Economia & Mercado
O dólar comercial abriu em baixa e chegou a operar no campo positivo, mas voltou a cair na segunda-feira (29), à medida que investidores mostram cautela antes das decisões de política monetária do Banco Central, Federal Reserve (Fed) e Banco do Japão (BoJ) da semana.
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Luiz Felipe Bazzo, CEO do transferbank analisa a movimentação do mercado financeiro dessa semana. “A moeda norte-americana fechou em queda na terça-feira (30), enquanto investidores aguardam novas decisões sobre as taxas de juros no Brasil e nos Estados Unidos. Um fator que pesa nos papéis da Petrobras é o anúncio, na última sexta-feira (26), do interesse em adquirir 40% da participação da empresa portuguesa Galp no campo de petróleo offshore Mopane, na Namíbia. A possível aquisição preocupa investidores pelo histórico fraco da petroleira com operações fora do Brasil. Além disso, caso a compra se concretize, o Capex da estatal pode aumentar, o que entraria na conta dos dividendos de forma negativa, também preocupando investidores”.
Segundo o especialista, o dólar caiu na quarta-feira (31), sob pressão, após o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) manter juros, mas comunicar que, caso os dados venham conforme o esperado, pode de fato ser discutido um corte em setembro.” Além disso, dados foram monitorados e houve algum ajuste nas perdas mais para o fim da tarde, após relatos de que o Irã confirmou que pretende atacar Israel, como retaliação pela morte de um líder do Hamas no país persa. O iene, por sua vez, avançou após o Banco do Japão (BoJ, na sigla em inglês) elevar juros mais cedo”.
O Ibovespa fechou a sessão da quarta-feira (31) em alta de 1,07% aos 127.651 pontos. O dia foi agitado no mercado com a forte alta do petróleo, resultado da elevação das tensões no Oriente Médio, e as expectativas para as decisões de políticas monetárias dos Estados Unidos e Brasil na conhecida Super Quarta. Para Bazzo, o que trouxe otimismo ao mercado foram os sinais nas falas do presidente do Fed, Jerome Powell, sobre o início do corte de juros em setembro.
“Apesar de Powell declarar que os dados ainda não foram o suficiente para iniciar o afrouxamento, a autoridade reconheceu que, se os progressos continuarem, o ciclo de cortes deve começar em setembro. Já a decisão do Brasil sai após o fechamento da sessão, com as projeções também apontando para a manutenção da Selic em 10,50%. O comunicado do Copom deve ser mais rígido e atento ao aumento da inflação, especialmente nos serviços, o que influencia as expectativas para o final do ano”, salientou o especialista.
Na quinta-feira (1º), a moeda, à vista (USDBRL), fechou a R$5,7350, com alta de 1,41%. Esse é o maior patamar desde 21 de dezembro de 2021, quando o dólar encerrou as negociações cotadas a R$5,7380. Durante a sessão, a divisa norte-americana renovou a máxima intradia do ano ao atingir R$5,7430 (+1,55%). O maior patamar do dólar no ano foi registrado em 2 de julho, quando atingiu R$5,7009. “No dia em questão, o avanço foi uma reação às falas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que renovaram as preocupações com o cenário fiscal doméstico em meio às críticas à postura do Banco Central. Nem a manutenção da taxa básica de juros no Brasil, com a Selic a 10,50% ao ano, nem a sinalização de início do afrouxamento monetário nos Estados Unidos a partir de setembro aliviaram a pressão no câmbio”, pontuou Bazzo.
De acordo com o executivo, “primeiramente, o mercado doméstico esperava uma possível sinalização de aumento dos juros, dada a desancoragem das expectativas de inflação e a pressão cambial. Contudo, isso não ocorreu no comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom). Como resultado, os operadores estão reestruturando suas posições, impactando o dólar como uma forma de proteção, visto que o Banco Central está relutante em elevar os juros”.
Na abertura dessa sexta-feira (02), o dólar seguiu em alta, atingindo R$5,78 nos primeiros minutos do pregão. “O mercado acompanha atentamente os indicadores econômicos. No Brasil, serão divulgados a produção industrial de junho e a receita tributária federal. Nos EUA, o relatório Payroll de julho trouxe insights importantes sobre o mercado de trabalho e influenciou as expectativas para a política monetária futura”, destacou Bazzo.
Ele lembrou ainda que as ações da B3 seguiram o movimento de queda das bolsas norte-americanas, com destaque negativo para os papéis da Embraer, Petrobras e Vale. “A instabilidade externa, combinada com a manutenção das altas taxas de juros, continua a pressionar o mercado financeiro local, com impactos diretos sobre a inflação e o crescimento econômico”, esclareceu.
Vale ainda evidenciar que, por volta de 14h, a moeda americana desvalorizou 0,38%, indo a R$5,713. Enquanto isso, a Bolsa de Valores de São Paulo, que tinha alta, mudou de sinal e passou a cair 1,08%, indo a 126.024,55 pontos. “Existe uma preocupação no mercado de que os juros americanos tenham ficado em um alto patamar por muito tempo e que isso traga recessão para a maior economia do mundo. A alta do dólar é impulsionada por fatores internacionais, como o acirramento das tensões no Oriente Médio e a contração econômica nos EUA, aumentando a aversão ao risco e a busca por ativos seguros. Internamente, a manutenção da Selic em 10,50% pelo Copom sem sinalizações claras para o controle de gastos públicos e a pressão inflacionária também pesam sobre o câmbio. A desvalorização do real é acentuada pela falta de uma política fiscal sólida e as expectativas de juros altos”, finalizou o CEO do transferbank.
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