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Bolsonaro X Lula: Relembre os 10 principais fatos políticos do ano de 2022

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O BNews separou os 10 principais fatos políticos do ano de 2022  |   Bnews - Divulgação Divulgação / Renato Pizzutto / Band
Edvaldo Sales

por Edvaldo Sales

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Publicado em 26/12/2022, às 05h50 - Atualizado às 14h04


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O ano de 2022 vai ficar marcado como um dos mais delicados, conturbados e polarizados da política nacional. Nesse período, os brasileiros vivenciaram um acontecimento que já é histórico por si só, mas que ganhou mais camadas – algumas sombrias – do que de costume. Uma eleição presidencial como a que foi disputado por Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) será, sem sombra de dúvidas, destaque nos livros de história em um futuro não tão distante. Mas, não para por aí.

Outros fatos marcantes aconteceram neste ano e que vão continuar reverberando por bastante tempo. Na Bahia, por exemplo, a disputa para o cargo de governador – a qual teve como protagonistas o herdeiro carlista na Bahia ACM Neto (União) e Jerônimo Rodrigues (PT) –, se deu em meio a polêmicas, campanhas pesadas, uma derrocada que surpreendeu diversos baianos e baianas e uma vitória que foi quase tão surpreendente quanto.

Além disso, não tem como fazer uma retrospectiva sem mencionar os diversos atos organizados por aqueles que se autointitulam “patriotas” e outros acontecimentos que parecem terem sido tirados de uma obra de ficção, mas que são mais reais do que se possa imaginar.

Confira 10 principais fatos políticos do ano de 2022

Polarização: Lula x Bolsonaro

Lula e Bolsonaro
Divulgação/ Renato Pizzutto/Band  

Considerada por aqueles que sonhavam com uma terceira via como uma das “pragas” da eleição presidencial de 2022, a polarização entre Lula e Bolsonaro escancarou a divisão que existe no Brasil. Antes, quando se falava nesse tema, logo se imaginava que fosse entre partidos ou grupos políticos, mas, dessa vez, aconteceu algo diferente, talvez, inédito na sucessão presidencial do país.

O desenho bipolar que veio à tona durante as eleições extrapolou o campo político e virou social. A cada nova pesquisa divulgada, era possível perceber a manifestação do eleitor quanto à região onde vive, condição socioeconômica, sexo, renda, raça e religião. O que resultou em uma divisão cada vez mais clara.  

Mas se engana quem pensa que essa divisão chegou ao fim, pois o cenário demonstra que embora tenha vencido, Lula terá que governar em meio a uma polarização política entre defensores da democracia e da extrema-direita radical do País.

Campanha de ACM Neto

ACM Neto
Reprodução / @deputadoelmarnascimento

ACM Neto era tido por muitas pessoas como um nome certo para assumir o cargo de governador da Bahia. Com um currículo de peso, que conta com dois mandatos seguidos como prefeito de Salvador, o herdeiro carlista na Bahia investiu pesada em sua campanha, principalmente nas cidades do interior do estado, onde, historicamente, o Partido dos Trabalhadores é mais forte.

Porém, como apurou o BNews, o ex-prefeito extrapolou o limite de gastos totais na campanha em mais de R$ 1 milhão. Segundo dados da plataforma DivulgaCand, portal do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para a divulgação de candidaturas e contas eleitorais, foi estabelecido um limite de gastos na campanha para todos os candidatos ao governo estadual, somando os dois turnos da eleição, em R$ 26.683.209,24.

No entanto, ACM Neto ultrapassou em R$1.089.130,59 desse valor, totalizando R$27.772.339,83.

Campanha de Jerônimo Rodrigues

Jerônimo
Divulgação

Com uma campanha eleitoral pautada, principalmente, pelo peso do nome do presidente eleito, Lula, Jerônimo Rodrigues – que era jocosamente chamado de “anônimo” pelos adversários – soube usar a força do partido ao qual ele pertence para ganhar notoriedade na Bahia. Além dessa estratégia do marketing, o ex-secretário de Educação da Bahia apostou no apoio de influenciadores digitais baianos e apostou em um jingle marcante para conseguir mais apoiadores.

Mesmo não tendo uma campanha tão expansiva quanto a de ACM Neto, Jerônimo soube usar as ferramentas que tinha ao seu favor para angariar o máximo de votos possíveis, até mesmo aqueles cujos donos apostavam apenas na esperança que o PT poderia trazer, e não na individualidade do então candidato.

Derrocada de ACM Neto no 1º turno

ACM Neto
Divulgação

Como supracitado, a vitória de ACM Neto parecia certa até certo ponto para o núcleo carlista. Contudo, as coisas acabaram tomando um rumo diferente ainda durante o primeiro turno, principalmente quando o fato de ele se autodeclarar como pardo para a Justiça eleitoral – o que ele já faz desde 2016, quando se reelegeu prefeito de Salvador – virou polêmica e passou a servir de munição para ataques de seus adversários políticos. Com isso, Neto foi ficando para trás na corrida para o Palácio de Ondina.

O impacto foi logo percebido nas pesquisas, que passaram a mostrar uma estagnação do ex-prefeito e uma lenta, porém constante, crescida de Jerônimo Rodrigues. Resultado? Neto e Jerônimo foram ao segundo turno. O petista teve 49,32%, contra 40,89% do carlista,

A continuação da disputa foi uma vitória para o grupo petista, que em determinado momento da campanha até chegou a ficar sem esperança por não ter um candidato forte no pleito.

Vitória de Jerônimo Rodrigues no 2º turno

Jerônimo
Divulgação/Adriel Francisco

Depois de uma jornada marcada pela saída do “anonimato” e ascensão nas pesquisas eleitorais, Jerônimo Rodrigues venceu ACM Neto nas urnas e foi eleito governador da Bahia no dia 30 de outubro.

Com 96,31% das urnas apuradas, de acordo com o TSE, o petista apareceu com 52,54% dos votos válidos, contra 47,46% do ex-prefeito da capital baiana. Com ele, também foi eleito o vice, Geraldo Júnior (MDB). Com esta vitória, o PT manteve a hegemonia de 16 anos de governos. Pelo partido, também se elegeram Jaques Wagner e Rui Costa.

Atos golpistas após derrota de Bolsonaro

bolsonaristas
Divulgação

A derrota de Jair Bolsonaro para Lula nas urnas no segundo turno deu início a uma série de manifestações realizadas por apoiadores do atual presidente, os quais ainda questionam a legitimidade do processo eleitoral e chegaram a pedir intervenção militar.

Os bolsonarista também bloquearam rodovias e chegaram a tentar invadir a sede da Polícia Federal (PF) em Brasília. Um grupo de manifestantes danificou vários carros que estavam estacionados no entorno do edifício da corporação. Alguns deles chegaram a ser incendiados. Policiais reagiram com tiros de balas de borracha e bombas de efeito de moral para tentar dispersar o grupo.

Silêncio de Bolsonaro

Bolsonaro
TV Brasil

O silêncio de Bolsonaro após não conseguir se reeleger se tornou um dos assuntos mais comentados dentro do meio político, e fora dele também. A reclusão do mandatário do Brasil, inclusive, preocupou aliados dele.

Após o segundo turno, Bolsonaro não fez o tradicional pronunciamento reconhecendo a derrota. Ele também não fez outro protocolo tradicional, de ligar para o vencedor. Até mesmo das redes sociais ele desapareceu.

Através de uma nota, a Federação Nacional dos Policiais Rodoviários Federais (FenaPRF) e sindicatos dos policiais rodoviários federais criticaram o presidente pelo silêncio. De acordo com as instituições, a intensidade das manifestações que ocorrem por todo o país pode ser atribuída à falta de pronunciamento.

Armada, Carla Zambelli persegue homem negro

Carla Zambelli
Reprodução / Vídeo

Com uma arma em punho, a deputada federal Carla Zambelli (PL), que é apoiadora de Bolsonaro, perseguiu um homem negro no bairro Jardins, área nobre de São Paulo, na Alameda Lorena. A cena foi registrada no dia 29 de outubro, viralizou nas redes sociais e virou notícia em todos jornais do país.

Veja:

Roberto Jefferson atira contra policiais federais

Roberto Gefferson
Divulgação/Seap-RJ

Ainda em outubro, quem também virou notícia nacional foi o ex-deputado Roberto Jefferson (PTB), o qual atacou policiais federais com disparos de fuzil e granadas no momento em que os agentes tentavam cumprir um mandado de prisão contra ele.

A ordem de prisão contra Roberto Jefferson veio do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), após receber informações de que o bolsonarista aumentaria o tom de seus ataques às instituições e detinha um arsenal de armas irregular dentro de casa.

Roberto Jefferson, que é aliado explicito do presidente Jair Bolsonaro desde o pleito de 2018, podia até ser um desconhecido para o público geral, mas o nome dele já estava envolto em polêmicas há alguns anos.

Bolsonaro é acusado de pedofilia

Bolsonaro
Alan Santos / PR   

Também em outubro, o presidente Jair Bolsonaro disse, durante participação em um podcast, que “pintou um clima” entre ele e uma menina venezuelana de 14 anos. Depois dessa fala, ele passou a ser acusado de pedofilia.

“Eu estava em Brasília, na comunidade de São Sebastião. Parei a moto numa esquina, tirei o capacete e vi umas menininhas, três, quatro, bonitas, de 14, 15 anos, arrumadinhas no sábado”, falou. “Vi que elas eram meio parecidas. Pintou um clima, eu voltei. ‘Posso entrar na sua casa?’ Eu entrei. Tinha umas 15, 20 meninas, sábado de manhã, se arrumando. Todas venezuelanas. Eu pergunto: meninas bonitinhas se arrumando no sábado pra quê?”, completou.

A emblemática fala do presidente levantou uma série de acusações de pedofilia contra Bolsonaro e o fez ganhar os trendings topics do Twitter com as hastags #BolsonaroPervertido e #BolsonaroPedófilo. Pelo menos R$ 145 mil foram gastos pela campanha do presidente para promover anúncios com os dizeres “Bolsonaro NÃO é pedófilo”.

Definitivamente, 2022 não foi um ano para amadores.

Classificação Indicativa: Livre

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