Polícia

"Meu erro foi amar demais uma mulher", diz acusada de matar bancária em Salvador; ela nega crime

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Segundo a Polícia Civil, ela foi espancada até a morte em 14 de abril de 2019 por Anna Carolina e o próprio marido da vítima; os três viviam um "triângulo amoroso"  |   Bnews - Divulgação Arquivo Pessoal

Publicado em 03/12/2020, às 19h11   Redação BNews


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"Meu erro foi amar demais uma mulher". Essa é a definição de Anna Carolina Lacerda Dantas para a acusação que lhe foi imputada sobre a morte da amiga e maior amor da sua vida - como mesmo define -, a bancária Selma Regina Vieira da Silva Almeida. Segundo a Polícia Civil, ela foi espancada até a morte em 14 de abril de 2019 por Anna e o próprio marido da vítima; os três viviam um "triângulo amoroso".

O Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA) ofereceu denúncia e pediu a prisão preventiva de Anna e de Eden Marcio Lima de Almeida acusando-os de serem os autores do feminicídio contra a bancária. Os dois negam o crime.

"Eu tô sendo acusada de uma pessoa na qual falam que eu assassinei minha melhor amiga, o amor da minha vida, e isso não existe. Ela gostava de se relacionar com mulher, ela nunca foi obrigada a nada, porque ela amava fazer isso (sic)", diz Anna, em um vídeo enviado ao BNews pela defesa da acusada.

Anna acredita que a motivação para a acusação contra ela seja o fato da família da vítima não aceitar o possível relacionamento com outra mulher e o uso de drogas. "Provavelmente, a família dela, que não acredita que ela gostava disso, porque ela gostava de sair, gostava de usar droga, gostava de ficar com mulheres", completou.

"Monstro"

Segundo a própria Anna, as pessoas a têm tratado e ao outro acusado como "monstros". "Estão 'botando' a gente como se fosse um monstro. Eu jamais faria mal a uma pessoa como ela porque eu amava ela, eu admirava aquela mulher como ninguém, e ela também me amava, a gente se amava", diz, em outro momento do vídeo.

Em entrevista ao BNews na terça-feira (1), a família da vítima retratou um cenário nada amoroso vivido por Selma. Segundo eles, a bancária era agredida pelo marido constantemente.

"As funcionárias mentiram perante a autoridade policial. Disseram que desconheciam as agressões, mas elas sabiam de tudo e nos contavam. Uma chegou a dizer uma vez que ouvia, à noite, barulhos do marido batendo a cabeça de Selma na parede", disse os familiares.

A defesa de Anna ainda enviou fotos de mensagens trocadas entre as duas para fundamentar a tese de que se amavam. "Estamos todos machucados, feridos...Eu não queria uma confusão. Eu só queria a gente bem. Nunca quis fazer ciúme a ele contigo. Sempre fui muito coração. Nós nos amamos", diz um trecho de uma conversa.

Sem prova nos autos

O advogado Fabiano Pimentel, que representa o marido da bancária, afirmou que não existe qualquer prova nos autos que conduza à conclusão de que seu cliente e a acusada se uniram com a intenção de matar a vítima.

"A Defesa constituída por Eden Marcio Lima de Almeida, com vistas a esclarecer os fatos veiculados na mídia envolvendo o seu constituinte, informa que o mesmo conviveu de forma harmoniosa durante 24 anos com a sua esposa, advindo desse relacionamento duas filhas, sendo absurda a tese veiculada na denúncia de que houve premeditação de crime de feminicídio. O relacionamento mantido entre o casal e a segunda denunciada era indubitavelmente consensual, não havendo qualquer prova nos autos que conduza à conclusão de que eles se uniram com a intenção prévia de ceifar a vida da Sra. Selma Regina Vieira da Silva Almeida, podendo-se constatar a completa inverossimilhança da tese acusatória".

"Ressalte-se, inclusive, que consta dos autos a condição de saúde que acometia a vítima, não sendo possível afastar, nesse momento, a tese de que o resultado morte tenha advindo de consequências diretas do uso de substâncias entorpecentes sintéticas, constatado, inclusive por assistente técnico com larga atuação na área médica. Por fim, esclarece que Éden Marcio Lima de Almeida sempre se colocou à disposição das autoridades para esclarecimento de todos os fatos e circunstâncias que envolveram o falecimento de sua esposa, afirmando sua total inocência, além de ter disponibilizado o acesso irrestrito aos aparelhos eletrônicos e demais objetos que pudessem ser relevantes para a investigação, inclusive o veículo conduzido por ela no momento do seu falecimento, demonstrando uma postura colaborativa com as investigações, o que torna o pedido de prisão formulado pelo Ministério Público um ato desnecessário e ilegal".

"Ilações falsas e mentirosas"

O advogado de Anna Carolina, Hercules Oliveira, definiu a acusação feita pelo Ministério Público como falsa e mentirosa. "Gostaria de dizer e afirmar que a acusação feita pelo MP é baseada em ilações falsas e mentirosas. A denúncia, da forma que foi colocada, não passa de uma tese do submundo do direito penal do inimigo", disse ao BNews.

Oliveira ainda ressaltou o "apego" entre as duas, utilizando como comprovação as mensagens, fotos e vídeos publicado das duas em situações amigáveis. "Temos que ressaltar que Anna Carolina conheceu Selma quando Anna tinha 19 anos. Anna já tinha um certo apego a essa questão afetiva que essa sociedade toda tem que respeitar, porque é algo intrínseco do ser humano", completou.

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