Economia & Mercado

Salvador registra menor patamar de intenção de consumo das famílias desde novembro, aponta Fecomércio-BA

Tânia Rêgo / Agência Brasil
Intenção de Consumo das Famílias (ICF) já registra a segunda queda consecutiva  |   Bnews - Divulgação Tânia Rêgo / Agência Brasil

Publicado em 26/05/2021, às 18h06   Redação BNews


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Elaborado mensalmente pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado da Bahia (Fecomércio-BA), o índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF) já registra a segunda queda consecutiva. Em maio, o indicador caiu 6,1% em comparação ao mês passado, quando já havia sido apontada uma redução de 6,6%. Se levado em consideração o mesmo período do ano passado, quando a pandemia da Covid-19 estava no auge da sua primeira onda, a redução é ainda maior, chegando a 10,2%. 

O comparativo realizado pelo ICF aponta que, dos sete itens analisados, todos apresentaram redução em maio. A maior queda é a do item Perspectiva de Consumo, que passou de 81,6 pontos em abril para os 72,3 pontos em maio, um percentual de 11,4% a menos. A pesquisa aponta ainda que seis a cada dez soteropolitanos já afirmam que irão gastar menos nos próximos três meses. Já o item Nível de Consumo Atual apresentou redução de 6,8%, atingindo os 65,1 pontos. 

De acordo com o Fecomércio-BA, a queda no consumo das famílias está relacionada à insegurança no mercado de trabalho, bem como à inflação que vem corroendo o poder de compra. Os itens Emprego Atual e Perspectiva Profissional, por exemplo, voltaram a ficar no patamar de insatisfação, abaixo dos 100 pontos, com os 97,2 pontos e 93,5 pontos, respectivamente. Estes, contudo, variaram de forma semelhante, em 6,7%, o primeiro, e 6,9%, o segundo.

A alta de preços, principalmente nos alimentos, já reflete na queda do item Nível de Renda. Em maio, o quantitativo chegou aos 87,1 pontos, 5,4% a menos que abril, registrando a terceira queda seguida. O índice oficial de preços dessa categoria acumulou 5,96% na região de Salvador em um período de 12 meses. Sendo assim, o grupo de alimentos e bebidas apresentou alta de 12,02%, no mesmo período.

O estudo chama atenção para o risco de inadimplência, que pode fazer com que os bancos venham a restringir mais o crédito aos consumidores. O item Acesso a Crédito detecta isso com a queda de 1,2% em maio. Além disso, 45% das famílias de Salvador afirmam que está “mais difícil obter empréstimos para compras a prazo”.

Desta forma, com o consumidor mais inseguro no emprego, a renda está mais curta e uma maior dificuldade de obter crédito, a intenção para compra de bens duráveis também tende a cair. Este fato é apontado no item Momento para Duráveis, que atingiu os 33,5 pontos, queda mensal de 2,5%, registrando a menor avaliação do mês de maio. Para 82%, este é um mau momento para comprar produtos como geladeira, fogão e televisor.

Já no que diz respeito à faixa de renda, as famílias com renda abaixo de 10 salários mínimos estão sentindo ainda mais o peso no bolso em maio. Conforme identificado na pesquisa, o índice para esse grupo foi de 73,1 pontos, uma redução de 6,5% em relação a abril. Ao mesmo tempo, o percentual para os que ganham acima de 10 salários mínimos passou de 115,7 pontos para os atuais 112,1 pontos, mesmo patamar do índice registrado no ano passado.

“O comércio da região sente há alguns meses os reflexos da deterioração das condições econômicas das famílias. A pesquisa da Fecomércio-BA sobre faturamento no varejo apontou queda de 6,6% em março quando comparado com o período pré-pandemia”, informou o consultor econômico Guilherme Dietze.

Ainda de acordo com o profissional, a segunda onda do coronavírus atingiu em cheio a economia local, resultando em várias consequências ao âmbito. “Para resgatar a intenção de consumo será necessário mais que um auxílio emergencial, mas investimentos de longo prazo para geração de empregos permanentes. Isso será possível quando houver previsibilidade econômica, o que por enquanto está difícil de ter”, concluiu o consultor.

Classificação Indicativa: Livre

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