Educação
Publicado em 17/11/2019, às 05h59 Yasmim Barreto
Salas de aulas com conteúdos afro-centrados, estímulo à representatividade e empoderamento da cultura africana e afro-brasileira. Essa é a forma que o Núcleo de Políticas Educacionais das Relações Étnico-Raciais (Nuper), a Escolinha Maria Felipa e a professora de História, Jacira Maria, encontraram para “enegrecer” a educação e combater o esvaziamento de crianças e jovens negros em Salvador.
Dentro dos colégios municipais há um movimento do Nuper com diversas ações voltadas para a cultura e a população negra na formação dos funcionários e na aplicação de conteúdo acadêmico a partir do papel do negro como formador da sociedade brasileira. O que, segundo a coordenadora do órgão, Eliane Boa Morte, é fundamental para contribuir com a permanência desses alunos e combater o racismo. No entanto, exige dedicação e estratégias para alcançar o diálogo e implantar os materiais didáticos.
“Muita gente ainda não aceita essa discussão, muitos professores acham que não é importante, que não existe racismo. Então, nós vamos nesse fluxo e contrafluxo dessa discussão, na tentativa das pessoas perceberem a importância. A maioria das pessoas são negras, não tem como a gente não falar sobre isso”, explica.
Durante a série do BNews - Enegrecer para Ver -, Eliane ainda reiterou que uma das maiores barreiras é conseguir trabalhar com os professores para que eles consigam aplicar esses materiais com formação consistente sobre temática racial. Além de debater sobre a valorização do indivíduo com os alunos, para diminuir os casos de racismo nos colégios.
Coletivo Crespo
Para fortalecer a luta a favor cultura negra, a professora que leciona há 20 anos, Jacira Maria, criou o Coletivo Crespo, que tem a participação de mais de 100 alunos do Colégio Estadual Professor Rômulo Almeida. O grupo trabalha com leituras de temática racial, empoderamento dos jovens e acompanhamento escolar.
A exaltação da negritude é fundamental para trabalhar a autoestima e incentivar as potências de cada aluno, relatou a fundadora do Coletivo Crespo. No entanto, para a educadora, os jovens negros reunidos e debatendo sobre suas ancestralidades têm incomodado parte do corpo docente da escola. Mas, Jacira destacou que esse movimento contrário ao coletivo não terá força para acabá-lo.
Iniciativa privada
A busca por uma escola que contemplasse as ideologias dos pais como o não incentivo a competitividade, Ian Cavalcante, professor de História, e Bárbara Carine, professora de química, para a filha Iana, foi o motivo da criação da Escolinha Maria Felipa, que valoriza as matrizes ancestrais africanas, afro-diaspóricas, afro-brasileiras e ameríndias.
Segundo Ian, a escola, que ainda completará um ano, está viabilizando resultados positivos não só para a sua filha, mas para a formação de todas as crianças. "Acredito que nossa proposta possibilita uma mudança social, nesse primeiro ano as crianças já demonstraram resultados incríveis da valorização da cor preta, da cultura afro e ameríndia".
Ressalta-se que, apesar de ser uma iniciativa privada, a escola possui 20% de bolsas integrais para crianças em vulnerabilidade social de crianças negras e ameríndias que residam em bairros periféricos. Além disso, o objetivo do casal é que nos próximos anos o percentual aumente para 50% de bolsas. “A ideia é que os 50% pagantes ajudem os outros 50% a estudar”.
Matéria relacionadas:
Enegrecer para Ver: Negros têm maior incidência de evasão escolar que brancos na capital mais negra fora da África; conheça histórias
Enegrecer para Ver: Mulheres negras em ascensão social expõem cenários de racismo no mundo dos negócios
Classificação Indicativa: Livre
Muito barato
Imperdível
Qualidade Beats
Ótimo preço
Fones top de linha