Coronavírus

Retorno de grávidas ao trabalho presencial divide opiniões; leia relatos

Agência Brasil
Empresários, gestantes e profisisonais de saúde expressaram opiniões sobre a nova medida  |   Bnews - Divulgação Agência Brasil

Publicado em 14/03/2022, às 06h10   Karine Pamponet


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Incertezas e medo são os sentimentos presentes nas mulheres grávidas, mesmo que imunizadas, que já devem retornar ao trabalho presencial após o presidente Jair Bolsonaro (PL) ter sancionado a lei que prevê o retorno das grávidas presencialmente aos postos de trabalho. Já o empresariado, principalmente as pequenas empresas, comemoram à medida que contribui para a redução dos custos na folha de pagamento.

Para a administradora Rafaela Conrado, grávida de seis meses do primeiro filho, a pandemia ainda é realidade no país e os efeitos para o feto ainda são desconhecidos. “Achei bem precipitada essa decisão que expõe as mulheres grávidas ao contato com mais pessoas e aumenta a chance do contágio. O pior é que não temos ainda conhecimento do que esse vírus pode causar às crianças que tiveram contato com a doença na fase gestacional”, diz indignada. Ela acrescenta ainda que há pouco tempo, muitas mulheres foram vítimas de má formação fetal em consequência de terem contato com um outro vírus. “ Se puxarmos da memória, vamos lembrar dos muitos bebês que nasceram com microcefalia por conta do contágio do vírus da chicungunha em gestantes”, conclui.

Já a terapeuta Rosana Leal, que acabou de confirmar a gravidez de pouco mais do que 12 semanas, ressalta que se parar de trabalhar não gera renda para dentro de casa, mas que ainda teme o que pode acontecer caso pegue a covid-19. “Agora, com certeza, os gastos tendem a aumentar e preciso trabalhar para ganhar dinheiro, mas, ainda não estou completamente segura de que se contrair a doença nada irá acontecer com meu filho”, afirma.

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Ainda com poucos estudos sobre as consequências da Covid-19 para as pessoas, a médica ginecologista e obstetra, Carolina Figueira de Queiroz, afirma que nesses dois anos de pandemia o que se pode perceber é um maior problema quando a gestante contrai a doença no último trimestre. “ Como o vírus ataca o pulmão, na hora de parir as mulheres ficam sem conseguir expandir os pulmões o que pode causar complicações no parto”, diz.

Carolina diz que, hoje, com a vacinação, já se tem um novo cenário da doença e acredita ser possível o retorno delas ao trabalho presencial. “ Hoje o cenário é mais seguro, não totalmente, mas, considerando o panorama geral e já com o conhecimento maior da doença de como o vírus se transmite e se manifesta, podemos sim vislumbrar o retorno das gestantes ao trabalho desde que devidamente vacinadas a ainda fazendo uso dos protocolos de segurança como uso de máscaras, a limpeza das mãos com álcool em gel e, quando possível, distanciamento social”, completa. A obstetra que também é ultrassonografista ressalta, porém, a exceção seria para as gestantes que trabalham em contato direto com pessoas infectadas pelo coronavírus ou que possuam alguma comorbidade que a impossibilitem de retornar ao trabalho presencial. “Nesses casos o médico obstetra e o médico do trabalho deverão analisar caso a caso. Mas acredito que tudo já está passando  e logo teremos de volta à rotina normal”, conclui a médica.

A decisão de promover o retorno das grávidas ao posto de trabalho nas empresas de forma presencial foi comemorada pelo empresariado. “O custo de manter um empregado afastado e arcando com a integralidade do salário, além de todos os benefícios previstos pelas leis trabalhistas, pesa para a empresa. Sem contar que, muitas vezes, é preciso contratar um substituto para ocupar o lugar da gestante em teletrabalho. Mais custo para a empresa. Já é hora de todos voltarem presencial sim”, disse a empresária do ramo de logística de transporte pesados, Mylla Cohim. “Não podemos ser hipócritas. Vemos gestantes circulando em shoppings, mercados e restaurantes desde o início da pandemia. Acho que o decreto que permitiu o teletrabalho não impediu nenhuma grávida de sair de casa. Agora com a vacinação e no cenário de diminuição de contaminados e de mortes já está mais tranquilo o retorno ao trabalho também”, destaca.

A decisão também foi apoiada pela odontóloga Cristina Freire que há dois meses precisou afastar a empregada doméstica grávida. “Hoje ela está com quatro meses e vacinada. Estou comemorando o retorno dela na segunda-feira por que ser profissional que trabalha fora de casa, cuidar da casa, marido e de dois filhos está me enlouquecendo”, desse Cristina que complementa “as despesas também agradecem e agora já podem voltar a equilibrar as contas. Estava pagando integral o salário, mas, tive que contratar uma substituta temporariamente. De repente eram dois salários mínimos e dois encargos a mais na renda familiar”, completou.

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