius Dantas, avalia que esses ambientes são importantes ferramentas para a manutenção da fauna. Ele afirma que todos os animais são observados e cuidados de forma individual, levando em consideração seu grau de risco no manejo, idade e necessidades.

“A medicina preventiva é atividade de rotina, assim prevenimos doenças e tratamentos extensos. O manejo é sempre feito com tratadores e profissionais experientes, de forma que não haja nenhum incidente”, contou.

Já o advogado e integrante da Comissão Especial de Defesa dos Animais da OAB-BA, Rodrigo Freire de Moraes, avalia que o ambiente é local para prisão e sofrimento dos animais. Ele acrescenta que os animais confinados nesses locais acabam sofrendo distúrbios comportamentais, ocasionados pelo estresse a que são submetidos diariamente. “Muitos perdem seus hábitos naturais, seu espírito silvestre, passando a ser, de certa forma, quase animais domésticos, acostumados com a presença dos seres humanos”, diz.

Ele também acrescenta que os moldes atuais dos zoológicos não estão de acordo com o que o advogado acredita ser o ideal para o bem-estar dos animais silvestres. Segundo ele, os zoos não deveriam passar de lares temporários para animais resgatados, que ficariam confinados para serem tratados e, posteriormente, serem reintroduzidos à natureza. No tempo em que ficasse nesse ambiente fechado, ele acredita que os bichos não deveriam ter contato com nenhum humano além dos tratadores e veterinários.

“Os animais têm sentimentos e instintos que devem ser respeitados. Zoológico, nos moldes de hoje, é prisão, dor e sofrimento. Jamais deveria ser uma vitrine para gargalhadas e diversão de quem quer que seja”, diz.

Dantas discorda de quem critica o funcionamento dos zoológicos. Ele destaca que cada animal que vive ali é um importante banco genético para programas de conservação. “Os zoológicos, em sua maioria, trabalham com conservação de espécies ameaçadas, participam de planos de ação para conservação dessas espécies, e graças aos trabalhos em conjunto com zoológicos, muitas espécies saíram do Status de ameaçado, como exemplo o mico-leão-dourado”, pontuou.

Além disso, ele ressalta que a equipe técnica que trabalha no zoológico possui muita competência no manejo com fauna silvestre e esse é um dos motivos para esses ambientes dar apoio técnico na recepção de animais que necessitam de cuidados especiais antes de sua soltura. Ele também diz que nos zoos existe a prática de educação ambiental e que isso é muito importante “na construção de novos valores para a sociedade, pautados no respeito, amor e coexistência com o meio ambiente”.

“Zoos são Oásis de vida silvestre e flora inseridos dentro das cidades, [são] fonte de contemplação, aprendizado e consciência individual e coletiva”, disse.

O coordenador do zoo de Salvador assegura ainda que os animais nunca são vendidos. Ele explica que, quando há necessidade, a instituição busca fazer permutas, sempre com um objetivo conservacionista, segundo ele.

Apesar da preocupação de muitos com os animais idosos, ele reforça que esses bichos passam a ter um acompanhamento diferenciado, com direito a dieta especial atendendo suas necessidades, como alimentação em pedaços menores, vitaminas e processados, com suplementações. “O objetivo é que nossos idosos tenham melhor qualidade de vida e passem pelas dificuldades da senilidade de forma mais confortável possível. Para eles, assim como para os filhotes e neonatos, o cuidado é dado 24 horas por dia”, diz.

Dantas contou que a maioria dos animais que estão no zoológico, atualmente, nasceu no local. Os outros, ou chegaram através de permutas entre o zoo e outras instituições, ou através dos resgates de animais que não têm mais condições de retornar à natureza.

Leia Mais:

Amizade inesperada: Cachorro brinca com filhotes de leão e tigre em zoológico
Visitantes quebram vidro de jaula em zoológico para salvar irara
Onça foge e zoológico de Brasília é evacuado


Legislação

O advogado afirma que, apesar de muito já ter se falado sobre as controvérsias do papel do zoológico, no Brasil não há proibição alguma para o funcionamento desses locais. Contudo, relembra que o Estado de São Paulo sancionou a Lei 17.321/20, proibindo a abertura de novos zoológicos, sendo que os já existentes continuarão a funcionar, mas com a condição de buscar a reabilitação dos animais com o objetivo de os devolver a natureza, sempre que isso for possível.

A nova lei, vale ressaltar, tem como objetivo estimular a criação de apresentações virtuais ao público, diminuindo, assim, a visitação presencial. Sobre a fiscalização nos zoológicos, Rodrigo explica que, através de denúncias, o Ministério Público, por meio da Promotoria do Meio Ambiente, realiza vistorias específicas, buscando identificar problemas e crimes ocorridos aos animais, resultando em advertências e, em casos mais graves, penalidades.

E você? O que acha da manutenção de zoológicos?

Siga o BNews no Google Notícias e receba as principais notícias do dia em primeira mão.

Classificação Indicativa: Livre

FacebookTwitterWhatsApp