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Com casamentos adiados, profissionais liberais se reinventam durante a pandemia

Arquivo pessoal
Trabalhadores contam o que tem feito em meio à pandemia da Covid-19   |   Bnews - Divulgação Arquivo pessoal

Publicado em 27/05/2020, às 05h30   Samuel Barbosa


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Quando a micro empreendedora Marcelle Canedo, de 33 anos, viu dezenas de casamentos sendo adiados por conta da pandemia, o desespero tomou conta, faltou chão, chegou inclusive a ficar doente. E não é para menos, ela trabalha com eventos há oito anos e está acostumada a fornecer as mais variadas delícias para seus clientes, entre bolos, doces, salgados e tortas. 

Segundo Marcelle, com a chegada da pandemia cerca de 30 festas que já estavam programadas foram canceladas ou adiadas, um prejuízo imenso para quem tira seu sustendo com a realização de eventos sociais. Foi preciso se reinventar.

“Eu criei kits pra festas menores para que as pessoas pudessem comemorar em suas casas e também os kits pra convidados, assim todo mundo comemora por videochamada. E essa ideia tem rendido bastante cliente”, disse. 

Mas ela não parou por aí. Há poucas semanas Marcelle começou um nova empreitada - o Eita Burguer - e está vendendo barcas com hamburgueres, doces e salgados. O cliente pede pelo Instagram ou whatsapp e recebe no conforto de sua casa.

“No início da pandemia eu olhava com ódio e arrependimento, [me perguntava] porque que eu fui escolher essa profissão, mas hoje em dia eu vejo o quanto a pandemia me trouxe novos clientes, novas oportunidades, novos jeitos. As vezes a gente vai sempre pelo mesmo caminho e acha que não tem outras oportunidades, mas sempre há um jeito de se reinventar e hoje eu vejo meu ramo com muitas possibilidades”.

Quando questionada sobre o que vai fazer para atrair clientes após a pandemia, ela responde com cautela. “Como eu já tenho muitos clientes fixos, clientes que já fazem sempre as festas comigo, eu vou usar primeiro os conhecimentos com eles pra me indicarem trabalhos. Segundo, promoções, descontos, kits, a gente vai pensar na melhor forma, ainda tenho receio de dizer o que vou fazer porque ainda não sei quando eu vou fazer, e como vai estar a situação, eu não posso garantir que eu vá trabalhar de um jeito e quando chegar mais na frente tudo muda”.

Som e iluminação

Samuel Bertasse é DJ e tem se virado como pode. Mais conhecido no roma de eventos como DJ Bertazzo, ele trabalha com sonorização, iluminação e estrutura para festas. Em conversa com o BNews, Bertazzo disse que começou trabalhando para um primo que já atuava na área. Aos poucos foi comprando seus equipamentos e abriu sua própria empresa que está prestes a completar quatro anos. 

Com a chegada da pandemia, Bertazzo também teve alguns eventos adiados e viu seu faturamento cair de forma bruta. Para se manter nesse período, ele tem utilizado um valor que estava investido para arcar com as despesas pessoais.

“Para me manter nesses 71 dias de isolamento utilizei uma reserva financeira que tinha, sendo que esta utilizo somente para coisas essenciais. Muitas outras contas deixei de pagar por que se fizer o pagamento não terei como pagar as essenciais”. 

Bertazzo conta ainda que tem levado à risca as recomendações das organizações de saúde, e só sai de casa para ir ao supermercado. No mais, ele busca inspiração para seus trabalhos através de filmes, series, programas de tv, e claro, músicas.

“Após a liberação para eventos devo lançar uma promoção para tentar atrair as pessoas, assim como dar prazos para viabilizar o pagamento pro cliente”, conta.

Fotografia

Assim como a micro empreendedora Marcelle Canedo, quem também precisou se reinventar foi Paulo César. Fotógrafo há 10 anos, ele teve uma infinidade de contratos adiados por conta da Covid-19. “Quando eu percebi logo esse negócio da pandemia eu me antecipei, chamei meus clientes, conversei, expliquei a situação, o que poderia acontecer no período e nesse momento foi bastante bacana pra mim porque eu expus a situação, eles entenderam, não desmarcaram, eu deixei as datas em aberto pra quando isso passasse, independente do dia ou do mês, e eles concordaram e continuaram pagando. Teve um que ligou perguntando se tinha algum problema em antecipar as parcelas e eu achei isso bacana da parte dele, a gente cria um relacionamento com o cliente e isso fica bem bacana”. 

PC, como gosta de ser chamado, além de fotografar em seu estúdio, começou a fazer também gravação de videoaula e transmissão de lives. “Busquei algumas pessoas que tinham interesse em fazer, não foi fácil encontrar, montar um piloto, passar essa ideia pra faculdade, para os professores, mas de uma certa forma é o que está dando para pagar o recibo de água e luz. Eu estou me virando, mas não tá fácil. Na verdade, é um cenário novo para todo mundo, então nós temos que nos reinventar dentro do nosso próprio trabalho”.

Sobre a realização dos eventos após a pandemia, PC é otimista. Ele acredita que as pessoas vão seguir as orientações das autoridades, evitando inclusive aglomerações. “As pessoas estão ansiosas para fazer festa”. 

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