Política

Especialistas avaliam que ainda não é possível saber se governo será capaz de melhorar economia para 2022

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Economistas ouvidos pelo jornal O Estado de São Paulo avaliam que o ganho do cenário econômico, por si só, não é capaz de reverter o processo de aumento de rejeição a Bolsonaro  |   Bnews - Divulgação Reprodução/José Dias/PR

Publicado em 02/08/2021, às 08h10   Redação BNews


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Especialistas ouvidos pelo jornal Estado de São Paulo apontam que ainda não é possível saber se o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), e seus aliados políticos do Centrão, serão capazes de melhorar as condições econômicas do país para a maior parte da população, e garantir, assim, um novo mandato para o chefe do Executivo em 2022.

Entre as medidas planejadas estão a elevação para R$ 300 do valor  médio do Bolsa Família; um pacote de emprego com um bônus de R$ 550 para a qualificação de jovens e informais; o aumento da faixa de isenção e correção da tabela do Imposto de Renda da Pessoa Física e desoneração forte do imposto pago pelas empresas; novas medidas de desoneração do diesel; reajuste dos salários dos servidores; e um novo programa de refinanciamento de dívidas tributárias.

Os economistas ouvidos pela publicação avaliam que o ganho do cenário econômico, por si só, não é capaz de reverter o processo de aumento de rejeição a Bolsonaro. Nesse sentido, para eles, nem o reforço do Bolsa Família seria capaz de levar o presidente ao segundo turno com chances de vitória. 

Estudos sobre impacto de programas de transferência de renda na eleição mostram que não é trivial limitar a faixa de quem ganha e de quem perde. Além disso, o auxílio emergencial inicial de R$ 600 teria elevado demais as expectativas.

Com a diminuição do valor para R$ 250, em média, o benefício perdeu o poder de provocar a popularidade que tinha provocado em 2020.

Se a entrega do comando da agenda do Congresso ao Centrão favorece a estratégia econômica pró-eleição, a aceleração da inflação, o desemprego e o risco de racionamento de energia em 2022 também são fatores de risco até 2022. Atualmente, o ministro da Economia, Paulo Guedes, tem tentado implementar um programa de emprego robusto, com recursos de fora do Orçamento, vindos do Sistema S.

“Uma das variáveis mais importantes para a popularidade é o emprego, e esse ainda vai reagir. Parece que ainda tem muita água para rolar embaixo da ponte, principalmente quando a economia reabrir mesmo e o emprego começar a andar”, avalia Caio Megale, economista-chefe da XP. 

Segundo ele, o foco no programa de qualificação da mão de obra é fundamental para o governo.

Todas essas medidas estarão combinadas com um Orçamento irrigado de emendas parlamentares para aliados, fundo eleitoral mais gordo, folga maior no teto de gastos - regra da Constituição que fixa um limite anual para os gastos - e medidas que vão colocar dinheiro extra no caixa no ano que vem, como leilões de concessões já programados.

Outro ponto de inflexão será a divulgação do relatório da CPI da Pandemia, que retoma suas atividades nesta terça-feira (3) após ter sido prorrogada por mais 90 dias.

“É justamente o momento em que o governo estará negociando a votação do Orçamento e o Bolsa Família”, destaca Rafael Cortez, cientista político e sócio da Tendências Consultoria. Na avaliação dele, a economia deve, ao menos, ajudar a fazer o movimento de estancar a perda de popularidade – “que já é muito relevante”.

Para Cortez, olhando para o quadro eleitoral, o governo Bolsonaro ainda é muito competitivo e, em parte, isso tem como explicação a economia.

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