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Caiu: Após chamar chef de vagabunda, secretário Fábio Vilas-Boas não resiste e deixa o cargo

Dinaldo Silva / BNews
Reunião ocorreu nesta tarde   |   Bnews - Divulgação Dinaldo Silva / BNews

Publicado em 03/08/2021, às 18h30   Eliezer Santos e Tamirys Machado


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O secretário de Saúde do Estado da Bahia, Fábio Vilas-Boas, deixou o cargo nesta terça-feira (3), após o episódio em que agrediu verbalmente a chef de cozinha e empresária, Angeluci Figueiredo, do restaurante Preta, localizado na Ilha dos Frades. O gestor a chamou de "vagabunda", além de outras ofensas. O fato ocorreu após a empresária comunicar ao gestor, através de um aplicativo de mensagens, que a reserva feita por ele teria que ser cancelada por causa de questões climáticas. 

O secretário registrou no Twitter sua saída do governo. “Entreguei, agora à tarde, minha carta com pedido de exoneração do cargo de secretário estadual de Saúde, que ocupava desde janeiro de 2015. A solicitação foi aceita pelo governador Rui Costa”.

A reunião que decidiu o futuro de Vilas-Boas, com governador Rui Costa, o secretário da Casa Civil, Carlos Mello e outros integrante do governo, ocorreu no fim da tarde desta terça (3). A divulgação do vídeo em que Fábio Vilas-Boas é flagrado invadindo o Restaurante Preta, na Ilha dos Frades, foi o estopim para o governo.

A subsecretária Tereza Paim assume a pasta interinamente. O governador avalia possíveis nomes para substituir o secretário. O que sabe até o momento é que a prioridade é por um perfil técnico. Fontes do BNews informaram que nomes de fora da gestão estão sendo sondados, como diretores de hospitais estaduais de grande porte ou policlínicas. O perfil técnico é avaliado por alguns aliados como o mais provável já que o país ainda enfrenta a pandemia do novo coronavírus.

Além de Paim, que vem comandando ações na pandemia desde o ano passado, outros nomes também foram ventilados, como o da ex-chefe de Gabinete da Secretaria da Saúde, Nelma Carneiro Araújo, que hoje comanda a chefia de gabinete da Secretaria de Educação. 

O caso 

Após a repercussão do caso, o secretário publicou um pedido de desculpas através do Twitter. “Por mais cuidadosos que sejamos, ao longo da vida cometemos erros que podem atingir as pessoas. Peço, portanto, desculpas à empresária e artista da gastronomia baiana, a Chef Angeluci Figueiredo, pelos comentários inadequados no último domingo (1), em circunstâncias injustificáveis, enviados por mensagem privada. Tendo reservado um almoço especial com os familiares e amigos do exterior com a devida antecedência de 48h, uma enorme frustração momentânea me levou, tomado de emoção, a dizer o que disse. Conto com o perdão de todos que se sentiram ofendidos, pois sempre pautei minha vida na verdade, honestidade e acolhimento”, publicou. 

Em nota, a empresária Angeluci Figueiredo justificou que “o restaurante Preta foi fechado por forças das circunstâncias climáticas e pediu que o secretário refletisse “sobre a gravidade das duas palavras e sobre a inadequação e a vulgaridade delas” [...] “O secretário, um médico bem sucedido, empresário, agropecuarista, homem branco, de família tradicional, etc, etc, alimentando a cultura da intolerância e dos tais privilégios ditos brancos, ofendendo moralmente uma mulher negra, chamando-a diretamente de vagabunda, e por quê? Pelo fato de razões climáticas terem lhe impedido um domingo de bem estar num restaurante localizado numa ilha sujeita a intempéries, como qualquer local no meio do mar”, disse. 

O fato gerou grande repercussão no meio político. Deputados, vereadores, prefeitas, e representantes de entidades sociais reagiram às declarações consideradas como “machista e misógina”. Conforme informações apuradas pelo BNews, a alta cúpula do governo da Bahia pressiona Fábio Vilas-Boas, para que peça exoneração do cargo devido ao desgaste imposto ao governo Rui Costa na véspera de ano eleitoral. 

Em nota enviada ao BNews, a Secom do governo estadual disse que “o governo da Bahia afirma lamentar o episódio, considera inadmissível qualquer agressão e manifesta total solidariedade à empresária Angeluci Figueiredo e a todas as mulheres”.

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