Economia & Mercado

Poupança perde para inflação há quase 2 anos, aponta estudo

Gabriel Cabral/Folhapress
A última vez em que a poupança ofereceu uma rentabilidade acumulada em 12 meses, que superou a inflação, foi em agosto de 2020  |   Bnews - Divulgação Gabriel Cabral/Folhapress

Publicado em 20/05/2022, às 19h03   Lucas Bombona/FolhaPress


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Em meio à incômoda e persistente pressão inflacionária no país, os rendimentos oferecidos pela poupança estão próximos de completar dois anos de juros reais negativos, ou seja, abaixo da inflação.

Segundo levantamento da plataforma Economatica, o retorno real da poupança no acumulado de 12 meses foi negativo em 6,58% no mês de abril, quando a inflação medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) atingiu 12,13% na mesma base de comparação, nível mais alto desde outubro de 2003.

Os dados indicam que a última vez em que a poupança ofereceu uma rentabilidade acumulada em 12 meses que superou a inflação foi em agosto de 2020, quando o retorno real da aplicação foi de 0,45% em um ano.

Apesar da recente escalada na taxa básica de juros, a Selic, que aumenta a atratividade de produtos de renda fixa de modo geral, o rendimento da poupança não muda.

Mesmo com a taxa Selic em 12,75% ao ano, e com previsões de subir ainda mais um pouco, a aplicação da caderneta segue com o rendimento inalterado em 6,17% ao ano, mais a TR (Taxa Referencial).

A remuneração da poupança é de 0,5% ao mês sempre que a Selic estiver acima de 8,5% ao ano. Já quando a taxa básica é de até 8,5%, o rendimento da poupança equivale a 70% da Selic. A aplicação é isenta de IR (Imposto de Renda).

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"Quanto mais sobe a taxa Selic, o rendimento da poupança fica mais distante de compensar sequer a inflação, quanto mais comparado com outros investimentos em renda fixa que também são seguros, como o Tesouro Direto e as LCAs e LCIs, que permitem um ganho muito maior", afirmou Andrew Storfer, diretor de economia da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças).

Apesar do quadro, os dados mais recentes do BC mostram que cerca de 164 milhões de pessoas mantinham algum valor depositado na poupança ao final de 2019. De todo modo, em março deste ano, as retiradas em cadernetas de poupança superaram os depósitos em R$ 15,4 bilhões, segundo dados da autoridade monetária.

Foi o maior volume de resgate para o mês de março na série histórica do BC, iniciada em janeiro de 1995, e o terceiro mês consecutivo com captação negativa em 2022.

Com a retirada de recursos no mês, o saldo da poupança (ou seja, o volume total aplicado) registrou queda de R$ 10 bilhões, passando de R$ 1,016 trilhão em fevereiro para R$ 1,006 trilhão em março.

O fluxo de recursos na poupança passou a acumular retiradas significativas ainda em 2021, justamente quando o poder de compra do brasileiro voltou a ser assombrado por uma inflação de dois dígitos.

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