Salvador

Funcionário revela amizade entre segurança do Atakarejo e tráfico: 'Foto tomando cerveja'

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Polícia aponta que equipe do supermercado entregou homens suspeitos de furtar carne ao "tribunal do tráfico"  |   Bnews - Divulgação Divulgação

Publicado em 10/05/2021, às 14h41   Léo Sousa


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O chefe da segurança do supermercado Atakarejo do bairro de Amaralina, em Salvador, mantinha uma relação de amizade com traficantes do complexo de favelas vizinho, segundo revelou um funcionário da unidade, nesta segunda-feira (10).

A equipe de segurança do Atakarejo de Amaralina é acusada de espancar e entregar para o "tribunal do tráfico" dois homens suspeitos de furtar carne no supermercado.

Bruno Barros da Silva, de 29 anos, e o sobrinho, Yan Barros da Silva, de 19, foram encontrados no porta-malas de um carro na localidade da Polêmica, em Brotas, com marcas de espancamento e tiros, no último dia 26 de abril.


Bruno e Yan em imagem divulgada nas redes antes de serem assassinados 

Em entrevista à Record TV Itapoan, o funcionário, que afirma ter presenciado o fato, confirmou que os homens foram espancados pelos seguranças e, posteriormente, entregues a traficantes do Nordeste de Amaralina.

De acordo com o trabalhador, que não quis se identificar com medo de represálias, o gerente da unidade participou da sessão de espancamento e abriu a "porta" para entregar Bruno e Yan aos criminosos, que aguardavam do lado de fora do supermercado.

Antes, entretanto, os agressores ligaram para familiares dos homens e cobraram 700 reais - o suposto valor das carnes que eles teriam tentado furtar - para que tio e sobrinho fossem liberados.

Também à Record, a mãe de Yan contou que a família conseguiu reunir 550 reais às pressas, mas não foi suficiente para evitar que a equipe do surpermercado os entregasse aos traficantes.

De acordo com o funcionário, não é a primeira vez que isso acontece no Atakarejo de Amaralina. A prática de espancamento de quem é pego fazendo pequenos furtos no supermercado, segundo ele, é comum.

O colaborador contou ainda que presenciou ao menos dois outros casos em que o suspeito foi entregue pelos seguranças ao "tribunal do tráfico". De acordo com ele, o chefe da equipe e os traficantes mantêm relação e têm até "foto tomando cerveja juntos".

Um dos casos mencionados pelo funcionário já foi mapeado pela polícia. De acordo com a delegada responsável pelo inquérito sobre o duplo-homicídio, Zaira Pimentel, em outubro do ano passado, uma adolescente foi entregue ao tráfico após suposto furto de um chocolate no Atakarejo de Amaralina. 

"Essa investigação está em curso, e o que a gente conseguiu apurar é de que muitos dos seguranças que teriam participado dessa ação mais recente também participaram do crime do ano passado”, afirmou a delegada em entrevista coletiva, nesta segunda.

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