Política

Neto confirma fim de recursos públicos para Arrastão pós-Carnaval: "Já vinha praticando isso"

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Decisão foi tomada em comum acordo com o vereador Henrique Carballal  |   Bnews - Divulgação BNews/Vagner Souza

Publicado em 30/11/2019, às 11h16   Bruno Luiz e Henrique Brinco


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O prefeito ACM Neto (DEM) confirmou que defende a não aplicação de recursos da gestão municipal no Arrastão da Quarta-Feira de Cinzas. Conforme adiantado pelo BNews, a decisão foi tomada em comum acordo com o vereador Henrique Carballal (PV), que havia esperneado após o Executivo vetar um projeto que previa a extinção do evento.

Carballal não irá mais trabalhar para derrubar o veto. Em contrapartida, irá apresentar um novo projeto que trata do financiamento da festa. Pela proposta, a prefeitura ficará impedida de investir qualquer no evento - que deverá ser custeado exclusivamente pelos realizadores do desfile, que acontece tradicionalmente após o Carnaval.

"Dialogamos muito sobre o assunto. Fechamos um acordo. A Câmara vai manter o veto que eu fiz ao projeto e aí o vereador Carbalall vai apresentar um novo projeto dizendo que o poder público não pode colocar recursos para o arrastão", explica o prefeito para a reportagem.

"Na prática já vinha sendo assim, só que agora se torna uma norma, uma lei. Então, depois que eu deixar de ser prefeito, a prefeitura continua com a obrigação de não colocar recursos no arrastão. Eu já vinha praticando isso", completa Neto.

O gestor também afirmou que Carballal continua na vice-liderança de governo na Câmara Municipal de Salvador. "Ele disse que ia colocar o cargo à disposição. Eu sou lá malaco velho de assinar?", declarou, para a reportagem, rindo.

Entenda o caso
O projeto foi aprovado na Câmara em setembro deste ano. A proibição pretendia pôr fim dos festejos pós programação oficial do Carnaval, entre as 5h às 23h59, em locais públicos. O edil usou a justificativa religiosa para defender a proposta por entender que a festa desrespeita o início da Quaresma, um dos momentos mais importantes do rito cristão, principalmente o Católico. Quem descumprisse a medida poderia ser multado.

Neto alegou que a Procuradoria-Geral do Município deu parecer jurídico contrário a matéria. Na justificativa, ressaltou que o Estado é "laico" e a "igualdade de todos perante a lei".  E alegou que a Prefeitura não realiza a festa. Carballal rebateu e questionou o argumento. "Quem é que paga os trios elétricos que tocam no arrastão?", questiona. Ele também ameaçou entrar com uma ação no Ministério Público da Bahia para avaliar os eventuais "crimes de responsabilidade" pela realização do evento.

Carballal conclamou todos os líderes religiosos para derrubar o veto e dizia contar com o apoio da bancada evangélica da Câmara Municipal.  Dos 22 votos necessários, ele afirmava já ter 18. O vereador também rebateu o argumento de que o projeto fere a laicidade do Estado. "Se abriu um precedente perigoso, porque o prefeito está declarando que todos os feriados religiosos (são inconstitucionais)", alfinetou, na ocasião.

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