PF inicia perícia e vê indícios de homicídio na morte de turista em desabamento de 'igreja de ouro'

A Igreja e Convento de São Francisco de Assis, no centro histórico de Salvador, passou por uma perícia na manhã de quinta-feira (6), feita em conjunto pela Polícia Federal e o Departamento de Polícia Técnica da Bahia, um dia após parte do teto desabar. De acordo com o corregedor Maurício Salim, a investigação não descarta responsabilização criminal pela morte da turista Giulia Panchoni Righetto, 26 anos, atingida pelos escombros.

De acordo com o corregedor, a apuração será complexa, uma vez que se trata de um imóvel tombado, mas, possivelmente, pode ter acontecido um homicídio culposo.

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"A investigação tem como norte que, possivelmente, sempre em tese, pode ter acontecido um homicídio, provavelmente culposo, uma lesão provavelmente culposa, e os danos. Mas não há nada, não há nenhuma conclusão ainda nesse sentido. A investigação é bastante complexa, envolve uma série de exames periciais e não é possível apressar os atos de instrução. Se tratando de imóvel tombado, a repercussão vai além da fase criminal. Nós sabemos que haverá repercussão cível e repercussões administrativas", destacou Salim.

Entre esta sexta (7) e a próxima segunda (10), a PF e o DPT devem iniciar as oitivas com as cinco vítimas que sobreviveram ao desabamento.

Além de peritos de Salvador, cinco profissionais de Brasília desembarcaram na capital baiana com equipamentos especializados para continuar com o trabalho de escaneamento da área e exames da estrutura. Entre os equipamentos está um scanner 3D, que será utilizado para fazer registro de toda área.

Rachadura e solicitação de vistoria

Na última segunda-feira (3), o frei Pedro Júnior Freitas da Silva, guardião e diretor da Igreja de São Francisco de Assis, solicitou um pedido de vistoria ao Instituto do Patrimônico Histórico e Artístico Nacional (Iphan), marcada para esta quinta (6). De acordo com o religioso, trabalhadores notaram uma rachadura no teto do local e o alertaram.

"Somos leigos no assunto sobre estrutura, a gente não tinha capacidade de dizer que aquela fissura era motivo de desabamento e que a gente agora iria tirar as pessoas de dentro. Fizemos uma carta para o Iphan, e não para a Defesa Civil, porque a gente não mensura que aquilo ia acontecer. Sobre o teto, foi a primeira vez que fizemos uma carta direcionada, mas fizemos outros contatos sobre o convento. É um olhar leigo, de quem está a todo momento dentro da casa. Foram os próprios trabalhadores que notaram que a fissura estava aumentando", disse.

De acordo com o Iphan, o objetivo da inspeção era avaliar uma dilatação no forro do teto do templo, conforme pedido protocolado na segunda-feira (3). O órgão federal destacou que, no momento da solicitação, não havia indicação de risco emergencial nem comunicação de alerta por parte da Defesa Civil, do Corpo de Bombeiros ou de outros órgãos competentes.

Em entrevista ao BNews, o presidente do órgão federal, Leandro Grass, reafirmou que não havia risco iminente de desabamento do teto, apenas problemas como rachaduras e sujeiras, "mas nada que pudesse sinalizar risco à integridade das pessoas que visitam o espaço".

"O Frei Pedro solicitou que fizéssemos uma vistoria aqui na igreja. O documento é padrão, a gente recebe dezenas deles todos os dias, e o Iphan tinha marcado a vistoria. A igreja permaneceu aberta, não havia nenhum laudo da Defesa Civil indicando. É uma tragédia, uma situação que aparentemente não havia indicativos de que iria acontecer. Mas agora é um momento de muita serenidade, para que levantemos todas as informações. Vamos fazer toda apuração, nossa equipe já está aqui", afirmou.

Desabamento

O desabamento de parte do teto da Igreja de São Francisco de Assis aconteceu por volta de 14h30, deixando uma vítima fatal e cinco pessoas feridas. Guias turísticos informaram que, momentos antes do acidente, houve um estrondo. 

Giulia Panchoni Righetto, de 26 anos, morreu no local. A turista de São Paulo visitava a capital baiana acompanhada do namorado e de um casal de amigos. Eles sobreviveram.