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Falso entregador suspeito de matar jovem em São Paulo é preso

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Renan Silva Loureiro ajoelhou-se e afirmou "por favor, eu não tenho nada", mesmo assim o falso entregador o matou  |   Bnews - Divulgação Reprodução

Publicado em 29/04/2022, às 22h28   Fábio Pescarini, Wesley Faraó Klimpel e Alfredo Henrique/ FolhaPress


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A Polícia Civil anunciou nesta sexta-feira (29) a prisão do falso entregador suspeito de ter matado Renan Silva Loureiro, 20, em um roubo no Jabaquara, zona sul de São Paulo. O crime ocorreu por volta das 22h30 da última segunda-feira (25).

"Ele foi identificado e localizado pela polícia e após uma longa negociação se entregou no início desta tarde [desta sexta]", disse o Governo Estadual, em nota. De acordo com a polícia, o suspeito é Acxel Gabriel de Holanda Peres, que tem passagem por roubo e receptação, quando era menor de idade, e também por posse de arma.

O suspeito, preso na região do Itaim Paulista, na zona leste, foi levado à 1ª Delegacia de Polícia de Investigações sobre Roubos e Latrocínios, do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), onde a prisão está sendo formalizada. Ele se disse arrependido, segundo delegados que participaram de uma entrevista coletiva para falar do caso no meio da tarde. E afirmou que fez os disparos por ter se assustado com a reação da vítima, apesar de vídeos contradizerem.

Segundo a investigação policial, Renan ajoelhou-se e afirmou "por favor, eu não tenho nada", logo após ser abordado pelo falso entregador, em uma motocicleta. O áudio e a cena constam em um vídeo divulgado pela polícia na última quarta (27).

Logo após a súplica, o rapaz parte para cima do criminoso ao vê-lo abordar a namorada dele, de 19 anos. O bandido atira quatro vezes. O último disparo atinge Loureiro, na cabeça, de cima para baixo, de acordo com perícia policial. A vítima morreu no local.

Os investigadores foram a dois endereços na Vila do Encontro, na região do Jabaquara. No imóvel do pai, localizaram o revólver, escondido no fogão, a bolsa de entrega, uma jaqueta e capa de chuva, material semelhante ao utilizado pelo autor do crime.

Na sequência, a polícia foi até a casa da avó de Acxel, onde ele mora, e lá encontrou diversos objetos suspeitos de serem provenientes de roubo, principalmente cartões de memória de celulares.

"A equipe da perícia conseguiu achar vestígios de sangue em um dos tênis apreendidos, na jaqueta e na bag [bolsa de entrega]. A arma de fogo apreendida era compatível com o calibre do projétil extraído do corpo do Renan, e tudo indicava que podia ser a arma do crime", explicou o delegado Rogério Barbosa Thomaz, da 1ª Delegacia de Polícia de Investigações sobre Roubos e Latrocínios, à imprensa nesta sexta.

De acordo com o policial, Acxel contou que, após abordar o casal, ficou assustado por causa da reação de Renan e atirou. "A versão que ele deu, a princípio, não condiz com a filmagem", afirmou o delegado.
O suspeito demorou para se apresentar porque estava esperando a presença da mãe, que mora no litoral paulista. Na manhã desta sexta, ele se encontrou com a polícia no Itaim Paulista, de onde foi conduzido para o prédio do Deic. Procurada, a defesa não se manifestou até a publicação desse texto.

Na avaliação do policial, houve um aumento de furtos de celular porque os criminosos estão interessados em utilizar os aparelhos para fazer transferências de dinheiro via Pix. Antes da prisão, o delegado Glaucus Vinicius Silva, do 35º distrito policial (Jabaquara), afirmou que o suspeito usou uma moto Honda XRE azul, sem placa, para realizar o latrocínio -roubo seguido de morte-, levando os celulares do casal.

A polícia conta com um estudo sobre o modo de ação de criminosos, por regiões da capital paulista, segundo o delegado. De acordo com o levantamento, os que atuam no Jabaquara são mais discretos, evitando abordagens violentas. Isso contribuiu para que a provável região de origem do falso entregador fosse identificada, onde há registros de comportamentos violentos semelhantes.

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O delegado do 35º DP acrescentou que, por ora, o crime é investigado como latrocínio. Porém, a dinâmica do delito, captado por ao menos três câmeras de monitoramento, pode mudar os rumos da natureza jurídica do caso. "O criminoso é frio, com um completo desrespeito à vida. Ele o tempo todo teve controle da situação e não se deixou levar por afobação, ou adrenalina", avaliou o delegado Glaucus.

O policial afirmou que pretende desmembrar o caso, registrando-o como roubo, pelo fato de o criminoso ter levado os celulares das vítimas, e homicídio, separadamente. "Os tiros foram dados com intenção de matar, não foi um latrocínio, foi um assassinato", ressaltou. Câmeras registraram Renan Silva Loreiro e a namorada caminhando abraçados em uma calçada da rua Freire Farto.

Alguns metros adiante, ambos são abordados pelo falso entregador. O criminoso dá um tiro ao alto. O jovem ajoelha e entrega o celular, afirmando não ter mais nada, segundo registrado por uma das câmeras da rua.

O rapaz, em seguida, parte para cima do criminoso, quando o ladrão vai em direção à namorada da vítima. Ao fugir, registros de câmeras mostram o ladrão subindo pela rua Governador Jorge Lacerda. Quando ele percebe a presença de uma viatura da Polícia Militar fazendo ronda na via, o falso entregador faz um retorno e foge, usando a rua onde ocorreu o crime.

FURTOS EM SÃO PAULO

Paulistanos têm sido vítimas de furtos e roubos de celulares por criminosos em motocicletas, fingindo ser entregadores de serviços de aplicativos, ou ainda usando bicicletas. ​ O primeiro trimestre de 2022 registrou um aumento no número de furtos e roubos no estado de São Paulo, na comparação com o mesmo período do ano passado. Com isso, o patamar dos dois crimes se aproxima do registrado antes do início da pandemia de Covid-19.

Segundo os dados oficiais divulgados na última segunda pela SSP (Secretaria de Estado da Segurança Pública), São Paulo registrou 132.782 furtos no primeiro trimestre do ano.

Isso representa uma alta de 28,5% em relação aos primeiros três meses de 2021 e de 7% na comparação com 2020 -a pandemia foi declarada em março daquele ano. Na relação com o mesmo período em 2019, antes do início da crise sanitária, houve uma diminuição de 2,7%.

Na capital paulista, ainda segundo dados da SSP, o número de latrocínios se manteve estável no primeiro trimestre deste ano, com 17 casos, em relação ao período do ano passado, com 16. O aumento da criminalidade, segundo especialistas ouvidos pelo jornal Folha de S.Paulo, ratifica um aumento da sensação de insegurança da população. ​

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