Polícia

Delegada acusada de tortura e arquirrival de Maria Selma é inocentada

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A delegada foi acusada de tortura uma funcionária de uma lotérica de Salvador  |   Bnews - Divulgação Reprodução/Youtube BNews
Rafael Albuquerque

por Rafael Albuquerque

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Publicado em 17/12/2022, às 17h02


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Acusada de supostamente participar da tortura de uma mulher em 2019, a delegada Carla Ramos, então titular da Delegacia de Reperssão a Furtos e Roubos (DRFR), foi absolvida pela Justiça baiana. Em sentença publicada nesta sexta-feira (16), o juiz Ricardo Schmitt, da 12ª Vara Criminal da Comarca de Salvador, absolveu não só Carla, mas, também, os outros réus: Agnaldo Ferreira de Jesus Filho, Ademar Mendes Falcão e Reinaldo Batista Ramos.

Segundo a acusação, no dia 3 de outubro de 2019, os denunciados, todos agentes públicos, agrediram, ameaçaram e constrangeram a vítima, causando-lhe sofrimento físico e mental, para obter informações sobre um suposto crime. Isso porque, ainda segundo a denúncia, no dia anterior, a lotérica onde a vítima trabalhava, localizada em Dom Avelar, em Salvador, foi alvo de um assalto que resultou em um prejuízo de cerca de R$ 22 mil.

A denúncia segue narrando que a mulher foi conduzida até à DRFR, na Baixa do Fiscal, para prestar esclarecimentos. Na unidade policial, ela foi levada até uma sala do Serviço de Investigação (SI), onde teve início uma “severa e prolongada sessão de tortura'', com o objetivo de fazer com que confessasse a participação no roubo.

O magistrado, porém, diante das provas apresentadas nos autos do processo, concluiu que não há embasamento para condenação da delegada e de seus colegas: "De igual modo, observo que encerrada a instrução processual neste juízo, não se estabeleceu a existência de eventuais pendências que se mostrassem relevantes para o julgamento da causa, razão pela qual o presente feito se encontra apto a ser julgado", argumentou o juiz, que citou divergência nas falas da autora.

"Ante o exposto, e por tudo mais que dos autos consta, com supedâneo no artigo 386, incisos V e VII, do Código de Processo Penal, julgo improcedente o pedido formulado na denúncia e, em consequência, absolvo os denunciados”, concluiu.

Em entrevista ao BNews, a delegada comemorou sua absolvição e afirmou que espera que os responsáveis pela denúncia de tortura também sejam julgados. "Eu estou muito feliz que a Justiça foi feita. Em que pese sempre mantive a convicção que a verdade iria prevalecer, receber uma decisão tão sabia e ponderada, me faz ter certeza de que todas as ilegalidades que foram cometidas contra mim, também serão julgadas e os responsáveis punidos", disse Carla.

Guerra entre delegadas

Carla Ramos já deu a entender em entrevista que o crime do qual foi absolvida nesta sexta teria relação com uma denúncia que ela fez ao MP-BA, em setembro de 2020, que culminou na operação "Dublê", contra a também delegada Maria Selma e outros três homens. Entre eles, estava Pedro Ivan Matos Damasceno, apontado como namorado da então titular do DCCP. Ou seja, teria havido uma tentativa de retaliação quando o dossiê sequer tinha sido divulgado e a denúncia no MP-BA ainda não existia.

"Nunca pude falar, mas hoje em dia as pessoas podem ver que aquilo que aconteceu [a acusação de tortura e a consequente prisão] estava estranho e que tinha uma intenção por trás e finalmente a verdade agora está surgindo. Mas por força de determinação, só posso falar quando acabar o processo", disse Carla pouco tempo após expor o dossiê contra a colega de profissão.

A delegacia que Carla comandava, Furtos e Roubos, era subordinada ao Departamento de Crimes Contra o Patrimônio, que era capitaneado por Maria Selma, que continua afastada de suas atividades na Polícia Civil da Bahia.

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