Salvador

A Vinci foi enganada, diz presidente da Unidunas sobre ampliação do aeroporto

Publicado em 05/09/2017, às 09h24   Adelia Felix


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Uma campanha contra a possível construção de uma pista de decolagem para aviões de carga e descarga a alguns metros do limite do Parque das Dunas, no Aeroporto de Salvador, ganhou força nesta semana.
“Auxiliem na divulgação da nossa importante campanha para salvar o único remanescente de dunas, restingas e lagoas da cidade de Salvador. Um ecossistema em extinção”, diz trecho do texto divulgado em redes sociais. O apresentador e embaixador do Parque das Dunas, Jackson Costa, chegou a gravar um vídeo de apoio ao projeto "O Parque das Dunas é nosso". 
Procurado pelo BNews, Jorge Santana, presidente da Universidade Livre das Dunas (Unidunas), organização não governamental responsável pelo Parque das Dunas, confirmou a ação, mas ressaltou que não acredita que a construção da pista faça parte dos projetos do consórcio francês Vinci Airports, representado pela corretora BTG Pactual, que arrematou o aeroporto por R$ 660 milhões, em maio deste ano. 
“Eu não acredito que eles façam essa construção. Até porque, primeiramente, eles devem arrumar a casa. Mas essa ameaça existe. Como o governo federal faz um leilão e dá como alternativa uma área de proteção, cheia de lagoas? Infelizmente, o governo federal vendeu o aeroporto aterrando lagoas. Nós estamos alertando o grupo francês, essa área é um patrimônio. Esse fato foi premeditado. O governo federal vendeu a área para que fosse destruída. Serão 12 lagoas aterradas”, argumenta Jorge, que também pede um firme posicionamento do Estado e Município.
Ainda em entrevista, Santana lembra que o órgão Ambiental do Governo do Estado, Gestor da APA Lagoas e Dunas do Abaeté, e encarregado pelo Licenciamento Ambiental na Bahia, o Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema), através de Relatório/Parecer dos seus Técnicos, já se posicionou, e negou qualquer possibilidade de implantação do Aeroporto sobre a Área de Proteção Ambiental (APA).
“A Vinci foi enganada, comprou algo que não vai poder fazer. O Parque das Dunas, que seria totalmente destruído para a implantação da terceira pista do aeroporto, recebeu no ano de 2014, um título inédito para Salvador, de Posto Avançado da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, concedido pela UNESCO”, diz.
Santana detalha também que estudos assinalam que Salvador, na condição de terceira maior cidade do Brasil em população, já comporta um segundo aeroporto, e pela sua localização geográfica, distante dos modais de transportes, não seria o local indicado, pois não teria possibilidade de futuras ampliações. 
Os estudos, de acordo com o presidente da Unidunas, apontam Feira de Santana e também São Sebastião do Passé, como locais ideias para a implantação de um novo aeroporto, por agregar os transportes rodoviário, ferroviário e marítimo. Além disso, são cidades localizadas em um dos maiores eixos rodoviários do Brasil, contemplando a BR-101, BR-116, BR-324 e BR-242.
Questionada pela reportagem, a Vinci Airports informou que não possui planos imediatos para começar a trabalhar na área das Dunas. "A construção de uma nova pista não faz parte das obras obrigatórias a serem realizadas no início da concessão (ou seja, nos primeiros quatro anos) e, de acordo com as previsões da companhia, não deve ser realizada antes dos próximos 10 anos”, diz trecho da nota enviada ao site.
Ainda segundo a empresa, “assim como foi realizado nos demais aeroportos do mundo, a VINCI estudou cuidadosamente o contrato de concessão do aeroporto de Salvador e cumprirá todas as suas obrigações somente após o recebimento e conferência das autorizações necessárias, incluindo licenças ambientais”.
Leia a nota na íntegra:
"A VINCI Airports não têm planos imediatos para começar a trabalhar na área das Dunas.
A construção de uma nova pista não faz parte das obras obrigatórias a serem realizadas no início da concessão (ou seja, nos primeiros quatro anos) e, de acordo com as previsões da companhia, não deve ser  realizada antes dos próximos 10 anos.
Assim como foi realizado nos demais aeroportos do mundo, a VINCI estudou cuidadosamente o contrato de concessão do aeroporto de Salvador e cumprirá todas as suas obrigações somente após o recebimento e conferência das autorizações necessárias, incluindo licenças ambientais.
É do interesse de todas as partes desenvolver o tráfego do aeroporto de Salvador, portanto, caso haja a necessidade de uma nova pista, todas as licenças ambientais necessárias serão avaliadas. O contrato de concessão prevê ainda que, no caso de impedimento de alguma licença, a concessionária invista para otimizar a capacidade do aeroporto através de soluções alternativas".
Saiba mais
O Parque das Dunas é uma reserva de cerca de 6 milhões de metros quadrados, uma Área de Proteção Ambiental das Lagoas e Dunas do Abaeté. O local é de fundamental importância para o equilíbrio ambiental e manutenção da qualidade de vida de Salvador, contendo uma rica fauna e flora e funciona como barreira térmica, absorvendo o sal e limpando o ar que segue em direção ao centro da cidade. Além disso, é o último manancial urbano do ecossistema de dunas, lagoas e restingas em perímetro urbano no país.
Publicada no dia 4 de agosto de 2017, às 15h

Classificação Indicativa: Livre

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