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"Existe materialidade para confirmar as agressões", diz ao BNews ex-advogado da mulher que acusa Neymar

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Francis Fernandes, do escritório Fernandes e Abreu Advogados, conversou com a reportagem do BNews nesta terça   |   Bnews - Divulgação Reprodução / Instagram

Publicado em 04/06/2019, às 11h34   Tiago Di Araujo


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O caso envolvendo o jogador Neymar, que está sendo acusado de estuprar uma jovem de 26 anos, no último dia 15 de maio, em Paris, tem tido novos capítulos a cada dia. Os últimos desdobramentos foram que o escritório de advocacia que defendia a suposta vítima deixou o caso e em seguida, um laudo médico divulgado na imprensa apontou lesões na mulher que acusa o atleta.

Na manhã desta terça-feira (4), a reportagem do BNews conversou diretamente com Francis Fernandes, um dos advogados do escritório Fernandes e Abreu Advogados, que detalhou especificamente a decisão de deixar o caso, informação divulgada em carta aberta endereçada à mídia. Em entrevista, Fernandes reforçou que a vítima teria relatado agressões e não estupro, e que existe evidências do que foi primeiramente relatado.

"Na verdade houve uma divergência de interpretação e ela adotou posturas que a gente não concordava. O que é bom deixar claro é que nós fomos contratados para fazer uma composição cível. Ela em princípio foi informada que poderia ir até a delegacia e também poderia ser feito um pedido de providências para o Ministério Público, mas ela preferiu a não exposição e a gente seguiu tocando o caso norteado pela não exposição dela e do seu filho", declarou.

Segundo ele, sob orientação da contratante, o caso foi mantido em sigilo buscando um acordo amigável, o que chegou a ser iniciado pelo próprio pai do jogador. "Então, a partir daí, o objetivo do contrato nosso como advogados que deveriam atuar na esfera cível era tentar uma composição amigável e foi isso que a gente tentou fazer. Na verdade, por intermédio de um contato, o pai do Neymar ficou sabendo e nos chamou para uma reunião, reunião essa onde um dos nossos sócios compareceu e expôs o caso da forma mais tranquila possível. Estavam presentes dois ou três advogados, que menosprezaram o caso", afirma.

Diante da "negativa" de acordo por parte dos representantes do jogador, o advogado revela que foi, de certa forma, surpreendido com o boletim de ocorrência registrado pela vítima no dia 31 de maio, dois dias depois da reunião. "Começamos a processar qual seria o próximo passo, mas nesse meio tempo ela fez o boletim de ocorrência, acredito que ela estava nervosa. E quando ela fez o boletim de ocorrência à nossa revelia e a gente decidiu sair do caso", o que foi formalizado com recisão de contrato encaminhada à contratante, mas que posteriormente se tornou pública, inclusive divulgada no Jornal Nacional, da TV Globo.

No entanto, Fernandes nega que tal divulgação tenha sido feita pelo escritório. "É importante deixar claro que tem uma nota nossa, que divulgamos, e tem uma recisão do contrato que foi encaminhada para ela e que deve ter sido exposta na mídia por pessoas ligadas à vítima, infelizmente, porque nós não divulgamos a recisão do contrato", garante e reforça. "Isso é uma coisa muito importante. Nós não divulgamos essa recisão contratual, até a Globo ela menciona isso, só que os outros sites eles derivaram a notícia ao contrário, confundiram uma nota nossa com a recisão do contrato que foi encaminhada à vítima".

Além disso, ele afirma que a repercussão midiática do caso foi iniciada pelo pai do jogador. "Ele tomou a iniciativa de ir para mídia, agora porque alguém teve acesso ao boletim de ocorrência que foi feito pela vítima no dia 31. Mas, o primeiro a levar o caso para mídia foi o pai do Neymar, que deu aquela entrevista ao Datena, e confundindo extorsão com um acordo na esfera cível demandado por ele próprio, isso nós temos todas as provas sobre isso", contou ao afastar qualquer relação entre a exposição com a desistência.

"A gente não tem qualquer problema com exposição na mídia, nós somos advogados, não temos qualquer problema com isso. Mas, a questão de deixar o caso foi uma divergência entre as ações do nosso cliente e o que a gente estava imaginando para o caso, porque a solução poderia ter sido até essa, não aceitando o acordo na esfera cível, a gente em parceria com outros advogados criminalistas levar o caso para esfera criminal também ou repassar o caso da esfera criminal, ou sentar com ela novamente e ver se ela queria seguir esse caminho. Mas não, a gente nem foi consultado sobre isso, e quando um cliente toma uma decisão à revelia do advogado, fica muito complicado em termo de confiança, tanto de um lado quanto do outro".

Questionado se há provas que possam levar Neymar a ser condenado, o advogado afirmou que existe "materialidade" de que a jovem foi agredida. "Eu não posso dar detalhes do que eu vi, por questão de sigilo profissional, mas eu acredito que, olhando de fora agora, como um advogado que ver o caso de fora, existe materialidade para confirmar as agressões que ela sofreu. Eu não sei em relação ao estupro, não estou dizendo que sim e nem que não, mas para as agressões que ela sofreu, existe materialidade, por conta até mesmo do laudo que já corre na mídia".

Por fim, Fernandes enfatiza que em nenhum momento tratou o caso ao contrário da vontade a contratante e chamou de teatro a exposição dada pelo pai do acusado na mídia. "A questão tem que ficar bem clara também é que em nenhum momento, a gente objetou ou não permitiu que ela fizesse uma representação ou uma notícia crime. Mas, sim partiu dela, no primeiro momento, essa visão, até depois compreendida pela gente, de não exposição dela, da figura dela como mulher, da família dela, ela tem direito a não exposição, ela não é obrigada a ir até à delegacia, até mesmo porque está lidando com uma pessoa que tem poder, o ideal seria que ela fosse, mas ela não é obrigada a ir. Ela optou por uma composição na esfera cível, o que é muito comum, e a gente iniciou essa composição a convite do pai do Neymar, e foi aí que ele fez aquele teatro todo. Ele já deveria saber o que tinha acontecido com o filho e fez esse teatro para mais ou menos justificar o ocorrido", finalizou.

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